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Coluna | Adolfo Suárez

A Criação: Gênesis como fundamento (parte 2)

O que há mais há no relato de Gêneis que torna seu estudo fundamental para a compreensão da Bíblia de uma maneira integrada e coesa?


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A narrativa literal da criação, atribuída a Moisés, é questionada por alguns, mas possui muitas referências que lhe conferem autenticidade. (Foto: Shutterstock)

Gênesis 1:1 é um dos mais poderosos e importantes versículos da Bíblia, pois apresenta quatro afirmações essenciais para compreensão da origem do mundo e do ser humano.[1]

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A primeira afirmação declara que Deus fez o céu e a Terra “no princípio”. Isso significa que houve um tempo em que este Globo e os céus atmosféricos não existiam. Pelo uso da expressão “no princípio”, a cosmologia do Gênesis estabelece um início absoluto para a criação. A expressão no princípio desassocia, de uma vez por todas, a concepção do mundo de todo o ritmo cíclico da mitologia pagã e da especulação da metafísica antiga. Este mundo, sua vida e história não dependem do ritmo cíclico da natureza, pois foi trazido à existência como um ato da criação por um Deus transcendente.

A segunda afirmação é a de que Deus é o Criador: “Criou Deus”. Isso significa que Ele é completamente separado e independente da natureza. Deus age na natureza, mas Ele e a natureza são separados e não podem, jamais, ser igualados a alguma forma de emanacionismo ou panteísmo. Nas cosmologias egípcias, tudo está contido dentro da mônada (forma mais simples) inerte, até mesmo o deus criador. No Egito, não há separação entre Deus e a natureza. Na cosmologia do Gênesis, Deus é independente de Sua criação.

A terceira afirmação declara que Deus atuou diretamente na criação: “Criou”. O verbo específico para criar, bara’, tem somente Deus como Seu sujeito em toda a Bíblia. Isto é, somente Deus é o Criador, e ninguém mais pode compartilhar dessa atividade especial.

A quarta afirmação tem a ver com o objeto da criação, a matéria que é trazida à existência por criação divina, ou seja, “os céus e a Terra”. Essas palavras, em hebraico, são os sinônimos para o termo cosmos por nós usado. Um estudo mais aprofundado das 41 formas de uso da frase “o céu e a Terra” revela que elas não significam que Deus criou todo o Universo, já com as milhares de galáxias, na ocasião em que Ele criou o mundo. O foco permanece no planeta Terra e em seus arredores mais ou menos próximos. As ideias expressas no primeiro verso da Bíblia definem o rumo de toda a cosmologia de Gênesis.

Acompanhe o estudo completo da lição 9 da Escola Sabatina acessando o vídeo abaixo. Assista e compartilhe o link; dessa forma, muitas pessoas poderão se beneficiar do estudo da Sagrada Escritura.


Referência:

[1] Gerhard Hasel e Michael Hasel. “A Cosmologia única do Gênesis”. Diálogo 28:1 (2016): 6-11, 19.

Adolfo Suárez

Adolfo Suárez

Ouvindo a voz de Deus

Reflexões sobre teologia e dom profético

Teólogo e educador, é o atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) e Diretor do Espírito de Profecia da DSA. Mestre e doutor em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Teologia, é autor de diversos livros, e membro da Adventist Theological Society e da Society of Biblical Literature.