Jovens visitam idosos e diminuem a solidão do isolamento social
Rômulo Luz foi surpreendido por grupo no mesmo dia em que fez um pedido a Deus.
Rômulo Alves Luz tem 60 anos e mora na cidade de Barra do Garças (a 520 quilômetros de Cuiabá), no interior de Mato Grosso. Desde o começo da pandemia do novo coronavírus, ele está em casa cumprindo o isolamento social, medida necessária para diminuir os índices de contágio. No sábado, 13 de junho, estava mais reflexivo. Ronilda, sua filha, conta que se preocupou, pois ele não quis nem ao menos se alimentar.
No fim da tarde, ele foi surpreendido por um grupo de jovens adventistas que, tomando todos os cuidados necessários, se organizou para cantar e orar com pessoas idosas da região. “Algumas horas antes, uma das nossas jovens recebeu uma mensagem de uma amiga falando de um senhor que gostaria de receber visita. Pegamos o contato, ligamos e marcamos para ir”, conta Elias Gonçalves, líder do Ministério Jovem na cidade.
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Enquanto os jovens cantavam e liam a Bíblia, Rômulo chorava muito. Ele revelou que não quis se alimentar pois decidiu jejuar e orar, e pediu a Deus para que alguém da igreja a qual ele e seus filhos já haviam pertencido fosse visitá-lo naquele dia. “Depois que fomos embora, o pastor João Gusmão continuou conversando com ele, que demonstrou o desejo de ser batizado novamente. Ficamos muito gratos de ver como Deus dirige tudo e nos levou a visitar o Rômulo no sábado”, declara Gonçalves.
Suporte emocional
Além de Rômulo, o grupo visitou outras sete famílias e pretende continuar com a ação. “Nós usamos máscara, não entramos nas casas, fazemos visitas breves e procuramos ficar distantes, principalmente dos idosos”, explica Gonçalves.
De acordo com a psicóloga Emilly Dayane Campos Costa, iniciativas assim podem minimizar os impactos que o isolamento social causa, especialmente em idosos. “Ainda que o sentimento de solidão seja comum nesta fase da vida, a atual conjuntura social, que impõe medidas de isolamento, intensifica o afastamento da família e dos amigos e limita a realização de atividades rotineiras, contribuindo significativamente para um desequilíbrio emocional", pontua. "Ações como a desses jovens podem estimular a produção de pensamentos positivos, atenuar a carência afetiva, aumentar a autoestima e resgatar o senso de valor e pertencimento, tão essenciais para a qualidade de vida e bem estar dos idosos.”
Existem outras formas de oferecer ajuda e suporte emocional para os idosos durante a pandemia. “Palavras de carinho e respeito, conversas de qualidade, atos de serviço, são maneiras de comunicar afeto e cuidado aos idosos, além de fazer com que se sintam compreendidos e valorizados, sem necessariamente ter contato físico. Portanto, não há contraindicação. Use e abuse das ligações, faça as compras, envie uma carta ou escreva até mesmo um bilhetinho, desde que o faça com o merecido cuidado e higienização”, sugere a psicóloga.
“Fique atento: se um idoso relatar dificuldade constante de comer e dormir, dor física e problemas de memória, procure ou recomende a ajuda de um profissional. Lembre-se: ao cuidar do outro estamos cuidando de todos nós”, reforça Emilly.
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