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Coluna | Helio Carnassale

Um ministério nascido de Deus

As publicações foram o principal meio pelo qual as verdades bíblicas foram propagadas no início do movimento adventista


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Joseph Bates foi um dos grandes entusiastas das publicações a respeito do sábado e do dom profético de Ellen White. (Foto: Reprodução do filme Como Tudo Começou)

No artigo anterior, vimos que o movimento adventista começou a se ramificar, como resultado das diversas reações ao Grande Desapontamento. A partir disso, o nosso foco de estudo é o grupo que veio a se tornar o movimento Adventista do Sétimo Dia e o fato de este utilizar o recurso da publicação literária para propagar suas ideias.

Alguns esforços iniciais, empreendidos com muita dificuldade, resultaram na divulgação das primeiras mensagens manuscritas da jovem Ellen G. Harmon. Mas foi em maio de 1846 que Joseph Bates “sentiu a necessidade de publicar as novas verdades que ele havia descoberto e corrigir alguns dos erros para os quais seus colegas adventistas estavam se desviando”[1]. Bates preparou um panfleto de 40 páginas intitulado The Opening Heavens (Os Céus Abertos) com o objetivo de combater a doutrina que ensinava que Cristo havia voltado espiritualmente em 1844.

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No final de 1847, Bates e o casal Ellen e James White produziram sua primeira publicação conjunta, intitulada A Word to the Litlle Flock (Uma Palavra ao Pequeno Rebanho). O principal propósito desse panfleto de 24 páginas era animar os adventistas a permanecerem fiéis à mensagem do advento enquanto buscavam mais luz no estudo das Escrituras Sagradas. Nele, Bates afiançava o dom profético que reconhecia possuir Ellen G. White. Algumas das visões da jovem foram publicadas e James White também escreveu algo sobre profecias.

Naquela época, os adventistas estavam concentrados num raio não muito grande da parte norte da costa leste norte-americana, na região conhecida como Nova Inglaterra. Não eram muitos os que comungavam das mesmas ideias, e eles reuniam-se frequentemente para orar e estudar a Bíblia, objetivando harmonizar seus pontos de vista. Essas reuniões ocorriam sempre na casa de uma família adventista e receberam o nome de “conferências do sábado”[2]. E foi assim que, uma a uma, as doutrinas adventistas do sétimo dia foram sendo estabelecidas, antes de existir uma organização formal ou mesmo antes de esse grupo pensar em fundar uma nova igreja.

Surge o ministério de publicações

Fato é que o grupo sentia cada vez mais a necessidade de promover e compartilhar suas convicções. As publicações eram um meio barato, à altura dos poucos recursos que possuía. Segundo Schwarz e Greenleaf, pesquisadores e historiadores adventistas, foi durante a conferência ocorrida em outubro de 1848, em Topsham, Maine, que os participantes fizeram da publicação de seus pontos de vista um motivo especial de oração, não obstante, as dificuldades parecessem sobrepujar as oportunidades. Decidiram orar e estudar mais o assunto na reunião seguinte. E assim foi. Após o término desta, a própria Ellen White relatou o que se passou ali:

“Numa reunião efetuada em Dorchester (Massachusetts), em novembro de 1848, foi-me concedida uma visão da proclamação da mensagem do assinalamento e do dever que incumbia os irmãos de publicarem a luz que resplandecia em nosso caminho. Depois da visão, eu disse ao meu esposo: ‘Tenho uma mensagem para ti. Deves começar a publicar um pequeno jornal e mandá-lo ao povo. Será pequeno a princípio; mas lendo-o o povo, mandar-te-ão meios com que imprimi-lo; e alcançará bom êxito desde o princípio. Desde este pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circundavam o mundo’”[3].

Comentando sobre a importância dessa reunião, outro historiador adventista, Mervyn C. Maxwell, declarou: “Em certos aspectos foi a mais significativa para aquele tempo”[4]. E, na verdade, é exatamente assim que os adventistas creem. Entendemos e aceitamos que esse foi o impulso original, vindo por orientação divina, para que o ministério de publicações tivesse seu início. Historicamente falando, não há como negar que esse tenha sido o marco inicial que sustentou a atividade de produzir e distribuir literatura ao longo do tempo, desde as dificuldades do seu humilde começo, até se constituir num ramo sólido e próspero do ministério adventista.


Referências

[1] Schwarz, Richard W. e Greenleaf, Floyd. Portadores de Luz. CPB, 2009, p. 69.

[2] Idem, p. 71.

[3] White, Ellen G. Vida e Ensinos. CPB, 1988, p. 128.

[4] Maxwell, C. Mervyn. História do Adventismo. CPB, 1982, p. 100.

Helio Carnassale

Helio Carnassale

Mantendo a visão

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Teólogo, é mestre em Ciência das Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi pastor de igrejas e foi Orador da Voz da Profecia. Trabalhou na Casa Publicadora Brasileira, Superbom, Unasp e na sede sul-americana adventista como diretor de Liberdade Religiosa e Espírito de Profecia.