A melhor idade para o evangelismo digital
Com ampla experiência de vida, pessoas de mais idade também podem auxiliar outros a conhecer a Cristo no ambiente online.
É fato que a população mundial está envelhecendo. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que, até 2050, a proporção de pessoas no mundo com mais de 60 anos vai passar de 12% para 22%, em relação a 2015. O fenômeno é ainda mais impressionante no Brasil. Daqui a 11 anos, a faixa populacional acima de 60 anos será mais de que aquela com crianças de até 10 anos.
É um desafio para uma cultura que insiste em não perceber o impacto desse crescimento. Envelhecer é um estereótipo. E para empresas e organizações, motivados pelo clichê utilitarista de consumo que pensa em mercados quase que exclusivamente para o universo jovem, o impacto dessa visão pode representar prejuízos e perda de mão de obra produtiva e eficiente.
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Em artigo divulgado pelo serviço Think With Google, sete em cada dez empresas brasileiras acham que os mais velhos não acompanham as transformações tecnológicas. Mas o fato é que um quarto dos brasileiros acima de 69 anos já estão conectados.
E não apenas isso: eles estão engajados em redes sociais como Facebook e WhatsApp, influenciam no consumo de produtos e serviços nessas plataformas e consomem vídeos, especialmente no YouTube. É esta a plataforma preferida de consumo de vídeos de pessoas entre 45 e 55 anos anos.
Além disso, ainda de acordo com os dados do artigo, metade da força de trabalho no Brasil terá mais de 50 anos até 2040. Mas apenas 11% das empresas do mercado nacional mantém programas de contratação de profissionais na terceira idade.
Gerações que aprendem juntas
É uma força de trabalho criativa e de engajamento digital invisível para uma lógica mercantilista de apelo quase exclusivamente jovem. A Igreja precisa cuidar para não absorver esta visão de consumismo tão utilitário. Precisa entender que é necessário contar com a geração “60+”nas estratégias de evangelização, inclusive nas inciativas de evangelismo digital. É chegado o momento de estimular o surgimento de influenciadores digitais da terceira idade, aqueles que poderão compartilhar sua experiência também por meio da internet e das novas mídias.
Seria interessante desenvolver pesquisas nos templos ou mesmo estudos organizacionais para compreender a força digital dos membros com idade acima de 50 anos. Providenciar treinamentos e motivação para engajar esta força no evangelismo local e também no evangelismo digital seria uma ideia que traria resultados significativos no relacionamento com esta geração cada vez mais conectada. E seria incrível se houvesse encontros incentivando a troca de experiências digitais para o evangelismo entre jovens e mais experientes, criando uma cultura de conexão que seria saudável para aproximar gerações tão distintas.
Quebrar essa barreira geracional poderia garantir surpresas, como aponta o artigo do serviço da Google. Leia esse trecho: “Diferentemente do senso comum, a vida digital, em vez de criar barreiras entre as gerações, pode deixar essas fronteiras ainda menos nítidas. No YouTube, por exemplo, a troca de experiências intergeracionais é uma realidade. Diversos criadores usam a plataforma para produzir vídeos que derrubam os preconceitos da idade e criam um diálogo com pessoas de outras gerações. Um exemplo é Nilson Izaias, que ficou conhecido como “vovô do slime”: nos vídeos do seu canal, o aposentado tenta fazer a meleca que se tornou febre entre crianças e adolescentes, e acabou virando um fenômeno online. Já a norte-americana Shirley Curry é uma gamer de 92 anos. Os mais de 450 (hoje 704 mil) mil inscritos no seu canal no YouTube acompanham seus gameplays e interagem com a criadora”.
É uma sugestão semelhante à que foi oferecida por Ellen White, quando escreveu sobre a bênção no convívio dos mais idosos com os mais jovens. “Esses podem iluminar o coração e a vida dos idosos. Aqueles cujos laços da vida se estão enfraquecendo necessitam o benefício do contato com a esperança e a vivacidade da juventude” (Menter, Caráter e Personalidade, volume 2, pág. 746). Dessa forma, segundo ela, seria possível “despertar em idosos e jovens aquelas graças cristãs que os destacariam com uma divina beleza, e os enriqueceriam com os imperecíveis tesouros do Céu”.
O impacto na missão da Igreja seria, de acordo com esta visão, uma dádiva. É um convite animador para que se pense em estratégias digitais para envolver a terceira idade no evangelismo.