Notícias Adventistas

Projetos Sociais

“Meu sonho era aprender a ler a Bíblia”, afirma dona de casa alfabetizada aos 64 anos

Dia Nacional da Alfabetização, vivenciado em 14 de novembro, alerta para os desafios que o Brasil ainda enfrenta quando o assunto é ensino e aprendizagem.


  • Compartilhar:

Nilda aprendeu a ler e escrever num curso de alfabetização para adultos organizado por adventistas no Rio de Janeiro

Ir ao supermercado não era uma das atividades mais fáceis para a dona de casa Nilda Gomes. Ela precisava de ajuda para saber os preços e o que estava escrito nos rótulos. Isso quando não esquecia de comprar algum produto, pois, sem saber ler e escrever para poder levar uma lista, contava apenas com a memória.

Leia também

O jeito era procurar fazer as compras sempre acompanhada por algum dos filhos, para ajudá-la com a leitura. Mas há cinco anos esta realidade começou a mudar. Nilda passou a frequentar o Projeto Aprender, um curso de alfabetização para adultos organizado por adventistas, no bairro Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em parceria com a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA).

“Agora quando vou ao mercado já faço uma lista. Às vezes ‘engulo’ uma letrinha, mas está tudo bem, eu entendo”, comemora.

Mas não foi a ida ao supermercado que motivou Nilda a buscar um curso de alfabetização. “Procurei porque meu sonho era aprender a ler a Bíblia”, declara. Hoje a Bíblia é uma companheira inseparável dela, que tem o livro de Salmos como preferido. “Agora eu consigo ler, apesar de que algumas palavras eu não entendo, mas é assim mesmo, né? Tem palavras na Bíblia que às vezes as pessoas não conseguem entender”, explica.

Uma vida longe da escola

Nilda nasceu e morou até os 20 anos na zona rural de São Fidélis, no Rio de Janeiro. Quarta filha de um total de nove, não chegou a frequentar a escola na infância e adolescência porque não havia unidade de ensino na região. Foi para a capital em busca de emprego e começou a trabalhar como doméstica, tendo uma folga a cada quinze dias. “Todo dia eu tinha que servir o jantar, com isso, não sobrava tempo para ir ao colégio”, recorda.

Mais tarde, tentou frequentar a escola, mas não conseguia acompanhar o ritmo do ensino. Começar a ler e escrever algo além do que o próprio nome só foi possível quando conheceu o Projeto Aprender.

Nilda está entre as 121 mil pessoas que saíram da estatística de analfabetos no Brasil nos últimos anos. Mas ainda existem 11,3 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever no país. Sendo que, mais da metade, 6 milhões, tem 60 anos ou mais. A informação foi divulgada em junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).