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Coluna | Adolfo Suárez

Decisões para um novo ano

Ano novo é tempo de fazer reflexões do ano que passou e planos para o próximo, e uma forma eficiente é baseando nas orientações de Deus.


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A chegada de um novo ano com base bíblica. (Foto: Shutterstock)

Haviam transcorrido quatro décadas de peregrinação no deserto; a geração de adultos havia morrido (Deuteronômio 2:14-15). Era o momento propício de lembrar de antigos compromissos, pois “a geração mais jovem estava acampada na terra de Moabe, do outro lado do rio Jordão de Canaã, preparando-se para invadir pelo leste (Deuteronômio 1:5)”.[1]

Com voz cansada, porém firme, o grande líder Moisés lembra ao povo o compromisso que o Senhor fizera com eles. Então, passa a recapitular os Dez Mandamentos que deveriam nortear sua atual e nova vida.

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Estamos diante de um novo ano, com suas oportunidades e desafios. É oportuno parar e refletir, a fim de avaliar a nossa vida e estabelecer prioridades na nova jornada que logo iniciará. Por isso, proponho que, a partir das palavras do Senhor, registradas por Moisés em Deuteronômio 5:7-21, estabeleçamos nossos objetivos pessoais com o objetivo de vivermos de acordo com a vontade do Pai Celestial.

Os primeiros quatro compromissos têm a ver com a nossa fidelidade a Deus; os seis últimos estão relacionados com a maneira como nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor.

1.    Sejamos leais a Deus (verso 7)

Em todo relacionamento sério, a lealdade é fundamental. Nenhum namorado, em sã consciência, admite que sua namorada partilhe suas afeições com outros admiradores. Cônjuges não aceitam concorrência; exigem exclusividade.

Igualmente, Deus insiste em ser o único amor de nossa vida, o único Senhor a quem devotamos lealdade e devoção completas. E ele também insiste em ser adorado do modo correto: com respeito, em espírito e em verdade. Nada de ídolos para dar sentido à adoração; nada de ídolos para direcionar a adoração. Deus deve ser adorado na beleza da Sua santidade. Ele quer ter conosco um relacionamento exclusivo, direto, pessoal e mediado pela Sua Palavra escrita. Assim, não é suficiente adorarmos ao Deus correto; devemos adorar corretamente ao Deus correto.[2]

2.    Adoremos ao Senhor corretamente (versos 8 a 10)

A devoção está intimamente ligada à lealdade. Enquanto a lealdade prescreve a necessidade de sermos fiéis a Deus, a devoção prescreve a necessidade de oferecermos culto único, exclusivo e correto a Ele.

Querendo ou não, nós prestamos culto. Porque prestar culto é muito mais do que estar presente numa reunião aonde se canta, ora e alguém prega; prestar culto é mais do que isso. Prestar culto é dedicar tempo, esforço, sacrifício, afeição, reverência, confiança em favor de algo ou alguém. E todos nós fazemos isso. A proibição de devoção a outro ser que não seja Deus estabelece que Ele não quer ser confundido com imagens e caricaturas, e também não quer ser confundido com deuses falsos. Em outras palavras, temos que adorar de modo correto ao Deus correto, em plena lealdade.

Considerando que todo adorador se assemelha a quem adora, é essencial que adoremos ao único Senhor e que o façamos com correção e consciência.

3.    Sejamos reverentes com Deus (verso 11)

Em 2025 Deus convida você a um relacionamento próximo, chegado, mas a um relacionamento de respeito. Deus é Deus, e Ele não admite ser banalizado. Ele é acessível a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas lembre: Ele é Deus e nós somos criaturas.

É verdade que Deus está ao seu lado, mas não o trate como um “amigão”, como uma “colega”, porque Ele não é nada disso. Ele é muito melhor e muito mais que isso. E lembre:

  • Seja reverente no Templo: o Templo é a casa de Deus.
  • Seja reverente na oração: a oração é maneira de falar com Ele.
  • Seja reverente no estudo da Bíblia: o estudo da Bíblia é a maneira de Deus falar com você.
  • Seja reverente quando está só: comporte-se adequadamente quando ninguém está olhando, porque Deus está olhando. E ele merece respeito em nossos atos.

4.    Santifiquemos o dia do senhor (versos 12 a 15)

O Sábado é uma crença, mas também é uma experiência. O sábado possibilita uma adoração mais completa. O sábado é uma bênção. Alguns podem se perguntar: Quais as bênçãos do sábado? Estas são algumas das bênçãos que obtemos quando guardamos devidamente o sábado.

  1. No sábado desfrutamos de relacionamento. O sábado é um tempo para os relacionamentos essenciais que fazem de nós aquilo que somos – relacionamento com Deus, com a família e amigos e com toda a obra da criação.
  2. O sábado nos ensina o verdadeiro significado da vida. O sábado é um período durante o qual temos a oportunidade de relembrar que o significado da vida vem do relacionamento de Deus conosco. 
  3. O sábado nos ensina gratidão. O sábado é um período separado para a gratidão e submissão à Maior Autoridade. É um dia para refletir na alegria de sermos seres humanos no mundo de Deus.
  4. O sábado nos oferece descanso. O sábado é um convite a desacelerar o passo. Ao cessarem as atividades no sábado, somos convidados a parar, valorizar a calma.
  5. O sábado nos oferece profundidade e solidez. O sábado nos permite a oportunidade para a meditação, a contemplação, a reflexão, que podem conduzir a uma vida mais significativa e sólida.
  6. O sábado cria e fortalece o senso de comunidade. Adorar em família e com a comunidade é uma maneira de espantar o individualismo e a solidão.
  7. O sábado cria em nós o senso de pertença. O sábado nos lembra que temos uma origem, um propósito e um Criador. Adorar a Deus no Sábado fortalece nosso valor, nossa identidade. Adorar a Deus no Sábado fortalece nossa autoestima, pois o Sábado enfatiza nossa natureza e origem.

5.    Honremos os nossos pais e respeitemos toda autoridade (verso 16)

O propósito específico deste mandamento é a honra devida aos pais. E o propósito amplo deste mandamento é a preservação da ordem civil, a qual Deus fixou em obrigações mútuas entre inferiores e superiores.

Honrar nossos pais significa querer o bem deles, querer que eles se sintam bem, e agir para que se sintam bem. Honrar nossos pais significa ouvir os conselhos deles. Honrar nossos pais significa falar bem deles. Significa procurar maneiras de mostrar-lhes nosso apreço, nosso respeito, nossa admiração, nosso amor: seja mediante uma carta, uma mensagem, um cartão, um presentinho, um telefonema, um abraço, um beijo, uma declaração de amor.

E porque honramos os nossos pais, que representam o fundamento de toda autoridade, respeitamos as autoridades estabelecidas, desde que elas não conflitem com o nosso respeito a Deus.

6.    Respeitemos a vida (verso 17)

A semente do desrespeito pela vida está incrustada em nossa natureza pecaminosa. Afinal, por que Deus proibiria toda a humanidade de cometer assassinato se soubesse que algumas pessoas estariam livres de cometer assassinato?

O sexto mandamento envolve todos os aspectos de nossa relação com o próximo, e nos lembra que devemos respeitar a vida, não apenas não matando-a, mas fazendo com que a minha vida e a vida do outro sejam de qualidade.

E por que deveríamos tratar o outro com respeito? Por que deveríamos ser bondosos com o próximo? Porque Deus é respeitoso e bondoso conosco. Romanos 5:5 diz: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O amor de Deus, com Seu fino trato, é para todos nós, mesmo que nós não o mereçamos. E por isso Ele exige que nós tratemos o próximo à altura do fino trato que Ele nos dá.

7.    Sejamos puros (verso 18)

Este mandamento fundamenta-se no princípio da pureza sexual. Para os casados, pureza sexual é fidelidade e respeito ao cônjuge; para os solteiros, pureza sexual é manter-se longe do ato sexual ou de qualquer forma de sexo.

Assim, o tema da pureza não é dever somente dos solteiros. Casados também precisam ser puros em seu relacionamento conjugal. Isso inclui, acima de tudo, a fidelidade ao cônjuge em toda e qualquer circunstância.

Em 2025 seja puro em seu namoro, noivado e casamento.

8.    Sejamos honestos (verso 19)

No oitavo mandamento Deus proíbe não somente o furto e o roubo, que as autoridades civis punem, mas classifica de roubo também todos os artifícios e esquemas ilegais e imorais, pelos quais procuramos nos apropriar dos bens de nosso próximo, seja pela força ou de modo sorrateiro, como falsos pesos e medidas, anúncios ou mercadorias enganosas, promessas não cumpridas.

Numa de suas mais belas e impressionantes citações, Ellen White nos desafia a vivermos a mais transparente honestidade: “A maior necessidade do mundo é a de homens e mulheres que não se comprem nem se vendam; homens e mulheres que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens e mulheres que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens e mulheres cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens e mulheres que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”.[3]

9.    Sejamos verdadeiros (verso 20)

A ética situacional nos ensina que a ação num determinado caso depende da situação. Pode-se justificar uma mentira gigantesca, sempre e quando o motivo for correto. Nós cristãos não pensamos assim; entendemos que uma mentira é sempre mentira, e não deixa de ser mentira dependendo da situação. E nós pensamos assim porque entendemos que a verdade não deve ser negociada. A verdade não tem valor; não depende da necessidade.

O sábio Salomão tem um discurso duro. Ele afirma em Provérbios 12:22: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor”. Uma abominação é algo odioso e revoltante.[4] O apóstolo João afirma categoricamente que aqueles que contam mentiras não entrarão na Nova Jerusalém, não terão a vida eterna (Apocalipse 21:27).

10. Vivamos com contentamento (verso 21)

O desejo desmedido, o querer ter as coisas, não tem limites, porque é algo que está na imaginação da pessoa. Todavia, embora os desejos sejam ilimitados, a capacidade de possui-los é limitada, finita. Aí repousa a loucura de querer mais do que se pode. Por isso, Deus nos adverte: “Não cobicem a casa do próximo, nem sua esposa, seu escravo, sua escrava, seu boi ou jumento. Não ponham o coração em nada que pertence ao próximo”. Êxodo 20:17 (A Mensagem).

Cobiçar significa colocar nossa devoção em coisas – dinheiro, sucesso, fama – e transformá-las no centro de nossa existência, crendo que são o fundamento sobre o qual construímos a felicidade. Para o cobiçoso, as coisas se tornam mais importantes do que as pessoas e suas necessidades.[5] O cobiçoso nunca está satisfeito; para ele, o muito é ainda pouco. Enfim: A cobiça é o amor fora de proporção, fora de equilíbrio e fora de lugar.

O melhor remédio contra a cobiça é a gratidão. Uma pessoa grata tende a desfrutar do que já conquistou, fica feliz com o que já recebeu. Uma pessoa grata entende que o que realmente importa não é o quanto se tem, mas o que se faz com o que se tem, e qual o estado de espírito com o que se tem.

Decisão

Ao começar um novo ano, avalie seu comportamento em 2024 e identifique os aspectos nos quais você precisa crescer em 2025. As diretrizes acima resumidas são de origem celestial, e constituem o cerne de uma vida plena, exitosa e vivida segundo coração de Deus. Pela graça do Pai podemos viver um novo ano muito melhor!

Feliz Ano Novo!


  • [1] Dybdahl, J. L., org. (2010). Andrews Study Bible Notes (p. 217). Andrews University Press.
  • [2] Adaptado de Michael Horton. A Lei da Perfeita Liberdade, p. 79.
  • [3] Adaptado de Ellen White. Educação, pág. 57.
  • [4] Loron Wade. Os Dez Mandamentos, p. 84.
  • [5] Loron Wade. Os Dez Mandamentos, p. 93.
Adolfo Suárez

Adolfo Suárez

Ouvindo a voz de Deus

Reflexões sobre teologia e dom profético

Teólogo e educador, é o atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) e Diretor do Espírito de Profecia da DSA. Mestre e doutor em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Teologia, é autor de diversos livros, e membro da Adventist Theological Society e da Society of Biblical Literature.