ADRA serve 10 mil refeições e lava 5 toneladas de roupa de população de rua na Bahia
Atendimento alivia sofrimento de centenas de pessoas durante a pandemia do novo coronavírus.
Por mais que as autoridades médicas recomendem o distanciamento social como medida primária de prevenção contra a pandemia do novo coronavírus, é difícil dizer para ficar em casa quem mora na rua. Em Salvador, BA, são cerca de 6 mil pessoas vivendo nesta condição, segundo dados da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (SEMPRE) da Prefeitura Municipal da capital baiana.
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É exatamente essa a razão que torna tão importante o trabalho de acolhimento realizado pelo caminhão de resposta à emergência da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA): em 15 dias de atuação no bairro de Aquidaban, no centro da cidade, a agência humanitária adventista serviu cerca de 10 mil refeições para pessoas em situação de rua, além de lavar mais de 5 toneladas de roupa, por meio da lavanderia industrial, resultando em uma ação elogiada pelo governo do município e pela imprensa como essencial para acolher esta população e ampliar a higienização como medida de combate ao patógeno. No geral, foram quase mil pessoas beneficiadas.
Ana Paula Matos, secretária municipal da SEMPRE, destacou a importância da agência humanitária adventista nas políticas públicas de enfrentamento à pandemia. Ela destacou os indicadores do serviço realizado por meio da distribuição de alimentos e da lavagem de roupa industrial, ressaltando o cuidado de evitar aglomeração, em um trabalho conjunto com a guarda municipal. Mas ressaltou o que considera o mais importante: a capacidade de acolhimento comprovado pela entidade.
"Existem pessoas que vivem há mais de 30 anos nas ruas, e nem sempre é fácil para elas aceitar um serviço. Mas quando chega uma instituição como a ADRA, com esta capacidade de mobilização de voluntários e de acolhimento, tudo se torna mais fácil; a prefeitura tem seus técnicos e cumpre seu papel, mas a organização e humanidade do trabalho da ADRA amplia a capilaridade do atendimento", afirmou.
Um exemplo da aceitação do trabalho humanitário da agência foi protagonizado pelo desempregado José Marcelo Maciel. Com uma experiência profissional que inclui atividades de motorista rodoviário, lojista e servidor da câmara municipal de vereadores, Marcelo sofreu um desgaste com o fim do casamento e a perda do emprego. "Hoje passo necessidade até de comida. Vivo de favores, e à noite venho aqui para a rua esperar um carro com algum alimento. Foi nesta situação que a ADRA me encontrou", explicou.
Atendido pela entidade com roupas limpas e alimentos em dois momentos do dia - no almoço no meio do dia e o lanche no fim da tarde, como acontece com todos os beneficiados -, Marcelo encontra forças para preparar currículos e entregar assim que tiver uma oportunidade. Ele preparou um cartaz e colocou em uma das colunas do terminal rodoviário desativado, que acaba servindo de abrigo para muitas pessoas em situação de rua. "A ADRA mostrou sensibilidade e acolheu os rejeitados. Espero que seja um espelho para que igrejas e outras pessoas façam o mesmo", disse.
Atendendo a um apelo da Prefeitura, o caminhão de resposta à emergência da agência chegou em Salvador no dia 31 de março e vai passar mais alguns dias atendendo a população. "O trabalho continua, focado, preocupado com as medidas legais de proteção, organizado e consciente; nosso objetivo é ajudar estas pessoas que vivem em condição de pobreza extrema a ter um apoio de alimentação e de higiene nesse contexto de adversidade provocada pela pandemia", disse Luiz Fernando Ferreira, diretor regional da ADRA para Bahia.