Notícias Adventistas

Datas Especiais

Aos 69 anos, Marlene é voluntária e ensina a arte de costurar bonecas de pano

No sul da Bahia, artesã encontrou no voluntariado uma forma de realização e de mudar a vida de outras pessoas.


  • Compartilhar:

Marlene, em imagem anterior à pandemia, com as bonecas que produz (Foto: reprodução)

Dona Marlene cresceu vendo sua avó costurar bonecas para os netos brincarem. Ela ficou adulta, mas essa memória ficou registrada no seu coração. Ao cuidar pela primeira vez de uma criança, resgatou a lembrança e decidiu fazer o mesmo: uma boneca de pano.

Hoje Marlene Barbosa tem 69 anos e há 40 é artesã. Suas primeiras obras foram acessórios para cabelos. Pouco tempo depois, ao ser incentivada por pessoas próximas, decidiu dedicar-se exclusivamente à confecção das bonecas. "Minha mãe me via fazendo as bonecas e me perguntava por que eu não fazia para vender. Minhas colegas também viam os brinquedos em minha casa e começaram a encomendar", conta.

Leia também:

Em 2014, surgiu a oportunidade para Marlene compartilhar seu amor pelo artesanato com outras pessoas. Bem ao lado de seu ateliê, Casa de Boneca, na cidade de Itabuna, sul da Bahia, foi aberto um núcleo da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), a Casa de Lió, que tinha o objetivo de capacitar pessoas da comunidade com cursos gratuitos de artes.

Marlene se prontificou e foi a primeira professora voluntária do projeto. Nas duas primeiras aulas, apenas uma aluna estava matriculada, mas não demorou muito para outros interessados aparecerem e, desde então, ela já ensinou mais de 100 pessoas a costurar bonecas.

Durante a pandemia, Marlene tem se dedicado ao seu ateliê "Casa de Boneca", mas continua atendendo as alunas do projeto Casa de Lió por telefone. (Foto: Reprodução)

Entrega total

Quando perguntada sobre o que significa ser uma voluntária, não faltaram palavras para descrever. "Primeiro, eu me sinto muito bem fazendo artesanato. Segundo, eu vejo as pessoas que aprendem comigo muito felizes. Já tive alunas que eram depressivas e nas duas primeiras aulas queriam desistir porque estavam tristes, se sentiam incapazes, mas eu insisti e consegui ensinar. Depois disso, uma delas me agradeceu porque disse que o médico até diminuiu a medicação dela", pontua Marlene.

"Um outra aluna me disse que na infância não teve brinquedos e fazer bonecas hoje é uma realização pra ela. Ainda tem alunas que já estão vendendo as bonecas e me sinto muito bem com isso. Todo ser humano deveria ser voluntário. Quando você está na sala de aula e não sabe ler nada, mas depois já sabe as letras, a professora se sente realizada, né? Mesma coisa no artesanato: no início o aluno não sabe cortar um tecido e depois já sabe fazer uma flor, uma boneca. É muito bom!", completa.

Marlene ao lado de alunas e professoras voluntárias em uma feira de artesanato antes da pandemia. (Foto: Reprodução)

Com o início da pandemia, as atividades da Casa de Lió foram suspensas, e nos últimos meses a estrutura física do local está passando por uma reforma. Neste período de mais de um ano, Marlene diz que sente falta da antiga rotina. "Sinto muita falta de estar em sala de aula com elas [alunas]. Nesse tempo, continuei fazendo artesanato pra me ocupar e aprendi coisas diferentes. Eu mantenho contato com as alunas em grupos de WhatsApp. A gente se fala sempre e, às vezes, elas me perguntam dicas. Eu ensino com o maior prazer! Eu quero passar tudo o que eu sei fazer pra elas", diz.

Marlene já está vacinada contra a Covid-19 e, considerando a faixa etária, acredita que a maioria das alunas também esteja. Ela está contando os dias para poder voltar à Casa de Lió. "Acho que vou voltar com muita coragem, se todo mundo já tiver vacinado. Eu vou voltar muito feliz pelo fato da pandemia ter ido embora e porque vamos nos encontrar", acredita.

Espaço interno da Casa de Lió antes da pandemia e durante a reforma. (Imagem: Reprodução)

Casa de Lió

O projeto fica localizado no bairro de Fátima, em Itabuna, e um dos objetivos é capacitar os alunos para que aprendam novas habilidades que possibilitem o aumento da renda familiar. Durante este período, mais de 2 mil alunos passaram pelos cursos de artesanato, violão e outras habilidades, como cabeleireiro e manicure. As aulas são lecionadas por dezenas de professores voluntários. A expectativa é que o projeto retorne às atividades em breve, com a reinuaguração do espaço reformado.