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Coluna | Carlos Magalhães

Do sofá para o banco: a jornada do visitante digital à igreja física

Quando um visitante chega ao templo depois de conhecer a igreja no mundo digital, como deve ser atendido? Entenda.


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O perfil dos visitantes que vêm do mundo digital é de jovens conectados que buscam encontrar na igreja local uma experiência similar ao que vivenciam na Internet (Foto: Shutterstock)

A tecnologia invadiu nossa vida em vários aspectos. A área de fé e espiritualidade não ficou imune a essa transformação. A internet, em particular, revolucionou a maneira como as pessoas procuram por uma religião e se conectam com a fé. 

Na América do Sul, estima-se que os sites sobre fé e religião recebem mensalmente mais de 266 milhões de visitas. O Brasil é o segundo maior país do mundo quando o assunto é o volume de visitas, representando 18% de todo acesso global[1].

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Alguns estudos indicam que cada vez mais pessoas recorrem ao Google antes de visitar uma igreja. Essas pesquisas podem ser motivadas por diversos fatores, como o desejo de conhecer mais sobre ela, seus valores, horários de culto, localização e até mesmo para encontrar respostas sobre questões espirituais ou religiosas específicas[2].

Por isso, é importante criar estratégias para entender e atender bem a esses visitantes, tanto no mundo digital quanto no físico. 

Quem é o visitante que vem à igreja a partir da internet?

  1. Solitários. Eles conhecem a igreja e estudam seus costumes e doutrinas, muitas vezes sem a ajuda de outras pessoas. Quando decidem fazer uma visita física, geralmente chegam sozinhos sem conhecer ou ter amigos na igreja.  
  1. Jovens. A maioria desses visitantes é de uma faixa etária jovem. Podem ser casados, ter filhos pequenos e comumente são usuários ativos de tecnologias e redes sociais.  
  1. Background religioso. Podem vir de outras denominações cristãs e religiões. Podem ser ex-adventistas há muito tempo afastados ou pessoas que estão buscando uma nova comunidade de fé. 
  1. Expectativas. Chegam com expectativas que foram criadas com base no atendimento que receberam na internet. Por exemplo, se a igreja oferece uma experiência online acolhedora e interativa, eles podem esperar o mesmo no ambiente físico. 

A seguir, você encontrará várias dicas e sugestões que ajudarão essas pessoas a encontrar sua igreja na internet e como recepcioná-las de forma acolhedora quando visitarem o templo físico. 

O que não deve faltar nos sites e/ou redes sociais:

  1. Dias e horários do início e término dos cultos; 
  1. Endereço da igreja; 
  1. Contato da igreja (telefone, e-mail, WhatsApp etc.); 
  1. Informações como:  

a. O que vestir  

b. Onde estacionar  

c. Classe para crianças 

d. Acesso aos sermões anteriores no YouTube ou em outra rede social  

  1. Atendimento: É essencial monitorar as interações e comentários que chegam nas redes sociais durante a semana e respondê-las dentro do menor tempo possível.  

Prepare a igreja para receber os visitantes da internet:

  • Treinamento: Os recepcionistas são os primeiros pontos de contato para novos visitantes. Eles podem fazer com que os visitantes ansiosos se sintam cuidados e confortados nos primeiros minutos de chegada à igreja. Treine-os para que sejam calorosos e envolventes com cada pessoa que passar pela porta. A hospitalidade é fundamental, mas o excesso deve ser evitado. Acima de tudo, os que estão nessa função precisam ser bons leitores de pessoas! 
  • Empatia: Tenha pessoas disponíveis para guiar os visitantes aos assentos, se necessário. Coloque os visitantes ao lado de pessoas ou famílias amigáveis que certamente os envolverão antes ou depois do culto. 
  • Respeite a cultura: O visitante que chega a partir da internet nem sempre conhece a cultura da igreja local. Ele pode se apresentar de forma inadequada para os padrões da igreja. Conscientize os membros para evitar palavras e olhares de julgamento. 
  • Assistência: Os recepcionistas também devem estar prontos e dispostos a acompanhar os visitantes aonde quer que eles precisem ir (classes infantis, banheiro, classes da Escola Sabatina etc.). 
  • Sinalização: Placas e cartazes devem informar claramente como chegar aos banheiros, bebedouros, sala infantil, etc. 
  • Decoração: A forma como sua igreja é decorada influencia a maneira como as pessoas se sentem enquanto estão lá.  
  • Cuidado com as crianças: A equipe do Ministério da Criança e Adolescente deve ter um sorriso brilhante e um comportamento calmo e acolhedor para deixar os pais e as crianças tranquilos e à vontade. 
  • Assentos: Não coloque os novos visitantes logo na frente. Não há maneira melhor de fazer com que eles se sintam desconfortáveis. 
  • Reconhecimento: Os novos visitantes prestarão muita atenção a tudo que acontece durante o culto. É importante incluí-los de uma forma que eles não achem constrangedora. É melhor não pedir que se levantem ou levantem as mãos. Alguns visitantes podem não se importar com isso, mas outros podem se sentir envergonhados! 
  • Oferta: Não transforme a oferta em uma obrigação. Quando chegar a hora de recolher as ofertas, informe aos convidados que eles podem participar, se quiserem, mas que isso não é esperado ou exigido. 

O que fazer depois da visita?

Faça o acompanhamento do visitante de maneira online. Isso pode acontecer de várias formas. Algumas igrejas possuem um cartão para os visitantes preencherem opcionalmente e receberem informações. Quando o visitante devolve o cartão preenchido no balcão de boas-vindas ou ao recepcionista, eles recebem um presente. 

Esses cartões de conexão devem ter um espaço para o número de WhatsApp, endereço de e-mail ou a forma preferida de contato do visitante. Também permita que o ele avalie a recepção, o culto ou se algo não ocorreu como o esperado. 

Agora que você coletou os cartões de conexão, não se esqueça de entrar em contato! O contato oportuno com os visitantes da igreja é fundamental. Se eles dedicaram tempo para preencher o cartão e devolvê-lo, é muito provável que fiquem felizes em receber informações da sua igreja! 

É recomendável: 

  • No mesmo dia: Envie uma mensagem de texto ou e-mail no final do dia agradecendo a presença do visitante. Não precisa ser algo longo ou complicado - basta dizer que você está feliz com a visita dele à igreja. 
  • Durante a semana: Convide-o para o próximo culto, informe-o de algum evento especial ou sobre alguma atividade da igreja que o visitante mostrou interesse. 

Lembre-se: 

  • Seja amigável e acolhedor em toda a comunicação. 
  • Evite ser insistente ou promocional. 
  • Respeite a privacidade do visitante, entrando em contato apenas pela forma que ele indicou como preferência. 

Ao implementar essas dicas, você pode criar uma experiência positiva e acolhedora para os visitantes, tanto no mundo digital quanto no físico, aumentando a chance de fidelizá-los em sua comunidade. 

Em resumo, as pessoas que chegam à igreja física após conhecê-la no mundo digital podem apresentar uma combinação de características que incluem curiosidade, busca por uma experiência imersiva, desejo de aprofundar a fé, busca por acolhimento e inclusão, e diversos fatores emocionais. É importante que a igreja esteja preparada para acolher e integrar esses novos membros, a fim de fortalecer a comunidade e promover o crescimento espiritual de todos. 

“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (Hebreus 13:2). 


Referências:

[1] Fonte: Semrush.com (Janeiro 2024)

[2] https://www.pewresearch.org/religion/2023/06/02/online-religious-services-appeal-to-many-americans-but-going-in-person-remains-more-popular/
https://www.intimacywithgod.com/2020/08/11/top-100-google-religious-searches-2019-2/

Carlos Magalhães

Carlos Magalhães

Igreja Conectada

Como levar a mensagem de Cristo ao maior número possível de pessoas usando a tecnologia digital

Graduado em Publicidade e Propaganda, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e por anos atuou no segmento de e-Health. Tem se dedicado ao desenvolvimento de estratégias de evangelismo na internet há mais de 10 anos, e atualmente é o gerente de Marketing Digital da sede sul-americana da Igreja Adventista.