Colégio Adventista de Novo Hamburgo (RS) realiza feira de iniciação científica
Dos 72 trabalhos expostos na feira da instituição, 30 estão concorrendo a participação em evento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A introdução da iniciação científica na educação básica tem pouco a pouco ganhado respaldo no Brasil com o passar dos anos. Especialistas da área de educação defendem que a introdução da pesquisa acadêmica desde o ensino fundamental auxilia na multidisciplinaridade do ensino, além de instigar a criatividade e um aprendizado por meio da investigação.
Outro benefício da presença da pesquisa na escola é possibilitar ao estudante um aprofundamento em assuntos que sejam de seu próprio interesse e que possuam grande relevância social. Dessa forma, o aluno identifica um problema e realiza a pesquisa em busca de possíveis soluções, o que pode contribuir para a percepção de que seu aprendizado realmente contribui com a comunidade.
Para promover a pesquisa científica desde o ensino fundamental até o médio, o Colégio Adventista de Novo Hamburgo realiza há três anos a FIC (Feira de Iniciação Científica).
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Em 2019 a terceira edição do evento ocorreu no dia primeiro de setembro, onde 72 trabalhos foram expostos em estandes alocados no ginásio do colégio. O tema geral definido pela própria diretoria da instituição foi saúde e criacionismo - dentro do tema geral, os alunos tiveram a liberdade para afunilar o assunto e dar o viés que quisessem.
Para chegarem à FIC, os trabalhos foram avaliados por bancas de qualificação formadas por seus professores. Apenas os qualificados pelas bancas participaram da apresentação final na feira.
A premiação dos conteúdos produzidos e apresentados pelos alunos, ocorreu nesta terça-feira (10). Foram contempladas três categorias: a primeira agrupou as turmas do sexto e sétimo ano, a segunda oitavo e nono e a terceira foi composta pelas turmas do ensino médio, com primeiro, segundo e terceiro lugar em cada.
Os estudantes se dedicaram aos artigos desde fevereiro deste ano. Docentes de diversas disciplinas orientaram as pesquisas dentro da temática de saúde e criacionismo, tarefa que se apresentou como um grande desafio. A professora Gilmara Fernandes leciona Matemática para o nono ano e o ensino médio. Um dos grupos que ela orientou deu o seguinte título ao artigo que produziu: Onicologia: Estudo das unhas – assunto bem distante das ciências exatas que são a especialidade da docente.
“A princípio, quando eu li o tema das meninas, “Onicologia”, eu pensei que elas tivessem escrito errado. Pensei que queriam dizer Oncologia. Quando pesquisei sobre o assunto, vi que aquilo realmente existia. Pensei “no que vai dar esse trabalho?” Mas, tive que pesquisar e as meninas também e nós fomos aprendendo juntas”, conta Fernandes.
Apesar da temática não ser familiar, a pesquisa das quatro alunas do nono ano orientadas pela professora Gilmara ganhou medalha de primeiro lugar na categoria dos oitavo e nono anos.
No dia da apresentação, na feira, cada trabalho passou pelo crivo de três avaliadores. Ao todo, 67 avaliadores analisaram os materiais expostos. Não só professores da própria instituição fizeram esse trabalho, mas pais de alunos, profissionais e educadores de diversas áreas, inclusive docentes universitários, foram convidados para compor o grupo que deu nota às pesquisas.
Bruna Mendes, de 16 anos, escreveu seu artigo com mais três colegas de turma. As quatro adolescentes estudaram sobre dieta vegetariana para crianças. A jovem conta que o aprendizado valeu não só para a pesquisa, mas para a vida. “Nós tivemos dicas de como evoluir no trabalho, mas também tivemos experiências de vida, sobre como melhorar a nossa alimentação”, conta. O trabalho delas ganhou o primeiro lugar dentre todos os realizados pelas turmas do ensino médio.
Ester Fávaro, coordenadora pedagógica do colégio, conta que a pesquisa científica gera um desenvolvimento nítido nos alunos. “A gente percebe muito o crescimento. O aluno articula melhor aquilo que escreve e os professores comentam que o crescimento é geral. Esse ano a qualidade dos trabalhos foi superior a do ano passado, nós tivemos menos trabalhos desqualificados”, diz Fávaro.
“Por meio da feira nós preparamos os alunos para o ambiente da faculdade. Pretendemos estimular um espírito investigador para que eles não se contentem com conteúdos prontos, mas que produzam o seu próprio conteúdo”, explica Moisés Cardinot, diretor do colégio.
30 dos 72 trabalhos apresentados na FIC foram direcionados pela diretoria do Colégio Adventista de Novo Hamburgo para concorrerem a participação no Salão UFRGS Jovem 2019, um evento de iniciação científica organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Agora, as pesquisas aguardam a aprovação no processo seletivo.