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Voluntários mantêm curso de alfabetização para adultos no RJ

Dia Nacional da Alfabetização relembra desafio do Brasil que ainda tem 11,5 milhões de adolescentes e adultos que não sabem ler e escrever


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Sonho de Maria dos Prazeres de escrever o próprio nome é realizado com apoio de voluntários do Projeto Aprender

“Como é possível você não saber assinar o próprio nome?!”. Este questionamento acompanhou a dona de casa Maria dos Prazeres ao longo da vida. A pergunta não era feita por outras pessoas, mas ecoava dentro dela.

Com uma deficiência no pé direito, Maria utiliza uma cadeira de rodas para se locomover e precisa do apoio do marido para sair de casa. Apesar das dificuldades, Maria é aluna assídua do Projeto Aprender, um curso de alfabetização de adultos realizado pela Igreja Adventista do bairro Inhoaíba, na zona oeste do Rio de Janeiro, em parceria com a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA).

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“Como eu precisava da minha assinatura para uns documentos e eu não sabia escrever, vim aqui”, relata Maria, mostrando sua assinatura em várias páginas do caderno como se enfatizasse que, apesar de já saber escrever o nome, não quer parar de aprender.

A cada dia, Maria está mais perto de sair do grupo de 11,5 milhões de brasileiros analfabetos. O número é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada em maio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Projeto idealizado a partir das necessidades do bairro

O Projeto Aprender começou a ser desenvolvido em 2015. A ideia surgiu de uma observação feita pela técnica em enfermagem Márcia de Oliveira acerca da realidade do bairro. “Eu comecei a ver a necessidade de alguns moradores. No mercado, pedindo informação para ler alguns rótulos e ver preço de algumas mercadorias. Na rua, pedindo também para ler o número do ônibus e aí surgiu a ideia”, relembra.

Para o futuro, Márcia Oliveira deseja que o projeto seja ampliado para oferecer aulas preparatórias para concursos

Após mobilizar professores voluntários e verificar que a igreja disponibilizava de uma estrutura básica para começar o projeto, Márcia saiu pelas ruas colando panfletos nos postes e, com a propaganda, chegaram os primeiros alunos.

Em parceria com a ADRA, o projeto cresceu e hoje conta com três salas de aula, carteiras e disponibiliza material escolar para os alunos.

O curso funciona num prédio anexo à igreja e as aulas são realizadas na segunda, terça e quinta-feira, das 19h às 21h, em três turmas, de acordo com o nível de aprendizado em que cada estudante se encontra.

Na primeira turma, os alunos aprendem a reconhecer as letras, formar sílabas e palavras simples; na segunda, eles já conseguem compreender palavras mais complexas, como, por exemplo, as que contêm dígrafos. E na terceira turma, estão os alunos que já leem e escrevem frases e pequenos textos.

O desafio da evasão

Dos 26 alunos matriculados no curso, apenas 16 frequentam as aulas com regularidade

Conciliar trabalho e estudo é a principal dificuldade alegada por aproximadamente 40% das pessoas de 15 a 29 anos que não costumam frequentar a escola. A informação consta na PNAD.

Atualmente, o Projeto Aprender tem 26 alunos matriculados, mas apenas 16 frequentam as aulas com regularidade. Manter os alunos envolvidos é um desafio que os voluntários buscam superar diariamente. “São pessoas que trabalham, que têm história de vida e o nosso desafio é passar o conteúdo de maneira que eles aprendam, de uma forma bem simples e lúdica, e motivando-os para que cada dia busquem mais o conhecimento”, explica o professor Sidnei Maia, que atua como voluntário no projeto.

A dificuldade em conciliar o emprego com a presença em sala de aula também faz parte da rotina dos voluntários. “Às vezes, a gente vem de um dia de trabalho também, mas ver cada pessoa se desenvolvendo é uma realização plena, não tem dinheiro no mundo que pague isso”, garante o professor Maia.

Assista à reportagem sobre o projeto exibida na TV Novo Tempo: