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Coluna | Diego Barreto

Falta pouco ainda que falte muito

Independente do tempo que falta para a volta de Jesus, o que temos, como cristãos, de fazer é algo muito claro


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Foto: Shutterstock

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Desde que o mundo é mundo aguardamos o Messias. Sempre foi notável a necessidade de intervenção exterior em nossa realidade caída. O Messias veio e nos deixou Seu Reino, assim como a promessa de que voltaria para nos buscar e estabelecer seu Reino de uma vez por todas. Desde então nossa espera tem sido essa. Desde os dias de Jesus que seus seguidores aguardam ansiosamente Seu retorno. Nesse momento da história que estamos pesa o fato de que essa espera já tem mais de dois milênios. É muito tempo.

Alguns se sentem convidados por esse fato a duvidar do dia ou mesmo descansar em relação a sua busca por Ele. Impressionados pela contagem do tempo de espera em relação ao tamanho de suas vidas se veem como um átomo diante de um elefante. Se Ele não veio até agora, por que haveria de vir na minha vez? Quais as chances de que eu seja o contemplado com Sua vinda?

Na parábola das dez virgens, contada por Jesus no Monte das Oliveiras em seu último discurso, a multidão já nos avisava que haveria aparente demora para os que esperavam “o noivo” e “sonolência” em todos os que esperavam. Mais do que sonolência, eles dormiram de fato. E para tornar a imagem clara e vívida, Jesus chega ao cúmulo de se comparar a um “ladrão”. Um ladrão que inesperadamente faz sua abordagem; pois assim haveria de ser a segunda vinda de Cristo, de tal maneira que surpreenderia. É de se considerar aqui que seguir a Cristo envolve esperar esse dia, milhares de pessoas em todas as eras assim o fizeram, é a maior espera da história da Terra, e ainda assim há de nos pegar desprevenidos? Não é a espera de alguns, é a de bilhões de pessoas ao longo de uma longa história que soma hoje mais de dois mil anos. Ainda assim, pegará as pessoas de surpresa?

Possivelmente, a indicação de Cristo sobre essa questão seja a de que perto de sua vinda as pessoas já não estariam esperando tanto. Afirmações como: “quando o filho do homem vier achará, porventura, fé na Terra?” (Lucas 18:8) deixam claro que o caso da surpresa tem a ver com nossa postura de alerta ou com a falta dela.

Talvez você seja tentado a achar que ainda falta muito tempo. Eu sei como é, também tenho essa tentação. E não, eu não estou aqui para dizer que sua vida é curta e por isso você tem de se preparar para a volta de Jesus porque não sabe que dia irá morrer. Isso é uma grande verdade, não sabemos que dia morreremos, pode ser a qualquer momento (não vou dar exemplos porque as pessoas são muito sensíveis a esse assunto, mas você sabe o quão inesperado isso pode ser).

Mas não vou usar esse argumento porque ele não funciona. A verdade é que mesmo sabendo que podemos morrer na próxima esquina, ninguém vive como se fosse assim de fato. Todos nós achamos que a morte está longe. Ainda bem ou então viveríamos estressados e loucos.

A questão não está no tempo da sua vida, mas no tempo da vida dos outros. Tudo bem, você acha que ainda tem muita vida pra viver, mas e as pessoas que você ama? Quantas já perdeu? Quantos amigos você já viu partir de maneira inesperada? Quantas pessoas você já viu partir de maneira inesperada? E quando muitas de uma única vez vão embora dessa existência (vide a triste infelicidade com o avião da Chapecoense)? E se você parar para pensar quantas pessoas existem no mundo hoje que nem se quer sabem da maior esperança de todas? Que a intervenção do bem está a caminho!

Preparar outros, eis a missão!

Nosso senso de espera e de urgência não tem que ver com nossa vida, mas com a vida de todos nós. Não se trata de ME preparar, mas de preparar a todos quanto eu puder porque o dia está chegando! Alguém pode cair na besteira de achar que será daqui a 200 anos, ou mesmo daqui a 40 anos, ou daqui a 2 anos, tanto faz, já viu tantos a quem temos de levar o Reino antes que o Reino chegue? Já vislumbrou o tamanho do desafio que todos nós cristãos temos pela frente? Não há mais tempo a perder! Ainda que falte muito tempo, faltam muitas pessoas, e isso encurta o tempo! Leve o tempo que for para Jesus voltar, nós estamos atrasados em nossa missão. Nossa urgência não é para que nossa vida esteja logo em paz no céu. Isso é egoísmo travestido de Cristianismo. Nossa urgência e pressa é para salvar o maior número de pessoas possíveis. É encher o Reino de Deus com Seus filhos e o relógio está contra nós nesse caso.

Estamos vivendo como se Cristo não fosse voltar. Trabalhando e aproveitando a vida como podemos e sonhamos. Alguns de nós nem estamos aproveitando nada, mas sonhamos com o dia que faremos isso e continuamos trabalhando, estudando e sonhando. Colocando nossos esforço naquilo que é material nos tornarmos aquilo que Cristo denunciou em Seu último discurso: “Porém, se aquele mau servo disser consigo: O meu Senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, virá o Senhor daquele servo num dia em que O não espera”. Mateus 24:48-50. O mau servo diz em seu coração: “O meu Senhor tarde virá.” Não diz que Cristo não virá. Não zomba da idéia de Sua segunda vinda. Mas, em seu coração e por suas ações e palavras declara que a vinda do Senhor demora. Afasta da mente dos outros a convicção de que o Senhor presto virá. Sua influência leva os homens a uma presunçosa, negligente demora. São confirmados em sua mundanidade e torpor. Paixões terrestres, pensamentos corruptos tomam posse da mente. O mau servo come e bebe com os bêbados, une-se com o mundo na busca do prazer. Espanca seus conservos acusando e condenando…”(Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, página 449).

Viver como se Cristo fosse demorar é tão ruim quanto viver como se Ele nem viesse ou nem soubéssemos disso. Tornar-nos, inclusive, parte da opressão ao próximo. Nós nos esquecemos do que verdadeiramente importa e vivemos para o que vai passar. Eu me uno aos desunidos e entro na fila dos que serão surpreendidos.

Meu convite a você nesse texto é esquecer a perspectiva desanimadora de nossas expectativas mundanas de benefícios pessoais, que buscam a volta de Cristo para fins individuais, e que portanto causam desânimo diante de uma possível espera ainda mais longa. Eu lhes chamo aqui para olhar por outro ângulo, pelo ângulo do Ceú, que há muito trabalho para ser feito diante de um tempo que se encurta. Que há ainda muitas vidas para buscar e muita gente para iluminar antes que Ele volte. E vai ser logo. Não sei se vai ser na minha vida, mas eu não tenho tempo a perder pensando na minha vida. A tarefa é urgente e o tempo nunca esteve tão próximo.

Diego Barreto

Diego Barreto

O Reino

Vivendo já o Reino de Deus enquanto Ele ainda não voltou. Um olhar cristão sobre o mundo contemporâneo.

Teólogo, é co-autor do BibleCast, um podcast sobre teologia para jovens, e produtor de aplicativos cristãos para dispositivos móveis. Atualmente é pastor nos Estados Unidos.