Veganismo e vegetarianismo possuem conceitos diferentes
Nutricionista esclarece qual é a importância de uma alimentação saudável.
A revista Forbes publicou uma reportagem neste ano sobre o número de pessoas que diminuem ou abandonam o consumo de carne. Cerca de 70% de toda a população mundial está desenvolvendo o hábito. Embora não se restrinja a isso, essa é uma das características mais associadas ao vegetarianismo e ao veganismo. Estes dois conceitos, no entanto, vão muito além. Nesta entrevista, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com o nutricionista Ricardo Vargas, analista em Inteligência Emocional e colunista do Portal Adventista a respeito do assunto. Vargas explicou a diferença entre vegetarianismo e veganismo e fez outros esclarecimentos sobre alimentação saudável.
Quais são as diferenças entre vegetarianismo e veganismo?
Quando falamos de vegetarianismo, indicamos que a alimentação é composta somente por alimentos vegetais, por isso não entraria nenhum produto de origem animal no cardápio. Do vegetarianismo surgiram algumas derivações, como as dietas ovo-vegetarianas (compostas por alimentos vegetais e ovo), lacto-vegetarianas (compostas por alimentos vegetais e os derivados do leite), ovo-lacto-vegetarianas (compostas por alimentos vegetais, ovos e os derivados de leite) e pesco-vegetarianas (com peixe e todos os demais produtos vegetais).
Já o vegano não come nenhum produto de origem animal e também não usa nenhum produto que tenha sido testado em animais, como por exemplo vacinas, sabonetes, xampus, entre outros. Além disso, não utiliza produtos de origem animal como sapatos, cintos, bolsas e relógio com pulseira de couro.
E quais as vantagens em adotar dietas vegetarianas, tanto para o corpo quanto para a mente?
No atual momento que vivemos, com um fortemente pensamento consumista, em que o lucro fala mais alto, a qualidade dos produtos alimentícios piorou muito, principalmente os de origem animal.
A pressa para reaver o investimento fez com que a ciência da nutrição animal trabalhasse na direção de produzir mais e mais rápido. Para alcançar esses objetivos, a tecnologia ajudou, porém, o uso de pesticidas, antibióticos, hormônios, entre outros, aumentou muito.
Para se ter saúde física, as recomendações seguem na direção da redução ou exclusão dos alimentos de origem animal. Desta forma, fica claro que uma dieta vegetariana equilibrada contribuiria para a melhora da qualidade de vida.
Com relação à mente, é importante lembrar do ditado que diz: "Corpo são, mente sã; mente sã, corpo são". Tudo que colabora para a melhora da saúde física melhora também a saúde mental.
Existem prejuízos para o organismo ao abandonar uma dieta baseada em proteína animal?
O único prejuízo seria caso a mudança fosse feita de maneira drástica sem dar atenção a oferecer para o organismo nutrientes que antes eram oferecidos por uma dieta rica em produtos de origem animal.
Uma dieta restritiva pode conduzir para o desenvolvimento de carências, mas que são facilmente evitadas ou corrigidas pela orientação de um profissional que seja ou que entenda de vegetarianismo.
O veganismo segue uma linha mais restritiva, principalmente em relação ao consumo de alimentos derivados do leite. Há algum risco relacionado a uma dieta tão limitada?
O veganismo e o vegetarianismo, na essência da alimentação, são idênticos, porém é percebido que uma pessoa vegetariana, ao mudar seu padrão de alimentação, busca uma melhora na qualidade de vida. Já o vegano nem sempre está preocupado com seu bem-estar físico, pois muitas vezes deixa de comer os produtos e pensa somente nos animais. Muitos veganos ingerem grandes quantidades de farináceos brancos, refrigerante, fritura, álcool, entre outros produtos vegetais, mas nocivos à saúde.
É difícil, muitas vezes, comparar a qualidade de vida de um vegano e um vegetariano.
Qual é a forma indicada de se fazer a transição entre uma dieta baseada em proteína animal e aquela sem o seu consumo?
Toda mudança é gradativa, e nunca devemos radicalizar o processo. Sempre sugiro seguir este modelo: Primeiro inclui e depois exclui. Inclua tudo do reino vegetal que puder e, então, comece a excluir tudo do reino animal que quiser. Desta forma, a chance de aparecer uma carência nutricional é pequena.
Também é importante ter um profissional que possa lhe orientar. Isso não lhe exime de estudar sobre este assunto. Quanto mais informação tiver, menor o risco de aparecer algum problema.
Por que a Igreja Adventista sugere a dieta vegetariana?
A Igreja Adventista do Sétimo Dia segue a Bíblia e, desde a criação do homem, Deus deixou a orientação de qual seria a melhor alimentação para ter vida, e vida abundante.
Em Gênesis 1:29 foi dada a primeira orientação sobre dieta. Neste contexto, ainda sem a existência do pecado. Em Gênesis 3:18 foi feito um acréscimo de forma que o casal teria agora acesso às verduras que não faziam parte do plano original. O acesso às verduras foi permitido, pois antes não havia morte e, depois do pecado, sim. As verduras possuem papel importante na prevenção e tratamento de doenças.
A Igreja entende que esta é a melhor alimentação para que seus fiéis vejam se cumprir em suas vidas o desejo de Deus: ter vida e vida em abundância (João 10:10).
De que maneira isso influencia na esfera espiritual de cada indivíduo?
Todo indivíduo doente, seja fisicamente ou mentalmente, não pode servir a Deus em plenitude. Talvez você tenha se assustado com a frase anterior, mas devemos nos lembrar que a palavra plenitude faz referência a uma relação que não tenha nada se colocando entre você e Deus. Ou seja, qualquer coisa que interfira em servir a Deus em espírito e em verdade deve ser abolido, e se sua saúde tem comprometido essa relação é importante avaliar os vilões da sua saúde e abandona-los. Não faço referência somente a carne, e sim tudo que possa afetar sua saúde.