Como o congregacionalismo afeta a unidade da Igreja
Teólogo defende princípios eclesiásticos da Igreja Adventista do Sétimo Dia e detalha pontos de alerta em relação ao congregacionalismo
Na conclusão de uma série de três reflexões a respeito do congregacionalismo apresentada aos administradores, pastores distritais e membros voluntários durante as reuniões do Concílio Anual da Igreja Adventista do Sétimo Dia para oito países sul-americanos, o pastor Adolfo Suárez pontuou alguns dos riscos desse modelo.
O atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) ainda o comparou com o modelo adotado pelos adventistas, sobretudo no que diz respeito à unidade denominacional. Se preferir, veja nos links abaixo os outros dois temas que foram dissertados anteriormente.
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Ele ressaltou, com base no Manual da Igreja, guia que rege o governo eclesiástico dos adventistas, que o modelo representativo adotado pela denominação, que elege líderes para conduzir o trabalho da organização desde instâncias locais até globais, os caracteriza como representantes dos demais membros em cada nível. E que “na estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nenhuma entidade determina seu próprio status nem suas funções como se não tivesse obrigações para com a família da Igreja além de seus próprios limites”[1].
Dessa forma, ela se posiciona de maneira oposta ao congregacionalismo, que se vale da autonomia de cada igreja local para fazer suas escolhas e decidir seus próprios passos sem se preocupar com um “corpo” maior e com os efeitos que poderiam afetar a unidade denominacional.
Desafios
Mas quais seriam alguns dos perigos desse modelo a partir da perspectiva adventista e que devem levar a uma reflexão? Suárez aponta dois. Muitos buscam criar estilos de liturgia e adoração contemporâneos para pregar o evangelho. Isso se torna mais fácil quando a igreja é independente e não necessita prestar contas a ninguém, mas não é o caso de templos adventistas, que estão debaixo de uma estrutura organizacional. No entanto, alguns membros têm agido justamente dessa forma.
“Há uma avalanche de novos métodos evangelísticos, novas estratégias para alcançar os mais diferentes grupos. E algumas congregações querem estar na vanguarda da missão a qualquer preço, fechando os olhos e ouvidos para a liderança das instâncias superiores, tomando suas próprias decisões e efetuando mudanças na liturgia e adoração – e na área evangelística – por puro gosto da igreja local”, apontou Suárez.
Já no que diz respeito à liderança, há um fator que se torna um risco a partir da perspectiva congregacionalista quando não se tem uma supervisão ou diretriz unificada para seu funcionado: poder. Muitas vezes, a escolha da liderança local pode não levar em conta, por exemplo, fatores espirituais, e sim a influência ou mesmo posição social daqueles que são escolhidos.
“Aqui está o problema: a seleção de líderes em uma igreja congregacionalista pode rapidamente tornar-se nada diferente de uma eleição política, com votos destinados ao candidato mais rico, mais bem relacionado, mais bem articulado, mais carismático, uma “autoridade”, ao invés de líder servidor comprometido em buscar o plano de Deus individualmente e para a igreja como um todo”, argumentou.
Isso pode ocorrer porque uma igreja congregacionalista não tem acompanhamento, a não ser da comissão composta por essa mesma liderança. E quando há descontentamento com aqueles que foram eleitos, não há a quem recorrer. “Deus nos chamou como líderes para cumprir a missão que Ele deixou clara em Sua palavra, que Sua Igreja estuda reunida em assembleia e em concílio”, sublinhou.
Referências:
[1] Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia – 23. ed. – Tatuí, SP : Casa Publicadora Brasileira, 2022, p. 29-30.
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