Eclipse solar, obscurantismo e os raios da verdade
Lições extraídas da matemática ajudam a perceber coerência entre Bíblia e ciência.
Neste dia 2 de julho, mais um eclipse solar chamou a atenção dos moradores do planeta Terra. No fim da tarde, ele pôde ser visto em 14 das 27 capitais brasileiras: Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Palmas, Cuiabá, Goiânia, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Conforme explica o matemático e astrônomo Josué Cardoso dos Santos, “o evento popularmente conhecido como eclipse solar é um fenômeno que ocorre quando a Lua se interpõe entre a Terra e o Sol, ocultando total ou parcialmente sua luz numa estreita faixa terrestre. Se o disco inteiro do Sol está atrás da Lua, o eclipse solar é total. Caso contrário, é um eclipse solar parcial”. Uma descrição mais adequada desse fenômeno seria “ocultação do Sol pela Lua”, já que é a Terra que passa pela sombra produzida pela Lua.
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O físico e doutor em Cosmologia Rafael Christ Lopes detalha: “O fenômeno do eclipse solar se caracteriza pelo harmonioso posicionamento entre o Sol, a Lua e a Terra. Esse tipo de eclipse ocorre quando a posição desses astros permite que o Sol, que está a 150 milhões de quilômetros da Terra, seja coberto inteiramente, caso do eclipse total, pela Lua, que está a apenas 384.400 quilômetros”.
Lopes lembra que a excepcionalidade do eclipse de hoje está no fato de ocorrer cem anos após a observação de outro eclipse solar que demonstrou a veracidade da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, fazendo desse cientista uma celebridade mundial da noite para o dia.
“Você já se perguntou como os astrônomos conseguem prever eclipses com tanta exatidão e antecedência?”, pergunta o astrofísico e engenheiro de software Eduardo Lütz. “Há milhares de anos, a humanidade tem aperfeiçoado seu conhecimento sobre métodos matemáticos para prever fenômenos astronômicos”, diz ele.
Veja como é um eclipse solar total:
Relevância científica
Entre as leis descobertas no século 17, estão as da Mecânica de Newton e a excelente aproximação que ele deduziu para a gravitação. Com essas ferramentas, foi possível reproduzir as leis experimentais de Kepler, aumentar a exatidão dos cálculos astronômicos (inclusive quanto à previsão de eclipses), prever a localização de corpos celestes desconhecidos à época e a descobri-los em função disso, e até a encontrar mais leis.
Para Lütz, o aspecto mais importante da ciência é justamente este: a capacidade de prever coisas de cuja existência os pesquisadores não suspeitam, com confirmação posterior. Isso causa uma espécie de avalanche de conhecimento, que tende a crescer exponencialmente. Tudo isso graças à motivação criacionista para usar métodos matemáticos a fim de estudar a realidade, o que induziu o desenvolvimento até mesmo de áreas que não possuem tradição no uso desse tipo de metodologia.
“A falha nesse cuidado com modelos matemáticos tem gerado muitas ideias que parecem razoáveis para muitos, mas que se mostram absurdas ao serem confrontadas detalhadamente com fatos e aplicação de leis físicas conhecidas”, adverte o astrofísico. “Temos exemplos disso tanto no meio acadêmico (exemplos esses frequentemente confundidos com ‘ciência’ graças à confusão conceitual que reina atualmente) quanto no meio leigo, como é o caso do terraplanismo. Usam-se argumentos que parecem sólidos aos leigos, mas que se baseiam em ignorância de fatos simples e básicos”, exemplifica.
Aliás, com o recente crescimento do número de divulgadores terraplanistas, vemos cada vez mais argumentos física e geometricamente absurdos que parecem razoáveis a quem esqueceu da Geometria e da Física do ensino médio. Eclipses nos trazem à memória essas coisas.
E isso levanta questões sobre se e como terraplanistas chegam a fazer cálculos detalhados usando seus modelos para prever eclipses (não apenas quando, mas quais regiões sombreadas e de que forma, qual será a duração em cada uma e exatamente o que os observadores verão); em que ângulo exato o Sol nasce e se põe em cada dia do ano; como o pôr do sol é possível geométrica e opticamente falando (é preciso calcular e reproduzir os ângulos observados); como se calcula quanto de um navio fica oculto pela água ao se aproximar do horizonte; como harmonizar a ideia de que o horizonte está sempre à altura dos olhos (como afirmam muitos terraplanistas) com o modelo de Terra-disco, e muitas outras coisas.
Expansão do conhecimento
Enfim, “o que temos visto é que muitos que se dizem criacionistas trabalham exatamente no sentido contrário aos criacionistas que propuseram o novo conceito de ciência entre os séculos 13 e 17”, conclui Lütz.
O fato é que eventos astronômicos como eclipses são oportunidades marcantes de saber mais sobre as tremendas ferramentas matemáticas que nos permitem aprofundar o conhecimento e desmascarar ideias absurdas que parecem razoáveis à intuição humana não educada. Também são efemérides que nos fazem olhar para o alto e lembrar que habitamos um pequeno planeta imerso na imensidão de um universo feito com carinho, detalhamento e precisão por nosso Deus Criador.
Que a sombra do obscurantismo nunca ofusque nossa busca pela verdade, e que os raios do Sol da Justiça sempre iluminem nosso caminho!
Entenda mais sobre o que pensam os terraplanistas: