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Coluna | Carlos Magalhães

Igreja fidigital: como transformar os novos tempos em oportunidades

Estratégias diferentes devem ser usadas para alcançar e abençoar quem está no templo físico e no virtual


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Desafios devem ser vistos como oportunidades para levar mensagem de esperança para mais pessoas (Foto: Shutterstock)

Quando a pandemia do novo coronavírus começou, as igrejas se viram diante de uma série de desafios: cultos pela Internet, Escola Sabatina e reuniões de comissão via Zoom, evangelismo via WhatsApp. Toda essa reinvenção originou um conceito chamado de igreja híbrida, ou seja, que não é apenas física, mas também digital: o “fidigital”.

O fidigital não é uma substituição ao modelo tradicional de igreja. É um elemento adicional que usa a tecnologia digital para manter a conexão entre os membros e a continuidade da missão da Igreja. Ele amplia a atuação, tornando-a presente física e digitalmente em qualquer lugar e em todos os momentos.

Apesar disso, é preciso reconhecer que o ideal nem sempre é fácil. Cada templo vive uma realidade diferente. Por isso, nem todos se tornarão fidigital. Assim, as dicas a seguir são para aquelas igrejas que planejam ou já estão caminhando nessa direção.

Público invisível

Quando se torna fidigital, a igreja precisa ter consciência de um novo público que não se enxerga. Nele estão membros assíduos, os igrejados, os desigrejados e os afastados.  Os assíduos frequentam ou assistem regularmente aos cultos e os consideram importantes para a vida espiritual. Os igrejados vão ou assistem aos cultos esporadicamente, e os desigrejados raramente fazem isso. Já os afastados abandonaram os cultos físicos e online.

Para alcançar todos esses públicos é preciso adaptar algumas estratégias e criar outras novas.

Cultos online: assistir e participar

Assistir e se engajar são coisas diferentes. Apenas assistir a um culto online não é o mesmo que participar da igreja. Várias pessoas assistem aos cultos por necessidade religiosa ou espiritual, mas não criam vínculos com a igreja. Esse fato ressalta a importância de se ter uma estratégia que vá além da transmissão dos cultos e que busque conectar quem assiste virtualmente com os demais membros da igreja.

Isso pode ser feito de várias maneiras. Atualmente já existem pastores e igrejas que durante a semana se conectam virtualmente, compartilham vídeos inspiradores com os membros e visitantes, além de áudios, textos, links e estudos bíblicos via WhatsApp, Telegram ou outro meio digital.

Repensando os cultos

Algumas igrejas  entenderam que para manter a audiência engajada nos cultos que são transmitidos pela Internet é necessário ajustar a ordem e tempo do programa. A audiência do culto online pode cair drasticamente se o programa for muito lento ou demorado. Sendo assim,  alguns pregadores estão adaptando seus sermões para serem mais focados, mais pessoais, mais curtos e priorizar a conversa e a interação com os membros. Eles interagem lendo pedidos de oração e fazendo perguntas que estimulam a participação.

Cuidando dos não digitais

O mundo digital é muito instigador porque permite às igrejas alcançar mais pessoas que em qualquer outra era. No entanto, se a igreja for apenas digital, corre o risco de perder alguns grupos essenciais. Por isso, é importante ter estratégias para manter a conexão com os que não podem ir ao templo físico regularmente ou que não aderiram à tecnologia.

Idosos e pessoas do grupo de risco que tem dificuldade com tecnologias precisam ser atendidas e acompanhadas pela igreja. Para esses, suas casas se tornaram igrejas. Lares com crianças pequenas também podem precisar de ajuda.  Os pais e responsáveis se tornaram os pastores e, talvez, necessitem de ajuda para saber como providenciar a educação espiritual das crianças. Os afastados também precisam receber atenção. É necessário saber por que não estão indo à igreja e como podem ser ajudados a se reconectar com os outros.

Recepção virtual

As igrejas fidigital tem uma nova porta de entrada: os chats e os comentários das plataformas sociais,  onde os cultos são transmitidos. Líderes e voluntários podem servir como anfitriões para recepcionar os visitantes e cumprimentá-los individualmente pelo nome nesses chats. O anfitrião pode encorajar os visitantes a preencher cartões digitais que oferecem outros serviços da igreja, como orações, estudos bíblicos, livros grátis. A prioridade é encontrar meios de ajudar os visitantes a se sentirem bem recebidos e oferecer oportunidade para que se conectem com a igreja.

Missão digital

Existem várias atividades digitais da igreja em que a atuação dos membros é imprescindível:

- Ajudar nas transmissões dos cultos e eventos online;

- Atender interessados nos cultos online;

- Criar estratégia pós-culto online para continuar servindo aos visitantes digitais;

- Compartilhar mensagens bíblicas;

- Dar estudos bíblicos;

- Orar pelas pessoas;

- Ensinar e ajudar os mais idosos a utilizarem a tecnologia;

- Contar estórias para crianças.

Faça um plano

É importante que os líderes locais realizem planos para tornar sua igreja fidigital. Para isso, a realidade atual da igreja deve ser considerada. Existem pessoas e recursos disponíveis para manter a iniciativa consistente e por longo prazo? Quais tipos de serviço serão prestados aos membros e a comunidade? A estratégia certa é aquela que se adapta melhor à realidade da sua congregação.

É preciso considerar que a realidade da igreja do ano passado talvez nunca mais retorne. Daqui em diante precisaremos nos adequar e desenvolver novas maneiras para manter a igreja unida e atuante no mundo físico e digital. Cada vez mais as pessoas precisam saber que podem contar com as igrejas fisicamente e digitalmente para atender suas necessidades e expectativas espirituais.

Dados importantes

  • Quanto maior o número de jovens numa igreja, maior será a abertura dela para o fidigital.
  • As reuniões presenciais continuarão sendo preferidas por crianças, jovens e adultos que valorizam a interação com os amigos.
  • Algumas pessoas se adaptaram à igreja digital e não se sentem estimuladas para retornar à física. Nesses casos, a igreja precisa promover uma experiência diferenciada e segura no ambiente físico.
  • Durante o período de isolamento e quarentena, alguns membros, anteriormente assíduos na igreja física, não participaram dos cultos online e se afastaram. É necessário identificá-los e resgatá-los.
  • A maioria das pessoas sente dificuldade para manter o foco enquanto assiste aos cultos online, principalmente se existirem crianças no lar.
  • As igrejas precisam ampliar e envolver os membros no ministério digital, que vai além dos momentos de culto online.

Referências

BARNA. Six questions about the future of the Hybrid Church Experience. EUA, Barna. 2020.

Carlos Magalhães

Carlos Magalhães

Igreja Conectada

Como levar a mensagem de Cristo ao maior número possível de pessoas usando a tecnologia digital

Graduado em Publicidade e Propaganda, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e por anos atuou no segmento de e-Health. Tem se dedicado ao desenvolvimento de estratégias de evangelismo na internet há mais de 10 anos, e atualmente é o gerente de Marketing Digital da sede sul-americana da Igreja Adventista.