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Coluna | Fábio Bergamo

Conheça sua identidade

Pesquisa destaca importância de, como cristão, compreender a fundo aquilo que se acredita.


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Ser cristão vai muito além de apenas se considerar um seguidor de Cristo (Foto: Shutterstock)

O Pew Research Center, um dos mais prestigiados institutos de pesquisa com foco em tendências culturais e sociais nos Estados Unidos e no mundo, lançou recentemente o relatório de seu último estudo sobre religiosidade e conhecimento de religiões. Ele mostra como a sociedade norte-americana tem se portado quanto a assuntos religiosos, o que não deixa de ser um importante termômetro para o mundo ocidental.

Antes da pesquisa em si, foram recuperados alguns estudos anteriores. A pergunta de um deles buscava respostas para “o que é essencial para o significado de ser um cristão?” A questão sempre é evocada em investigações dessa natureza. Disparadamente, o público indicou que para ser cristão é preciso “Acreditar em Deus”. Na segunda posição, quase empatados, o resultado foi “Ser grato por tudo o que tem”, “Perdoar aqueles que erraram com você” e “Ser honesto todas as vezes”. Só então, em quinto lugar, aparece algo relacionado à comunhão pessoal, que é “Orar regularmente”. Isso já indica uma percepção da religião cristã cada vez como uma experiência pessoal e pouco em grupo.

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Entrando na pesquisa atual em si, o primeiro ponto de debate foi sobre conhecimentos básicos da Bíblia. E pela primeira vez os protestantes de linha principal (metodistas, calvinistas, presbiterianos) perderam a primeira posição neste nível de conhecimento. De fato, esse grupo ficou empatado no conhecimento da Bíblia com os ateus, que aumentaram seu conhecimento sobre o assunto. Em primeiro lugar ficaram os demais evangélicos de missão (em que se encontram os adventistas), seguidos pelos mórmons. Os católicos ficaram em último lugar entre os cristãos.

O conhecimento sobre o cristianismo foi outro ponto analisado. Mais uma vez, os evangélicos foram bem, com níveis de acerto acima dos 90%. Em seguida vieram os protestantes de linha principal e os católicos (85% cada). Mas o destaque foi para os agnósticos e ateus, com acertos acima dos 87%.

Diagnóstico

A pesquisa me chamou a atenção nas questões relacionadas com o conhecimento de histórias bíblicas. Mais uma vez, os cristãos demonstraram um conhecimento pequeno de algumas das mais famosas, como a do sacrifício de Isaque por seu pai, Abraão, que apenas 69% conheciam.  Mas um outro fator chamou atenção positivamente: cristãos que comparecem à igreja e aos serviços religiosos tiveram uma média de acertos infinitamente mais alta do que aqueles que não participam dos cultos e eventos eclesiásticos.

O estudo também relacionou alguns pontos sobre o impacto do conhecimento dos cristãos de sua própria religião e credo. Um deles é que quanto melhor a educação dos membros, mais conhecem sobre sua religião. E aqueles que estudam regularmente sobre sua própria fé conseguem responder muito melhor a questões sobre a Bíblia, sendo os evangélicos protestantes o destaque neste aspecto. Ligado a isso, a investigação ainda mostra ser imprescindível comparecer a uma escola (no caso da pesquisa, dominical) para que os cristãos conheçam mais sobre sua religião e a Bíblia.

Estes resultados demonstram a importância do investimento feito pela igreja no entendimento maior de suas raízes identitárias. Uma igreja em que seus membros não conhecem sua própria identidade dificilmente a transmitirá a outros, pressuposto básico do evangelismo. No caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia, baseado nos resultados apresentados, as reuniões de cultos, a Lição da Escola Sabatina e o desenvolvimento espiritual do membro são condição sine qua non para a manutenção de sua identidade. Além de que, a Bíblia como regra de fé, “manual de instruções” e objeto contínuo de estudos não pode ser esquecido. A pergunta que fica é: Como Igreja, conseguiríamos números melhores nesta pesquisa?


PARA LER, VER E OUVIR MAIS

Relatório Completo da Pesquisa (em inglês, PDF)

Quis de conhecimento religioso básico (em inglês)

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt