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Coluna | Carlos Magalhães

Tecnofobia

O que fazer quando a tecnologia - que, teoricamente, deveria facilitar a vida - é vista como uma sólida e amedrontadora muralha?


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A tecnofobia pode afetar a saúde do indivíduo e até provocar ataques de pânico diante de novas tecnologias. Foto: Shutterstock

É normal ter medo de usar um novo smartphone, um computador moderno ou um caixa eletrônico de banco? Por que algumas pessoas falam mal a respeito e encontram problema em tudo que é novo? Uma das possíveis respostas é a tecnofobia.

Tecnofobia é o medo ou aversão à tecnologia, de forma constante e persistente. Para algumas pessoas está associada a um sentimento de ansiedade quando se usa algum tipo de dispositivo tecnológico, como um smartphone, caixa de banco ou algo muito avançado, por exemplo.¹

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Se você está em dúvida se tem ou não tecnofobia, fique tranquilo.  A menos que outra pessoa esteja lendo esse artigo ou ele tenha sido impresso, você não deve sofrer disso.  Mas, brincadeiras à parte, o medo de tecnologia é mais frequente do que se imagina e deve ser visto com muita seriedade.

O comportamento contra a tecnologia pode ter origem cultural, ideológica ou religiosa. Por exemplo, populações de alguns países tem mais dificuldade em aceitar novas tecnologias pelo receio da perda de empregos. Algumas religiões rejeitam mais a tecnologia por considerá-la como sendo algo do mal ou que afaste de Deus.  Nesses casos, não podemos considerar como sendo uma fobia, mas uma escolha ou ponto de vista.

A tecnofobia é algo mais profundo. Ela pode afetar a saúde do indivíduo e até provocar ataques de pânico quando a pessoa se depara com uma nova tecnologia que necessita utilizar.

Causas da Tecnofobia

Os principais causadores da tecnofobia podem ser:²

  1. Resposta intuitiva à novidade. Por natureza, nos sentimos inseguros diante das novidades, mas com o tempo esse sentimento tende a diminuir. Por exemplo, quando a luz elétrica foi inventada, também foi considerada uma ameaça à vida. Hoje, poucos fazem essa reflexão ao ligar uma lâmpada, ainda que a eletricidade mantenha seus perigos. Para algumas pessoas, a resistência intuitiva a tecnologias pode ser mais intensa e permanente.
  2. Fator Pessoal. Pode ser o medo de perder o emprego para uma máquina ou de um tipo de produto parar de ser vendido por conta do surgimento de outro. Aqui, a resistência não se deve ao novo, mas à percepção de prejuízo em potencial. Nesse caso, cada um tem uma reação. Por um bom tempo existirão pessoas que irão preferir ouvir música num disco de vinil do que comprar ou baixar faixas mp3, ou assinar um serviço de música na nuvem.
  3. Desafio Intelectual. A pessoa pode ter mais dificuldade para dominar uma nova tecnologia por considerá-la complexa demais, ou tem receio de como ela pode vir a ser utilizada. Por exemplo, a ideia de que os robôs podem substituir os recepcionistas pode gerar uma ideia de desumanização. Os carros autônomos que não precisam de motorista podem gerar medo quanto à segurança dos passageiros.
  4. Comportamental. Um modelo que muda a forma como lidamos com determinadas situações cotidianas pode ser entendido como uma ameaça. Exemplificando, muita gente questiona a segurança do uso do computador ou celular para pagar contas, em detrimento de fazê-lo no caixa do banco.

Filmes e livros sobre ficção científica não são considerados como causas da tecnofobia, mas eles podem ajudar a incutir o medo da tecnologia em mentes ansiosas.

Tecnofobia tem cura?

Algumas pessoas, diante de situações em que não se pode fugir da tecnologia, podem apresentar palpitações, tontura, irritabilidade, respiração ofegante e outros sinais clássicos de ansiedade. Para esses casos, a ajuda especializada de um profissional de saúde mental pode ser o mais adequado. É importante também buscar informações, tentar entender como funcionam os dispositivos e tecnologias que mais assustam. Se o maior medo for de fazer transações bancárias online, busque entender como é feita a segurança digital do site do banco.

Como ajudar a tecnofóbicos³

Se você tem amigos ou parentes que sofrem com isso, sua ajuda pode ser muito útil.

  1. Seja paciente. É comum que indivíduos de mais idade, por exemplo, tenham dificuldades para assimilar tecnologias novas, mas isso não quer dizer que eles não consigam aprender. Provavelmente, eles só precisam de mais tempo. A velocidade com que tecnologias se apresentam é mais intensa atualmente. Para muita gente é difícil acompanhar esse ritmo. Explique com calma e repita a informação várias vezes, se necessário. Isso fará a pessoa se sentir confortável para aprender a usar o celular ou o controle remoto da TV nova. Também é importante ter paciência com pessoas que demoram mais para usar o caixa eletrônico, digitar a senha do cartão no caixa do mercado, passar pelo bloqueio do metrô, etc.
  2. Explique o funcionamento e o benefício da tecnologia e acompanhe-o quando ele quiser tentar algo novo.  A informação é o melhor remédio para qualquer comportamento que se caracterize como tecnofobia.
  3. Desenvolvedores, designers e afins também podem fazer a sua parte, criando páginas, aplicativos e aparelhos mais intuitivos.
  4. Lembre-se de que não adianta insistir. A pessoa só fará quando se sentir tranquila e segura, então mostre que ela pode confiar em você.

Conclusão

A tecnofobia deve ser considerada com seriedade.  Uma pessoa pode se sentir constrangida por não conseguir sacar dinheiro num caixa eletrônico, perder o emprego por não operar uma nova máquina no trabalho, não conseguir se candidatar a um emprego porque muitas empresas só aceitam currículos pela internet, manter-se isolado de amigos e parentes por não conseguir usar o computador ou celular, não conseguir declarar o imposto de renda, etc. Pessoas assim podem se sentir excluídas socialmente.

Se você tem facilidade em usar novas tecnologias e procura uma maneira de usar seus conhecimentos para ajudar outras pessoas, está aí uma boa oportunidade. Ajude aqueles que precisam de amor e compreensão para se adequar às complexas novidades. Veja se na sua comunidade existem adultos e idosos que precisam de ajuda e desenvolva um ministério de apoio. Para isso não é preciso muito. Use os próprios dispositivos dessas pessoas para treiná-las. Mas, se sua igreja possui recursos, monte um curso em alguma sala e envolva a comunidade que mora em volta. Depois, conte-nos os resultados.

“Eis que realizo uma coisa nova, que já está para acontecer. Não percebestes ainda?...” Isaías 43:19.

Referências:

¹ https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnofobia

² https://tecnoblog.net/199408/tecnofobia-medo-tecnologia/

³ http://psicoativo.com/2016/07/tecnofobia-medo-de-tecnologia-causas-sintomas-tratamentos.html

 

Carlos Magalhães

Carlos Magalhães

Igreja Conectada

Como levar a mensagem de Cristo ao maior número possível de pessoas usando a tecnologia digital

Graduado em Publicidade e Propaganda, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e por anos atuou no segmento de e-Health. Tem se dedicado ao desenvolvimento de estratégias de evangelismo na internet há mais de 10 anos, e atualmente é o gerente de Marketing Digital da sede sul-americana da Igreja Adventista.