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Coluna | Maura Brandão

O ciclo do sétimo dia

O ciclo semanal, reconhecido na ciência, está totalmente ligado à ideia da observância do sábado, referência ao Deus que criou e mantém tudo.


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Típica paisagem de floresta é um exemplo da criação divina que tem como seu memorial o sétimo dia, o sábado, conforme a Bíblia. (Foto: Shutterstock)

São conhecidos, desde muito tempo, os efeitos dos ciclos temporais nos seres vivos, que podem estar associados desde breves eventos celulares até mudanças provocadas pelas estações do ano. O mais famoso deles, o ciclo circadiano, é condicionado pela transição entre luz e escuridão em um período de 24 horas, e que é percebido pelos nossos olhos. A luz, ou sua ausência, estimula o hipotálamo, uma glândula presente no nosso encéfalo, e que possui, além de outras funções, com a secreção de cortisol, melatonina e regulação da temperatura corporal.

O hormônio melatonina tem características muito interessantes. Ele é responsável por sinalizar ao nosso corpo que a noite chegou. Sua concentração aumenta conforme o dia vai escurecendo, e diminui durante a parte do dia com mais luz solar [1]. Além de apresentar sua influência na fisiologia humana, as oscilações luminosas em períodos de 24 horas permitem que os animais adequem seus comportamentos como alimentação e predação para se adaptarem melhor ao ambiente e assim sobreviverem.  

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Ciclo de 7 dias 

Além do ciclo circadiano, outro ciclo muito interessante é o circaceptano, ou ciclo de 7 dias. Muitas espécies são reconhecidas por apresentá-lo, desde algas unicelulares até plantas, insetos, peixes, aves e mamíferos. A alga Acetabularia mediterranea quando sujeita, em laboratório, a ciclos alternados de luz e pequenos momentos escuros, sincronizou melhor sua tolerância (sobrevivência) e seus processos metabólicos em ciclos de 7 dias.

O mesmo acontece com o fungo Folsomia candida [2] [3]. Nos humanos já foram identificados fenômenos associados ao metabolismo, como oscilações de pressão sanguínea durante a gravidez, batimentos cardíacos e ganho de peso em recém-nascidos, além de estar envolvido com níveis de atividade física, duração do sono durante a noite, temperatura corporal, características funcionais do sistema imunológico e oscilações positivas e negativas no humor [3][4]. Evidências também apontam para a sua relação com padrões identificados em atendimentos médicos de emergências e comportamentos de pesquisas na internet.[3]  

Necessidade de descanso semanal 

É interessante notar, ainda, que temos a necessidade de descanso tanto para o ciclo circadiano quanto para o circaceptano. Grande quantidade de evidências científicas aponta que quando não há descanso e qualidade de sono suficiente, a saúde e bem-estar dos seres humanos fica comprometida [3].

Há importantes recomendações dadas por Deus por meio de Sua palavra sobre isso, o que pode ser observado pelas leis dadas a Moisés. Ou por meio dos escritos de Ellen White, como as recomendações acerca dos oito remédios naturais, além daquelas evidenciadas pela ciência. São todas relevantes, especialmente na realidade em que vivemos com o aumento na proporção da população com doenças mentais. Um pesquisador francês chamado Laurence Dejardin, em sua tese de doutorado, publicada em 2012, explorou a relevância do descanso semanal, o shabbat dos judeus, na prevenção da síndrome de burnout [3] [5].

Em um outro artigo, publicado em 2017, em que ele é co-autor, é proposta a hipótese de que o ciclo circaceptano, ou ciclo de 7 dias, é um processo endógeno e um “imperativo biológico” para o descanso, rejuvenescimento e reparação celular. E não apenas de humanos, mas para outras formas de vida. Ainda no mesmo artigo, os autores afirmam que semanas com duração de 6 dias (mais 1 dia de descanso), comparadas com outras semanas já propostas de 3, 4, 5, 8, 9 ou 10 dias parecem ser as mais adequadas para os humanos. [3].

Para aqueles que adotam a cosmovisão criacionista bíblica, a associação com a semana da criação não fica muito difícil. É interessante observar Deus de forma organizada na semana da criação. A primeira coisa que Ele fez foi definir o ciclo de 24 horas, tonando a luz visível e separando a sua presença e ausência em porções iguais do dia. Foi dado o start no movimento de rotação da Terra, criando assim o primeiro ciclo, o diário: “Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gênesis 1:5 versão Almeida Revista e Atualizada). No quarto dia da criação, ao posicionar o Sol e a Lua e determinar suas funções, “o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite” (Gênesis 1:16 - Almeida Revista e Atualizada), Ele também determina outros ciclos, como os das estações do ano e o ciclo anual (Gênesis 1:14). No sétimo dia, finalmente, temos o ciclo semanal, em que Deus descansou, abençoou e santificou o dia de Sábado, já que a sua obra havia terminado (Gênesis 2:2–3).  

O Sábado da Criação 

A Igreja Adventista do Sétimo Dia celebra todos os anos, no quarto sábado do mês de outubro, o Sábado da Criação. Este evento busca reconhecer a Deus como nosso Criador e destacar a importância que essa verdade bíblica tem para nós e para a pregação do evangelho. É uma crença fundamental para a nossa missão.

O mais importante é que não é necessário ser adventista do sétimo dia para participar. Todos estão convidados e unir-se à celebração do Sábado da Criação. Acesse o site sabado.origens.org para ter acesso a materiais exclusivos sobre o tema e fique ligado nas redes sociais e na sua igreja local para participar dos eventos propostos. Separe um momento para compartilhar em suas redes sociais um verso especial, uma imagem ou uma citação que faça referência à Criação. Vamos juntos levar ao mundo a mensagem angélica: “Temei a Deus e dai-lhe Glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7) [6].

Veja o vídeo promocional do Sábado da Criação:

Assista à mensagem do presidente mundial da Igreja Adventista sobre o Sábado da Criação:


Referências

[1] Leena Tähkämö, Timo Partonen & Anu-Katriina Pesonen (2019) Systematic review of light exposure impact on human circadian rhythm, Chronobiology International, 36:2, 151-170, DOI: 10.1080/07420528.2018.1527773

[2] Everton Alves. http://www.criacionismo.com.br/2015/04/o-design-inteligente-e-o-ciclo-semanal.html.

[3] Alain E. Reinberg, Laurence Dejardin, Michael H. Smolensky & Yvan Touitou (2017) Seven-day human biological rhythms: An expedition in search of their origin, synchronization, functional advantage, adaptive value and clinical relevance, Chronobiology International, 34:2, 162-191, DOI: 10.1080/07420528.2016.1236807  

[4] Cornélissen, G., Watson, D., Mitsutake, G., Fišer, B., Siegelová, J., Dušek, J., Vohlídalová, Svaèinová, H., & Halberg, F. (2005). MAPPING OF CIRCASEPTAN AND CIRCADIAN CHANGES IN MOOD. Scripta medica, 78(2), 89–98.

[5]Dejardin L. (2012). Actualité médicale de la loi de Moïse à travers l’étude du Syndrome d’Epuisement [Thèse de Doctorat en Médecine (Etat)]. Université de Paris 13, 309 pp

[6] L. James Gibson. http://sabado.origens.org/as-tres-mensagens-angelicas/ 

Maura Brandão

Maura Brandão

Ciência e Religião

As principais descobertas da ciência analisadas sob o ponto de vista bíblico

É bióloga formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com ênfase em Patologia, trabalhando com poluição atmosférica e os efeitos na saúde. Atuou como coordenadora do Origins Museum of Nature, localizado no Arquipélago de Galápagos, onde realizou atividades de apoio à pesquisa, grupo de estudos com a comunidade local e atenção aos visitantes do museu. Também é membro da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), NULON-SCB. É co-criadora e co-produtora do Origens Podcast, podcast de divulgação de ciência, disponível nos principais agregadores de áudio. Atualmente é professora de Biologia na Educação Adventista no Norte de Santa Catarina.