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Adventistas dão apoio psicológico a moradores de prédio destruído

Além da ajuda com bens materiais, voluntários de universidade e Base Gênesis prestam apoio emocional às vítimas da tragédia no Largo do Paiçandu


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Por Lóren Vidal, Lucas Rocha e Murilo Pereira

Desabrigados do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após incêndio na última terça-feira (1º), recebem doações em frente a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paiçandu. (Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil)

Após três dias de muito trabalho, não se sabe ao certo o número de vítimas fatais de desabamento no Largo do Paiçandu, em São Paulo. Mas enquanto as equipes trabalham na montanha de entulho, que ainda apresenta focos de incêndio, a solidariedade oferecida às 150 famílias desalojadas veio de várias partes, incluindo de adventistas. Eles continuam acampados em uma praça vizinha, e com necessidades básicas como comida e água.

Ainda no início da terça-feira, 1 de maio, dia do incêndio, o Centro de Influência Base Gênesis, ligado à Igreja Adventista e responsável por ações em prol do desenvolvimento humano, foi acionado pela Prefeitura de São Paulo. A sua sede está localizada na Praça da Sé, no coração da cidade, nas proximidades da tragédia. O pastor Daniel Donadeli explica que rapidamente foi até o local onde se reúnem os desabrigados com um grupo de voluntários. O objetivo principal naquela noite era conseguir orientar e encaminhar o maior número de pessoas a abrigos oferecidos pela prefeitura.

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Triagem

Em outra parte da cidade, a orientação era para que as doações fossem encaminhadas até a sede da Cruz Vermelha, localizada na zona sul da capital. Em poucas horas, já havia o suficiente para suprir as 150 famílias, e o que faltava eram pessoas disponíveis para a triagem de cerca de cinco toneladas de doações, entre alimentos, roupas e brinquedos. Mesmo com o final do feriado e retorno à rotina normal de trabalho, muitas pessoas se apresentaram, entre elas adventistas que utilizavam o conhecimento e as habilidades desenvolvidas com o envolvimento na ASA (Ação Solidária Adventista), para finalizar todo o trabalho em dois dias.

Além de equipes da ASA, participaram ali, também, universitários do Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo), campus São Paulo, jovens do projeto Missão Calebe e voluntários do projeto organizado pelo Ministério Jovem 1 Ano em Missão, que trouxe jovens voluntários de outras cidades e até um participante do Chile, para desenvolver ações em São Paulo.

A Igreja Adventista da República, também localizada na região do Largo do Paiçandu, mantém a algum tempo uma relação com os moradores do prédio, agora desabrigados. Por dois anos, a igreja trabalhou no auxílio aos moradores, em sua maioria carentes, e agora, em um momento ainda mais difícil, forneceu refeições e lanches aos desabrigados.

Apoio psicológico

O que restou do edifício Wilton Paes de Almeida deixa bem evidente qual é o principal trabalho no local. Mas, além da ajuda para suprir as necessidades físicas e materiais, as vítimas também necessitam de apoio emocional.

“Existem duas doações que custam muito, que é empatia e tempo. Muitas vezes quem passa por aqui doando tem boa intenção, mas ele quer deixar sua doação e ir embora. As vezes essas pessoas precisam de atenção. Muitos de nós poderíamos estar aqui, os apoiando  nesse momento e dizendo que está aqui para passar com ele esse momento difícil da sua vida”, comenta o coordenador da Base Gênesis, Wally Santos.

Pensando nessa necessidade, o Unasp enviou ao local estudantes graduandos do curso de Psicologia. Acompanhados pela coordenadora do curso, Vivian Araújo, chegaram ao local onde estão os moradores do prédio quando já havia anoitecido. Enquanto a temperatura diminuía e ventava no centro da cidade, os voluntários envolvidos com o atendimento de saúde emocional entraram em contato com os sobreviventes. Permaneceram ali até às 2 horas da madrugada, com o compromisso de prestar acolhimento e atenção para auxiliar neste momento de luto por perdas materiais e pessoais.

Damares Borges estava entre os estudantes voluntários.  Ela revelou ter vivido uma experiência única e inesquecível de crescimento não apenas profissional, mas principalmente humano. Ao conversar e perceber a angústia das pessoas que não sabem como será a vida de agora em diante, descreve a importância de um cuidado assim num momento como esse. "É simplesmente olhar e falar: - eu te entendo, eu te respeito nas suas decisões. Eu sei que é difícil. Vai ser um recomeço, mas tudo bem. Eu posso segurar na sua mão, a gente tá aqui para isso. Esse era o melhor acolhimento possível que eu acredito poderíamos dar naquele momento. Foi uma experiência única de aprendizado e de humanidade mesmo", afirmou.

Últimas informações

Até o fechamento dessa matéria, apenas o corpo de uma das vítima fatal havia sido localizado. Era Ricardo Oliveira Galvão Bueno, de 39 anos. Moradores comentam que ele já havia deixado o prédio, mas voltou para ajudar pessoas de andares mais altos que estavam com dificuldades para sair.

A Igreja Adventista em São Paulo continua à disposição das famílias e do município para contribuir com doações, atenção e cuidado por meio das suas comunidades locais, sedes administrativas, o Instituto Base Gênesis e Unasp-SP.