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Igreja se divide em grupos de apoio durante pandemia para manter membros unidos

A ideia veio do pastor local que treinou algumas pessoas para liderarem os grupos


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Grupos já se reuniam antes da quarentena e não deixaram o distanciamento social acabar com o a comunidade. Foto: Arquivo Pessoal

Foi em meados de março que todos os estabelecimentos foram obrigados por lei a fechar no Distrito Federal. A cidade parou por conta da pandemia do novo Coronavírus. O comércio passou a funcionar apenas em formato delivery e só ficavam abertos farmácias, supermercados, e outros locais considerados essenciais para a sobrevivência. Inclusas no pacote, todas as igrejas precisaram ser fechadas. Com isso, a via social de muitas pessoas foi afetada.

Foi pensando em acompanhar mais de perto os membros de sua igreja e promover “convivência” entre eles, mesmo a distância, que o Pastor Manoel Nunes, resolveu adaptar um plano que tinha para realizar ainda este ano. Nunes, que também é líder de Pequenos Grupos para toda a Igreja da região Centro-Oeste do país (UCOB), planejava implantar uma rede de pequenos grupos na igreja em que é pastor, localizada na Asa Norte, em Brasília.

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Efeitos de uma vida em Comunidade

De portas fechadas, como todos os outros estabelecimentos da região, a Igreja Adventista da Asa Norte, realizava seus cultos de forma on-line, mas poucos membros acompanhavam assiduamente as transmissões. No final de março, o pastor reuniu um grupo de pessoas e passou a treiná-las, para que cada uma ficasse responsável por um número específico de membros. Desde então, a igreja está em processo de divisão por grupos de 10 a 12 pessoas.

“Nós sentíamos que as pessoas estavam desanimadas por não poderem mais conviver socialmente, ir à igreja, encontrar os amigos. O processo de implementação de pequenos grupos normalmente seria feito com mais tempo e de forma presencial. Mas, por uma necessidade do momento, nós adiantamos esse processo e adaptamos ele para o formato virtual. Ainda estamos ajustando, intencionalmente, as atividades da igreja para que isso se torne uma cultura entre a liderança e membros em geral”, explica Nunes.

O grupo de líderes se reúne todas as semanas com o pastor, para aprender na teoria os processos de criação de um pequeno grupo, liderança e como transformar esse grupo de pessoas em uma comunidade. Depois das primeiras reuniões de orientação, cada líder foi desafiado a começar as reuniões virtuais com a sua lista de membros. Em pouco tempo, a diferença começou a ser notada.

O Analista de Sistemas, Wattson da Costa, é coordenador de Pequenos Grupos na Igreja da Asa Norte e também lidera o seu próprio pequeno grupo. Para ele, as pequenas comunidades fazem parte de um estilo de vida planejado por Deus. “Alguns membros da igreja me relataram que começaram a ter mais tempo de qualidade e de comunhão com Deus. Eles participam de todos os encontros sem precisar sair de casa, não precisam se deslocar para as reuniões, economizando tempo e combustível”, conta.

Outra diferença que foi observada, foi o engajamento dos membros nas programações da igreja que eram transmitidas pelo YouTube. “De uns tempos pra cá, nós tivemos um aumento 12 mil inscritos no canal do Youtube da nossa igreja. Temos interação constante e sentimos que todos estão mais próximos uns dos outros”, comemora o pastor Manoel.

Frutos da quarentena

A jornalista Vivian Chagas não é adventista, mas foi convidada por uma amiga para participar de uma dessas reuniões on-line. Ela participou da primeira e não parou mais. Sem conhecer quase ninguém de forma presencial, hoje Vivian já se sente parte do grupo e os considera amigos pessoais. “Algo que mudou na minha vida, depois que comecei a fazer parte desses encontros, foi a minha relação com Deus. Antes, eu só recorria a Deus quando eu estava muito desesperada. Quando eu já havia tentado tudo e não conseguia sair de determinada situação. Eu achava que Ele não se importava com as pequenas coisas da minha vida, apenas com as grandes. Com esses novos amigos e o estudo da Bíblia, hoje eu entendo que Deus se importa com os pequenos detalhes”, revela.

Mariluzia Souza, já tem uma história antiga com PGs. Há 12 anos, é líder e recentemente tem vivido uma experiência diferente em cuidar dos seus amigos a distância, por meio do projeto de pequenos grupos da Igreja da Asa Norte. Mas em nenhum momento ela permitiu que o distanciamento social desanimasse o grupo. “Tenho contato com eles todos os dias por Whatsapp. Na quinta-feira, faço o PG online com mensagem e músicas. Toda semana coloco um deles para participar com a mensagem”, conta.

Há três meses, Mari, como é carinhosamente chamada pelo grupo, convidou Michele Dantas para frequentar as reuniões on-line do seu grupo, pois sentiu que a amiga precisava de um apoio emocional e espiritual após o falecimento de sua mãe. Encantada pelo cuidado e acolhimento que recebeu dos novos amigos, a professora Michele decidiu estudar a Bíblia e entregar a vida a Jesus, por meio do batismo, que aconteceu neste domingo, 30. "Estudar a bíblia fez bastante diferença na minha vida. Me fortaleceu muito. Estou me sentindo muito leve e incrivelmente bem após ter entregado minha vida a Jesus”, declara.

Michele, ao meio, acompanhada por Mariluzia, foi batizada pelo pastor Manoel Nunes, na noite de domingo, 30. Foto: Arquivo Pessoal

Para o pastor Manoel, que acompanha de perto os líderes de cada grupo, o processo de crescimento espiritual da igreja está se realizando por meio das comunidades. “Eu percebo que a cabeça deles, como líderes, têm mudado. Eu ouço os membros falando que estão se sentindo cuidados e amparados por seus líderes. A igreja está conectada conosco mesmo nesse período de distanciamento social”, enfatiza.

A Igreja Adventista da Asa Norte tem trabalhado três elementos essenciais para a vida em comunidade: pertencimento, aprendizado e serviço. “Nosso sonho, como Igreja Adventista no Centro-Oeste é que essa seja a realidade de todas as igrejas do território. Já temos visto esse movimento em diversos locais, e isso nos anima a continuar percorrendo esse caminho”, conclui Nunes.