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Coluna | Odailson Fonseca

Feliz Agora Novo!

Um desejo de Feliz Ano-Novo diferente com uma perspectiva bem diferenciada do que você já viu. Leia e reflita sobre isso para 2018


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(Foto: Shutterstock)

A manchete bizarra me assombrou na cadeira. Estava lá! Em Itatiba, interior de São Paulo, um grupo de adolescentes expressou sua revolta da forma mais covarde: jogando pedradas no Papai Noel. De um lindo desfile com acenos amigáveis, o bom velhinho teve de se proteger contra a saraivada de objetos letais despejados contra ele. O que provocou tamanho absurdo? Tinham acabado as balas grátis.

Dá para acreditar? Como o término de doces dispara algo tão grotesco? Boa pergunta, não apenas àqueles delinquentes ingratos, mas a todos nós que também nos comportamos assim. Explico: lidar com os reveses reflete quem somos. Quer saber? De um jeito ou outro, quando as guloseimas acabam todos reagimos de alguma forma. Uns fazem bico, outros fogem com a bola, tem quem grita pela “mãe”, até chegar nos que apedrejam o Noel, ou dão pauladas na máquina de refrigerante.

Porque todos nós – não se assuste! – gostaríamos de apontar nossas pedras mais para o alto. Isso mesmo. Se Deus não faz o que queremos, ou se a vida não é como sonhamos, a fúria se instala e a caça às bruxas se descontrola n’alma. Quem nunca amaldiçoou como Jonas, esbravejou feito Pedro, ou deu uma de Moises espancando a rocha? A contramão enlouquece e, desorientados, ficamos imprevisíveis quando as coisas dão errado.

É por isso que eu, sinceramente, fico meio estranho nesta época do ano. Porque se a nostalgia parece a miragem de um refúgio que já passou, a expectativa gera um otimismo frágil mais parecido com os ecos de um canto de seria. Ora, se o passado já não volta e o futuro ainda nem veio, para que viver nestas duas dimensões que escapam dos dedos? Deus nos deu o presente. É ele que repousa em nossas mãos poderosamente ancorado pelo livre-arbítrio. E o que fazemos? Saudosos ou impacientes nos evadimos para as longínquas terras do “nunca”, ou do “quem sabe”.

Aprenda de uma vez: esta vida aqui nunca será como imaginada. Sempre as pessoas serão menores do que o esperado, darão menos do que o aguardado e preencherão pouco da carência sonhada. Tanto é que o tamanho da dor não se mede pelo sangue derramado, mas pelas lágrimas não enxugadas. Ou seja, um beliscão dói menos que um rótulo e um soco na cara vira carinho se comparado à rejeição de algum semideus. Por isso, só depende de UM ser vivente saltar do marasmo evasivo e encarar o desafio da felicidade: você.

O problema é que se parece simples teclar sobre isso só Deus sabe como os vales são mais profundos que os estereótipos. Momentos atrás, alguém me quebrou o encanto: “pastor, o que faço quando nem quero mais orar e confesso não saber em que Deus eu acredito”? Vindo de quem veio, compreendi a indigestão do texto “melhor o luto do que a festa” (Eclesiastes 7:2). Afinal, adoramos ostentar contos de fadas até que esfolemos nosso ego pelo chão dos castelos demolidos. É aí que emudecemos ou apedrejamos os marcos da nossa fé.

Uma dica? Não vai melhorar não! Longe do pessimismo ateísta, amadurece quem se prepara para o pecado com sua cara mais mortal: a contradição. Pois a falta de sentido nas expectativas frustradas é dolorida como a morte. Na verdade, é a impotência perante o luto, e o medo dele, que nos tira o chão na maior das contradições da vida. Ou você se sente cada vez mais novo enquanto sua vida parece cada vez mais curta?

Por isso, defendo o AGORA – sem ilusão decepcionante ou alicerces feitos de pessoas. É o AGORA da resiliência, da persistência e da sobrevivência. O AGORA neste tempo que lhe franqueia a ação custando apenas o preço da atitude. E este momento áureo também era o preferido do Mestre. Ele dizia “perdoados estão seus pecados”, ou “digo hoje, estarás comigo no paraíso”, ou mesmo “eu também não te condeno”. Percebe? Cristo evidenciava no AGORA o futuro que veio resgatar. Não deixava para depois o que tinha que acontecer no momento.

Portanto, não procrastine a relevância do hoje. Se virar o ano com planos, muito bom. Mas, se reviver o ano novo a cada dia, muito melhor! Guarde as pedras da decepção nos bolsos do perdão e siga em frente. Posso resumir?

Fuja das contagens regressivas. Elas só geram ansiedades mais altas e tombos mais doloridos. Que tal investir nas contagens progressivas? Cada dia de cada vez e celebrando o único tempo que você realmente tem: este. (Eclesiastes 3:1-8)

Seja sólido, não de pedra. Firmeza de caráter vale mais que bitcoins no mercado da vida. Só que isso não é chancela para ter cabeça dura. Desenvolva a flexibilidade, sem abrir mão do certo, e você lidará melhor com as portas na cara. (Romanos 12:2)

Aqueça o sangue e esfrie a cabeça. Não fuja dos traumas congelando as artérias ao se proteger no exílio da insensibilidade. Mas também não esquente os neurônios apedrejando quem está ao redor. (Provérbios 16:32)

Liberte-se perdoando. Tolo é aquele que se torna algoz de si mesmo. Encarcerar a vida em ressentimento e autocomiseração é se trancar numa solitária achando que o outro será algemado. Portanto, perdoe! E lembre que o mais difícil do perdão é lembrar disso todos os dias – até não precisar lembrar mais. (Colossenses 3:13)

Ouse ser off-line. Não desperdice seu hoje e aqui reais nas garras traiçoeiras do e ‘não sei quando’ virtuais. Seja senhor do seu smartphone para não virar escravo dele. Pessoas valem mais que likes. #prontofalei (Eclesiastes 3:12)

Supervalorize a família. É tudo – simples assim. Não troque a ceia pela pressa, nem os momentos mais sublimes pelo medo do chefe. Deposite amor agora para poder sacar quando precisar. Acredite! (I Timóteo 5:8)

Vida que segue. Enquanto nos atolamos na lama dos tropeços as crianças dão um banho na gente. Elas só avançam, sempre. Que tal desapegar do que passou? Se a vida não dá para reescrever, escreva sua história daqui para frente – com Deus. (Filipenses 3:13 e 14)

Finalmente, Deus é o Dono do HOJE. Lute com Ele, até lute contra Ele, mas jamais lute sem Ele. Fim de ano é coisa para quem se apega no tempo – esperança prática é para quem se apega no agora. Deixe o que não lhe pertence para Quem é proprietário do impossível. Se Deus sabe o que é melhor do que o “seu” melhor, viva com Ele e a partir dEle. As coisas vão melhorar. Quer dizer, já estão melhorando! (Mateus 6:33)

 

Feliz Agora Novo para você!

Odailson Fonseca

Odailson Fonseca

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Inovação jovem sob uma perspectiva inteligente

Teólogo e publicitário, dirige o departamento de Comunicação da Igreja Adventista para o Estado de São Paulo. @odailson_ucb