Voluntários atendem quase 2 mil pessoas em situação de rua durante pandemia
Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, equipe tem oferecido alimentação para afetados com o fechamento de comércios.
Eles atuam como voluntários há mais de dois anos na região Central do Rio de Janeiro. O projeto CASA Esperança, mantido pela Igreja Adventista, é dirigido por Naó Borges, que é administrador, e tem uma equipe de apoio que varia em número, mas abre todos os sábados para oferecer almoço, lanche e atendimento psicológico e espiritual aos moradores de rua.
Voluntários da equipe receberam reforços de profissionais de saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, além da administradora Gisele Moledo e da bióloga Denise Rocha. Juntos, eles atenderam 700 pessoas em situação em um único dia. Foram quase 2 mil atendimentos na semana passada.
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A ideia da campanha é servir uma sopa diariamente às 18h, e no sábado um almoço entre 14 e 15 horas. Todo o alimento está sendo preparado dentro dos padrões de higiene e limpeza. Os voluntários estão equipados com luvas e máscaras para fazer a ação.
O local onde a distribuição é realiza é o mesmo onde se prepara o alimento, o que torna mais fácil também o recebimento de doações. Tudo acontece na Rua do Camerindo, 26, no centro. A equipe inicia o preparo por volta das 10h da manhã. Em frente ao local é feita a higienização e marcação de círculos, deixando o espaço de um metro entre cada pessoa, na própria calçada. A norma estabelecida pelos voluntários é que os moradores permaneçam dentro dos círculos para receberem a senha e depois o alimento, de forma organizada e sem aglomerações.
Assistência necessária
Muitos moradores passam mais de um dia sem comer e esta ação tem sido um alívio para a maioria deles. Guaraci comentou que o alimento que ganhou estava fazendo diferença na sua vida. "Pra mim, esta refeição representa o amor de Deus sobre cada um de nós, nos abrangendo dia a dia. Muito obrigado!", ressaltou.
O fato de o movimento no comércio estar menor, tem feito com que bares, restaurantes e lanchonetes produzam menos alimentos, seja pela falta de clientes, empresas fechadas ou pelo regime de home office para a maioria dos funcionários. “É o efeito dominó tomando conta da cidade, do País, do mundo. Mas a gente prefere arregaçar as mangas para não deixar as pessoas morrerem de fome. Tem coisa mais triste que ver uma mãe com uma criança dizendo que não comem há dias? Precisamos fazer o que está ao nosso alcance!”, pontua João Custódio, diretor da Assistência Social Adventista na região central do Rio de Janeiro.
Para Carla Beatriz Nunes Maia, que atua como titular do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos na Defensoria Pública do Rio de Janeiro, ações como esta deveriam ser realizadas pelo Poder Público. “Esta ação neste momento é um oásis diante de tanto descaso, de tanta omissão. Porque a população de rua está faminta, nós sabemos disso", avalia.
Para ela, se não houver atendimento, esses moradores poderão chegar a níveis de descontrole emocional que leve à situação de violência urbana. "Este projeto e outros poucos que ainda restaram fazem a maior diferença e é um apelo que a gente faz aqui à Prefeitura, que assuma e realize as promessas que vêm fazendo na mídia”, finaliza.
Campanha para doação de alimentos e recursos
Com a finalidade de terem recursos para alimentar as pessoas diariamente, foi lançada a campanha de arrecadação de alimentos e valores não estipulados por depósito em conta. O local onde é feita a distribuição dos alimentos foi adaptado para o preparo e arrecadação dos mantimentos, que podem ser: arroz, feijão, macarrão, sal, óleo, fubá, alho, cebola e legumes. Os que quiserem fazer a doação em dinheiro deverão entrar em contato diretamente pelo telefone (21) 98269-5774.