Mães refugiadas recebem homenagem em Manaus
Voluntários e membros do projeto Care se uniram para promover dia diferenciado para 55 mulheres.
Como gratidão e para demonstrar carinho pela figura materna, o Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes (Care), com sede em Manaus, homenageou mulheres que deixaram seu país para trás e hoje vivem como refugiadas na capital amazonense.
Todos os dias, a rotina de centenas de mães venezuelanas é de desolação e tristeza. Muitas delas tiveram de deixar seus filhos e partir em busca de recursos em nações vizinhas. Karina é uma delas. Mãe de três filhos, hoje vive como refugiada. “Estou a três meses no Brasil e não sei quando poderei retornar para a Venezuela. Parece que vai demorar muito tempo porque a crise não acaba”, sublinha.
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Na tentativa de amenizar esse sentimento de angústia associado às condições de vida dessas mulheres, o Care promoveu um dia diferente. Durante a manhã do dia 9 de maio, 55 mães foram recebidas com mensagens de conforto e uma mesa de café da manhã. Depois do lanche, elas se dividiram em atividades que valorizaram a autoestima: participaram de bazar, sorteios e puderam relaxar. Os serviços mais procurados foram lavagem de cabelo, corte e escova. As mães estrangeiras também receberam massagens, limpeza de pele e spa das mãos e pés.
Rosimélia Figueiredo, coordenadora do projeto, conta que tudo foi preparado para promover o bem-estar das participantes. “Pensamos em fazer um dia diferente para elas terem momentos de beleza e um lanche significativo. Na verdade, queremos que sejam acolhidas aqui dentro para que se sintam bem-vindas no Brasil e saibam que há esperança. As lembrancinhas, alimentação, ornamentação, as palavras ditas aqui, todas elas tinham esse objetivo: mostrar Jesus para essas mulheres nesse dia, dizer que elas são importantes e desejar um feliz Dia das Mães!”, ressalta.
Ao longo do dia, os olhares se transformaram e mães ficaram emocionadas com as palavras e pequenas lembranças. A psicóloga do Care, Sara Zahn, explica que grande parte dessas mulheres se sente fragmentada, emocionalmente frágil e salienta o impacto positivo da ação sobre a autoestima e reconstrução da autoimagem. “Pensando psicologicamente, o que aconteceu hoje aqui foi muito rico. O reconhecimento e o retorno do autocuidado, do valor pessoal, é tão importante nesse momento da vida. Elas necessitam reaver força, motivação para conseguir se manter em um país que não tem a mesma cultura e não fala a mesma língua”, esclarece. Essas são palavras que reforçam o sentimento de Janely, mãe de cinco filhos que garante se sentir mais em casa após a ação. “Recebendo essa homenagem, eu me senti um pouco como parte da minha terra, porque na Venezuela também fazem homenagens assim. Me senti muito bem”, compartilha.
Mãos acolhedoras
De acordo com Rosimélia, 98% dos recursos utilizados para alimentação, ornamentação e lembranças distribuídas foram disponibilizados por meio de uma rede de amigos e voluntários.
Todos os colaboradores do projeto se envolveram e contaram com amigos que chamaram outros amigos, formando uma corrente de amor e solidariedade. Naira Henao, responsável pelo buffet e decoração, conta como se envolveu na iniciativa. “Eu conheço a Sara (psicóloga) há bastante tempo. Ela me pediu ajuda e eu disse sim. Fico muito feliz porque desde que eu comecei a frequentar a igreja, digo para Deus: "Eu não prego, eu não canto, mas tudo o que eu tenho eu vou colocar para te servir. O meu ministério é servir!”, assegura.