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Coluna | Fábio Bergamo

Um ‘Campori’ para ficar de olho

Quem é o jovem adulto da nova geração? Como a Igreja pode alcançá-lo?


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Um dos desafios da Igreja em relação às novas gerações é saber como alcançar e dialogar com uma juventude conectada (Foto: Shutterstock)

No mês de janeiro de 2019 não se falava em outra coisa. O assunto mais comentado em nosso meio era o Campori Sul-Americano de Desbravadores. Milhares de jovens estavam focados em um só objetivo: demonstrar sua fé em um evento tão importante para direcionar os jovens em sua caminhada cristã.

Um mês depois, na cidade de São Paulo, outro grupo de jovens e jovens adultos se reunia em condições similares: um local reservado só para sua celebração, com um grande espaço de acampamento com barracas, praça de alimentação, palcos para eventos simultâneos... Mas não tinha nada a ver com religião ou com espiritualidade. Era a Campus Party.

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A 12ª versão nacional do evento, chamado na internet de #CPBR12, é um evento fantástico e impressionante. A surpreendente mobilização do público de mais de cinco mil participantes e visitantes (apenas nesta versão brasileira), ao redor de palestras, workshops, networking e eventos simultâneos voltados à tecnologia, regada a uma velocidade ultra-rápida de conexão à internet, nos faz ficar empolgados a também imergir neste mundo. De cabeça, pois, ao entrar no evento, parecíamos entrar num portal que unia o mundo real e o ciberespaço.

Estive em quatro dos cinco dias da CPBR12, como convidado, representando o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), com o professor Gustavo Caetano, ambos coordenadores de cursos em que temos buscado inovação no ensino do empreendedorismo para os alunos.

E nesta perspectiva, melhor lugar parece não existir. Foram dias de muito aprendizado e, principalmente, de reflexão. Reflexão no seguinte sentido: quem são, realmente, os jovens do mundo real, aqueles que estão revirando a cultura e virando protagonistas em diversas situações na sociedade moderna?

Um passo além

Convivo diariamente com jovens, uma boa parte dessa geração imersa no contexto social representado ali na CPBR12. E não tenho a resposta para a pergunta feita acima. De fato, estou longe disso. Sou cada vez mais surpreendido com os aspectos positivos (e também dos negativos) que vejo nesse grupo de pessoas.

Mas a maior reflexão que faço é: está a Igreja preparada para entender, conversar, debater e alcançar esses jovens? Digo alcançar significando desde a apresentação de suas doutrinas mais básicas até a apresentação de Jesus Cristo como sendo o nosso Salvador. Estaria esse grupo de pessoas minimamente disposto ou até mesmo interessado em conhecer a Jesus?

Se a resposta for não, nosso trabalho como guardiães e propagadores da mensagem do advento e da salvação será deveras complexo e hercúleo. Esta minha reflexão me fez contatar diversos amigos durante o evento para externar meus pensamentos. Fiquei feliz ao ver alguns pastores que estavam acampados numa perspectiva de imersão e busca de compreensão de quem é a “persona” dos jovens ali representados. Mas, que a Igreja ainda engatinha na busca pelas respostas à pergunta do parágrafo anterior, isto é um fato. E é um fato preocupante.

Temos amadurecido no que tange a estratégias digitais e possibilidades de uso de novas mídias para o alcance de novas gerações. Temos sabiamente investido recursos nisto. Não preciso dizer, também, que os ministérios de Aventureiros, Desbravadores e Jovens são bastiões muito relevantes contra a apostasia da juventude da Igreja. Mas, e aqueles que nunca se conectaram com nada espiritual em suas vidas, que não advenham de quadrinhos, games e cinema? Religião faria sentido em suas vidas?

A CPBR12, como disse, foi um momento de muito aprendizado profissional para mim. Mas também de profunda reflexão sobre os temas aqui descritos. Diferente do que aconteceu em Barretos, onde tínhamos vibrantes jovens em sua fé, aquele ‘Campori’ mostra que temos que pensar com afinco nas novas gerações e o papel da Igreja em todo este contexto.


PARA LER, OUVIR E VER MAIS

Vídeos de resumo da participação dos professores Fabio Bergamo e Gustavo Caetano, do Unasp, na Campus Party Brasil 2019 -

 

 

Clique aqui e visite o canal Oficial da Campus Party Brasil e acesse todos os eventos e palestras que foram transmitidos.

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt