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Oitenta horas num barco e duas voltas ao mundo

Oitenta horas num barco e duas voltas ao mundo

Clube amazonense percorreu seis mil quilômetros em sete dias para chegar ao Parque do Peão, no interior de São Paulo


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Clube Luzeiro da Fronteira viajou pelo Rio Amazonas para participar do Campori (Foto: Arquivo / Nahum Bruno)

O tempo que o Clube Luzeiro da Fronteira permaneceu a bordo de meios de transporte para chegar ao V Campori Sul-Americano seria suficiente para dar duas voltas ao mundo, pela Linha do Equador, num jato modelo Gulfstream G650. Foram 80 horas de barco e mais 14 horas de avião e ônibus.

Os 38 integrantes - 28 deles com idade inferior a 17 anos - saíram de Tabatinga, no Amazonas, em 1º de janeiro, e chegaram em Barretos, no interior de São Paulo, no dia 8.

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Em linha reta, a distância entre as duas cidades é de quase três mil quilômetros. Mas para reduzir as despesas com a viagem, foi preciso trilhar caminhos alternativos e, com isso, percorrer o dobro da distância, num total de oito dias, contando com as pausas para descanso.

Confira um diário de bordo com detalhes sobre cada dia da viagem:

1º dia – Terça-feira, 1º de janeiro

Nos dias anteriores, a ansiedade tomou conta de todos, mas, finalmente, a tão esperada viagem está perto de começar. Todos chegaram ao porto às 9h a fim de passar pelos procedimentos rotineiros de vistoria. Ao meio-dia, o barco, que tem capacidade para 380 passageiros, partiu de Tabatinga rumo a Manaus.

“Muitos pais choraram na despedida e acenaram para seus filhos enquanto o barco se distanciava, ao som da buzina. Foi como a gente vê nos filmes. Muito emocionante”, relembra Nahum Bruno, diretor associado do clube. “A todo tempo eu reforçava com eles que o sonho agora era realidade e que podemos conquistar muitas coisas com o nosso suor”, afirma.

2º dia – Quarta-feira, 2 de janeiro

As paisagens encontradas no percurso pelo Rio Amazonas despertaram a atenção das crianças. “Foi maravilhoso vê-los sentados na borda do barco, contemplando o horizonte e as belezas do entorno. A todo tempo reforçávamos que na viagem eles veriam muitas coisas bonitas, mas nada se compara com o que veremos no céu”, comenta Bruno.

Após o almoço, fizeram uma especialidade relacionada ao estudo de idiomas e aprenderam a recitar o voto do desbravador em espanhol. Desse modo, as crianças estão preparadas para fazer novos amigos no Campori, uma vez que o evento reúne participantes de oito países da América do Sul.

3º dia – Quinta-feira, 3 de janeiro

Durante todo o trajeto, desbravadores viajam com o lenço amarelo (Foto: Arquivo/ Nahum Bruno)

O dia foi dedicado a concluir a especialidade de idiomas. Pela primeira vez, viram o pôr do sol do quarto andar do barco.

4º dia – Sexta-feira, 4 de janeiro

Com autorização do comandante da embarcação, eles fizeram um culto às 5h da manhã e viram o sol nascer. Às 16h, desembarcaram em Manaus. “Quando eles avistaram os edifícios, ficaram ao lado do barco para ver, pois não é comum na cidade deles”, relembra Nahum. Na capital amazonense, o grupo ficou hospedado em uma Escola Adventista.

5º dia – Sábado, 5 de janeiro

Clube Luzeiros durante o culto no Rio Negro (Foto: Arquivo/ Nahum Bruno)

Pela manhã, o clube foi ao templo adventista do Bairro São José, onde foi homenageado. No fim da tarde, os desbravadores realizaram um culto de pôr do sol às margens do Rio Negro e, logo após, foram, pela primeira vez, a um shopping center e participaram de um rodízio de pizzas.

6º dia – Domingo, 6 de janeiro

Desbravadores também venderam mel e sandálias no aeroporto, no domingo (6), para ajudar com as despesas da viagem (Foto: Arquivo/ Nahum Bruno)

O dia foi dedicado a organizar as barracas do clube que haviam ficado em Manaus desde o último acampamento de jovens realizado na região. Às 23h, foram ao aeroporto para pegar o avião que os levaria para uma conexão em Fortaleza, Ceará.

7º dia – Segunda-feira, 7 de janeiro

O voo para Fortaleza saiu às 3h da madrugada. Na capital cearense, embarcaram em outro avião, ao meio-dia, que seguiu para Brasília. Na capital federal, foram recebidos pela igreja adventista de Ceilândia, onde jantaram rapidamente. Às 20h seguiram de ônibus para Barretos, São Paulo.

8ª dia – Terça-feira, 8 de janeiro

A longa viagem não diminuiu entusiamo dos desbravadores ao desembarcarem no Parque do Peão (Foto: Anne Seixas)

O ônibus chegou ao Parque do Peão, em Barretos, por volta das 9h. E após uma semana de viagem, nada de descanso. Dentre as primeiras atividades, precisaram levar toda a bagagem para o local do acampamento, armar as barracas e montar o portal.

Apesar de ter considerado a viagem cansativa, Mateus Gomes, de 11 anos, conseguiu renovar os ânimos ao ver de perto a dimensão do evento. “Acredito que vai ser muito divertido. Vou conhecer pessoas de outros países e aprender mais sobre a melhor aventura, que será no céu”, vibra.

Acompanhe a jornada do clube (Arte: Antonio Abreu)

Planejamento começou há dois anos

O clube foi fundado em 2013 e, até então, nunca havia participado de um Campori. A vinda à versão sul-americano vem sendo planejada desde o início de 2017, mas as questões financeiras pareciam ser um empecilho. Cada pessoa precisaria desembolsar R$ 4 mil para cobrir os custos com a viagem. Sem ter condições de arcar com as despesas, os participantes venderam mel pela cidade e arrecadaram, no total, R$ 160 mil.

Ainda assim, algumas atitudes foram adotadas com a finalidade de reduzir os custos. A viagem de barco foi uma opção mais econômica em relação à ida de avião. Outra medida encontrada para poupar foi comprar as passagens dos trechos aéreos sem franquia de bagagem. Com isso, cada participante pode trazer apenas uma mala de mão com até 10 kg.

“Serão três semanas e meia vestindo somente o uniforme. Eu não trouxe nenhuma outra roupa”, explica a desbravadora Marcela Caldas, de 14 anos, que está apenas com os uniformes do clube para vestir, assim como os demais colegas.

Três semanas longe de casa

Após o Campori, o clube ainda participará de outras atividades em São Paulo. Irão acampar, visitar o zoológico, passar o dia num parque aquático e seguem, na quinta-feira, dia 17, para Tabatinga. Desta vez, de avião. O voo terá conexões em Brasília, Fortaleza e Manaus e, por isso, chegarão em casa apenas no domingo, 20.