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Coluna | Wellington Barbosa

Ministério aprovado

O que as cartas de Paulo ensinam aos líderes religiosos hoje sobre um ministério aprovado por Deus e que faz toda a diferença na vida das pessoas?


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Quatro aspectos destacados nas epístolas que Paulo escreveu, sobretudo a Timóteo e Tito, colaboram para uma melhor compreensão do que significa um ministério pastoral com êxito. (Foto: Shutterstock)

Quando Paulo escreveu as cartas a Timóteo e Tito, provavelmente não tivesse ideia de que estava produzindo o primeiro manual para líderes eclesiásticos da história do cristianismo. Em linguagem simples, o apóstolo se dedicou a aconselhar seus associados quanto à melhor maneira de lidar com situações presentes nas comunidades cristãs da cidade de Éfeso e da ilha de Creta. Inspiradas pelo Espírito Santo, essas orientações compartilhadas transcenderam os limites temporais, geográficos e culturais, oferecendo a nós um valioso guia para entender o ministério e os desafios da igreja.

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No auge de sua experiência e próximo do fim de sua vida, Paulo apresentou nas epístolas pastorais as principais dimensões da atividade ministerial, esperando que seus leitores pudessem exercer suas atividades com a excelência que o ofício requer. Assim, ele apontou quatro aspectos fundamentais.

Condução das igrejas e desenvolvimento de líderes

Em primeiro lugar, o apóstolo demonstrou sua preocupação quanto à condução das igrejas. Por isso, compartilhou instruções referentes à liturgia (1 Timóteo 2), liderança (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-9), organização (1 Timóteo 5:3-25) e confrontação de falsos mestres e suas heresias (1 Timóteo 4; Tito 1:10-16). Para ele, era necessário que as coisas estivessem em ordem (Tito 1:5), de modo que cada congregação fosse reconhecida pela reverência de seu culto, consistência de seus líderes, adequação de sua estrutura e solidez de sua doutrina.

Além disso, Paulo chamou atenção para o desenvolvimento pessoal dos líderes cristãos. Isso envolve aspectos ligados a seu caráter (1 Timóteo 3:1-13; 2 Timóteo 2:14-26); sua espiritualidade (1 Timóteo 4:13-16, 2 Timóteo 1:6, 7) e fidelidade (2 Timóteo 4:1-4). Sob a ótica paulina, um líder deveria ter uma vida imersa na Palavra, de tal maneira que sua conduta, família, atividade e instrução fossem reflexos inequívocos disso. Nesse sentido, a liderança cristã está longe de ser um ofício performático, mas é absolutamente dependente da real presença do Espírito como agente ativo de santificação pessoal e capacitação ministerial.

Relações interpessoais

As cartas pastorais também trazem uma série de conselhos a respeito das relações interpessoais. A conduta adequada quanto a homens e mulheres, jovens e idosos tem seu lugar na correspondência entre Paulo e seus associados (1 Timóteo 5:1, 2; Tito 2:1-10). A recomendação apostólica era de que eles tivessem interações marcadas pela educação, discrição, honestidade, pureza e dignidade. Aos coríntios, ele comparou o trabalho dos líderes cristãos ao papel de embaixadores do reino (2 Coríntios 2:50). Portanto, eles devem refletir a nobreza de seu chamado por meio de uma conduta livre de culpa e agregadora diante das pessoas com quem convive.

Foco na missão

Antes de concluir sua última carta, ao que tudo indica, Paulo fez um apelo fervoroso a Timóteo a fim de que não se esquecesse do principal: “Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela Sua manifestação e pelo Seu Reino, peço a você com insistência que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não, corrija, repreenda, exorte com toda a paciência e doutrina. [...] Seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério” (2 Timóteo 4:1, 2, 5).

Assim, o cumprimento pleno do ministério nunca será alcançado, a menos que o líder cristão seja dedicado à proclamação do evangelho. Com qualidade e em quantidade, “as boas-novas a respeito do reino” devem ser “anunciadas em todo o mundo, para que todas as nações as ouçam; então, virá o fim” (Mateus 24:14, NVT).

Embora quase dois mil anos nos separem da composição das cartas pastorais, é possível observar quão atuais continuam sendo seus ensinos. Os lugares mudaram, a sociedade se transformou, o conhecimento se multiplicou e outros desafios surgiram. Ainda assim, em linguagem atual e com estratégias contemporâneas, se formos fiéis e colocar em prática esses princípios, teremos condições de aperfeiçoar nossa atividade e obter uma liderança aprovada por Deus.

Wellington Barbosa

Wellington Barbosa

Papo de líder

Conceitos de liderança sob uma perspectiva cristã.

Formado em Teologia e Administração, é especialista em Aconselhamento Familiar, mestre em Teologia e doutor em Ministério pela Universidade Andrews (EUA). Trabalha na Casa Publicadora Brasileira (CPB), onde é o editor da revista Ministério, voltada a pastores e líderes da Igreja Adventista. @prwellington7