Venezuelanos contam com ajuda da ADRA para recomeçar a vida no Brasil
Com o projeto SWAN, a agência ampara e promove novas oportunidades a quem precisou fugir da crise em seu país.
Ruas e praças de várias cidades são tomadas por famílias que se alojam da forma como podem; os serviços públicos de saúde, segurança e educação entram em colapso; não há estrutura para atender à demanda da superpopulação. O Estado de Roraima é o mais afetado pelo fluxo migratório da Venezuela, que há anos vem sofrendo com a crise política e econômica. A estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que mais de quatro milhões de venezuelanos já tenham deixado o país em busca de melhores condições de vida.
Tendo o compromisso de acolher migrantes e refugiados, o governo e o Exército Brasileiro criaram abrigos para tirá-los da situação de rua. São nove deles em Roraima, mantidos por organizações humanitárias. Além disso, a Casa Civil desenhou uma estratégia de interiorização para dissolver o conglomerado que se formou na região, especialmente na capital, Boa Vista, e em cidades próximas à fronteira com o país vizinho, como Pacaraima. A Operação Acolhida, que conta com a parceria de entidades não-governamentais, já locomoveu mais de 15 mil pessoas para várias cidades do território nacional, provendo também subsídios para que elas possam recomeçar a vida no novo local.
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Projeto SWAN
Contribuindo com a iniciativa do governo, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), em parceria com a agência norte-americana para assuntos humanitários internacionais, a USAID, implementou em junho deste ano o projeto SWAN (sigla em inglês para “alojamento, água, saneamento, higiene e assistência não-alimentar para imigrantes venezuelanos no Brasil”).
Mais de 15 famílias já foram interiorizadas com a assistência do SWAN. Em voos providos pela Força Aérea Brasileira e empresas de aviação que apoiam o projeto, os destinos dos migrantes são capitais estaduais como Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Lá, eles dispõem de uma casa, que a ADRA mantém pelos três primeiros meses de estadia, e recebem assistência financeira para comprar itens de higiene e alimentação. A agência também busca oportunidades de trabalho para que a família possa se estabilizar.
Segundo o diretor da ADRA no Brasil, Fabio Salles, a ideia do projeto é trazer dignidade para essas pessoas que perderam a sua referência e estão recomeçando do zero num novo país. "Queremos que eles sintam o amor divino ao serem acolhidos aqui, como todo ser humano e filho de Deus merece", pontua.
Semelhante a Roraima, a cidade de Manaus também recebeu um fluxo intenso de venezuelanos. A capital amazonense tem a segunda maior concentração destes no Brasil. Ali, a agência humanitária adventista está trabalhando em uma interiorização específica. Ao invés de enviá-las a outros Estados, está realocando as pessoas em regiões da própria cidade. Os subsídios que estas recebem são os mesmos obtidos pelas que partem de Roraima.
Colaboração de voluntários
Financiado pela USAID, o SWAN também conta com outros parceiros no Brasil. Membros voluntários da Igreja Adventista, por exemplo, atuam como anfitriões e mentores dos interiorizados. Eles recebem e acompanham as famílias, ajudando com questões do dia a dia, como o idioma e a cultura brasileira, e na utilização dos serviços públicos. Além do trabalho de realocação, o projeto também auxilia aos migrantes que permanecem nos abrigos, distribuindo kits de asseio, cozinha, cama, mesa e banho, e promovendo ações educativas sobre saúde e higiene.
O projeto SWAN tem a duração prevista até junho de 2020. Estima-se que, ao longo de todo ele, 14 mil pessoas sejam beneficiadas, e 2.400 interiorizadas. Qualquer pessoa pode ajudar sendo um anfitrião ou mentor voluntário, ou doando móveis, roupas, brinquedos, alimentos e kits de higiene. Para isso, basta contatar as equipes regionais da ADRA, que podem ser localizadas por meio do site adra.org.br.
Plataforma R4V
Com o intuito de disponibilizar ao público relatórios com números e informações sobre o fluxo de venezuelanos no Brasil, bem como da Operação Acolhida, a ONU lançou a página R4V. Nela também é possível acompanhar o trabalho de resposta humanitária da ADRA e outras organizações da sociedade civil.