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Projeto criado durante pandemia desperta desejo de jovem pelo batismo

Jéssica buscou suporte emocional e encontrou novas respostas sobre sua espiritualidade.


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Na região Sul do Brasil, o Ouvido amigo já realizou quase dois mil atendimentos. (Foto: ShutterStock)

Nos últimos tempos, a profissional de beleza Jéssica Evelyn, de 25 anos de idade, passava por episódios delicados de crises de pânico e ansiedade, sem contar a depressão, que aos poucos também se manifestava. Devido ao valor das consultas, ela não tinha condições de pagar por um atendimento psicológico, mas encontrou esperança após sua tia lhe indicar o projeto Ouvido Amigo.

“O valor para pagar (a consulta) era muito alto e eu nunca tinha achado uma profissional que me entendesse ou me fizesse sentir bem após uma sessão”, relata Jéssica.

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Ela foi encaminhada à psicóloga Rosely Duarte, e desde o primeiro contato se sentiu acolhida pela profissional, que a ajudou nas questões que a afligiam. Isso também fez com que ela ampliasse o entendimento sobre sua própria religiosidade, o que fez com que, após alguns encontros virtuais, a jovem decidisse tornar pública sua decisão de seguir a Cristo por meio do batismo.

“Meu primeiro atendimento foi tão inexplicável que eu até respirava mais leve. A cada atendimento eu estava melhor, pois estava conseguindo me controlar, e espiritualmente eu me sentia fortalecida. Foi quando pela primeira vez em toda minha vida de igreja, senti o chamado de Deus para o batismo”, declara.

A profissional de beleza nasceu e foi criada num lar adventista. Porém, nunca foi batizada e na adolescência acabou se afastando da Igreja. Enquanto passava por suas crises, sentia a necessidade de se aproximar de Deus.

“Foi quando eu fiz um propósito com Deus e comigo mesma de orar todas as madrugadas, e rejeitar todas as coisas do mundo. A minha decisão, eu creio, estava tudo planejado por Deus. Minha história de vida é muito forte e Ele soube que eu precisava passar pela dor para sentir a necessidade de entregar minha vida nas suas mãos”, relembra.

Em breve, a jovem iniciará os estudos bíblicos com um pastor na região em que mora, no interior paulista. Por conta do novo coronavírus, ela acredita que os encontros acontecerão por videochamadas.

Alívio à distância

O Ouvido Amigo é uma iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul, coordenado pelo Ministério da Mulher e criada durante a pandemia do novo coronavírus. O projeto reúne profissionais voluntários que oferecem ajuda psicológica gratuita às pessoas que se inscrevem. Apesar de ser um suporte emocional, durante a conversa as pessoas atendidas falam sobre vários aspectos de sua vida, como a religião, e chegam às suas próprias conclusões.

“A relevância do projeto é acentuada não só pela oportunidade que você oferece às pessoas que estão em crise ou que talvez não teriam condições de buscar uma ajuda psicológica, e sim, por causa do momento de aflições e inseguranças quanto ao presente e o futuro. Além disso, o Ouvido Amigo oferece aos profissionais a experiência do voluntariado", avalia Denise Lopes, que está à frente da iniciativa na região Sul do Brasil. "Esses profissionais não estão falando de religião nos atendimentos, porque estão focados na realidade da pessoa. Porém, as palavras deles podem ser ditas numa maneira mais adocicada, pois eles têm esperança.”

E justamente essa experiência de voluntariado foi proporcionada à Rosely Duarte, que atendeu a Jéssica. “Neste momento de pandemia, eu entendo que é muito necessário o acolhimento e uma escuta qualificada ao sofrimento humano. As pessoas estão em casa, muitas não têm condições financeiras, muitas estão com medo do vírus. Elas precisariam muito de algo para poderem expressar seus sentimentos. Isso me motivou a participar. Sou muito feliz e grata a esse projeto”, complementa a profissional, que é psicóloga clínica e terapeuta familiar.

Cada região possui seus métodos de atendimento de acordo com sua realidade. No Sul do Brasil foi criado o site ouvidoamigo.com.br para receber esses pedidos. Atualmente, nesta região o projeto conta com 45 voluntários, que já realizaram quase dois mil atendimentos.

“Eu me considero uma pessoa diferente de quando tudo isso começou. Encontrar uma ajuda profissional e gratuita nessa situação onde muitas pessoas estão adoecendo por doenças psicológicas, por não ter com quem desabafar, acho um milagre e uma benção as pessoas poderem ter acesso a esse suporte gratuitamente”, agradece Jéssica.

Entenda mais sobre o projeto: