Jovens do IAP participam de missão no Uruguai
Em todo o país é proibido falar sobre Deus ou qualquer outra divindade em locais públicos
Ivatuba, PR....[ASN] Do interior do Paraná até o Instituto Adventista do Uruguai (IAU) foram 1.600 km em aproximadamente 35 horas percorridos por alunos e colaboradores do Instituto Adventista Paranaense (IAP) , que nas férias de julho desenvolverem ações voluntárias na cidade de Canelones, a 30 km da povoada Montevidéu. A capital uruguaia faz jus ao adjetivo, já que abriga mais de um terço dos moradores do país. Dos mais de 3,5 milhões de habitantes, 1,8 residem em Montevidéu.
O desafio atraiu a atenção da estudante de pedagogia, Vitória Lopes Lemes, que apesar de já ter separado 1 ano de sua vida (2016) para o voluntariado em Itambé, município localizado na região norte do Paraná, há 6 meses não se engajava em ações semelhantes. “Se dependesse de mim, faria missão o tempo inteiro”, confessa a aluna do IAP. A escolha da profissão também tem a ver com o estilo de vida que planeja seguir, dedicar a vida e não apenas as férias para trabalhar pelo próximo. “Cristo dedicou a vida por mim, acho que o mínimo que eu posso fazer para retribuir é dedicar a minha vida para salvar os outros”, explica.
Voluntariado
Vitória esteve entre as 20 pessoas que viajaram até o país vizinho com o intuito de fazer a diferença na comunidade local. Feiras de saúde, Escola Cristã de Férias, reformas de escolas públicas, foram algumas das iniciativas coordenadas pelos jovens. A oportunidade de servir em terras estrangeiras é uma iniciativa do Instituto de Missões do IAP, aberto no início deste ano. (VEJA MAIS). Na última quinta-feira (13) um segundo grupo viajou para uma comunidade indígena no Paraguai.
Para o diretor de uma das escolas reformadas pelos jovens, a iniciativa foi aceita com surpresa. Marcelo Sanchez conta que não é comum haver ações de voluntariado no país, “ninguém faz nada de graça”, explica e ainda complementa que a atitude não beneficia apenas a escola. “Esta é uma demonstração que tudo se pode, é uma demonstração de que existe algo maior do que a remuneração, uma remuneração espiritual que muitas vezes é deixada de lado”, conclui o diretor.
Estado Laico
O governo uruguaio ficou conhecido por pautar suas decisões baseado em um estilo político liberal, característica marcada por leis promulgadas nos últimos cinco anos. De 2012 para cá, no congresso legislativo, foi estabelecida a profissionalização da prostituição, descriminalização do uso da maconha e o estabelecimento do estado laico - em todo país é proibido falar de Deus ou qualquer outra divindade em locais públicos.
Com este cenário, educadores cristãos precisam recorrer a novas formas de se pregar o evangelho. Neste caso, viver é mais importante do que doutrinar, explica o professor Guillermo Desgado. “Tratar da educação no Uruguai é um trabalho sempre constante. Não tem um retorno tão rápido quanto gostaríamos, mas por outro lado é lindo porque os jovens, mesmo que tenham pensamentos agnósticos a respeito de Deus, têm uma grande necessidade especialmente de carinho, amor, de aproximação pessoal”, conta Desgado, que também atua como pastor no IAU. Apesar do contexto, o professor não enxerga esta posição política como um problema. “É um grande desafio, mas também é uma oportunidade de mostrar o amor de Cristo”, confessa.
Opinião pública
As leis estabelecidas em um país, nem sempre traduzem a opinião pública. Para Rúben Rodriguez, morador da pacata Canelones, o fato de que o filho de 5 anos nunca poderá receber uma orientação religiosa na escola onde estuda, o incomoda. “Isto está mal porque em um país democrático, onde há variedades, teria que ser mais aberto a decisão de cada pessoa. Se estamos em um país democrático tínhamos que ser livres para tomar decisões, como decidir se queremos ou não ouvir a Palavra de Deus na escola”, destaca.
Acompanhado da esposa Viviana Duarte, Rúben trouxe o pequeno Miguel, todos os dias, até a praça central da cidade para participar da Escola Cristã de Férias. Viviana recebeu um folheto enquanto passava pela praça e se interessou pela novidade. Quem saiu ganhando mesmo foi o filho do casal que além de se divertir ouviu histórias que ainda não conhecia.
Missão
As iniciativas no Uruguai não finalizam com o término da missão. Voluntários estão por lá para dar continuidade nas atividades movimentadas pelos jovens do IAP, explica o pastor Cédrick Sprotte, coordenador das missões realizadas no IAP. “Viemos aqui passar um pouco mais de 10 dias para semear, mas outros plantarão, outros regarão, outros vão cultivar, confiando na seara do Senhor", comenta.
Missionários como Lucas Damasceno, estudante de teologia no IAP, que trancou o último ano da graduação para servir. Há 6 meses no Uruguai o desejo de alcançar mais pessoas superou a saudade de casa. “No início é muito difícil, mas quando você percebe as coisas acontecendo, o trabalho alcançando pessoas, fica motivado”, conta o missionário que atua como professor no IAU. Ele explica que mesmo que o internato seja confessional, abriga culturas e pessoas com princípios e religiões diferentes. “A Bíblia não fala tão alto para esta juventude quanto o testemunho do que ela é capaz de fazer em sua vida", aconselha. [Equipe ASN, Carolina Perez]