Ministério de inclusão influencia decisões pelo batismo
Objetivo da Igreja Adventista é levar mensagem bíblica de forma acessível a todas as pessoas
Imagine estar em um país onde você não fala a língua nativa e não pode compreender o que os moradores locais dizem. Muitas vezes, é assim que se sente quem não pode ouvir e, em muitos casos, também não pode falar. Os surdos enfrentam a realidade de ser um estrangeiro em seu próprio país quando não tem alguém que saiba interpretar a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Entendendo que inclusão é pensar em todos, sem distinção, os templos adventistas do sétimo dia têm trabalhado para garantir acessibilidade em todos os níveis (física, visual, auditiva, intelectual). Em São Gonçalo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, o resultado dos esforços da congregação de Alcântara foi visto no dia 16 de abril com o batismo de oito pessoas, entre elas duas moças surdas e um juvenil autista.
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Logo na fachada da igreja de Alcântara, o convite aos surdos é destacado. Além disso, a própria congregação é incentivada a fazer aula de Libras, demonstrando que acessibilidade também é atitudinal. E foi através desse ministério inclusivo que Evely Cazé e a Raiana Lins testemunharam sobre sua fé em Deus através do batismo realizado pelo pastor Cladson Rodrigues.
Tanto Evely quanto Raiana dizem se sentir muito acolhidas na igreja. Ambas comentaram que a humildade dos membros e a forma como as fazem sentirem-se bem torna o ambiente especial.
Já o pequeno Miguel Rodrigues, que é autista, sempre demonstrou seu amor por Jesus. Ele costuma participar das atividades e é muito estimado pelo clube de Aventureiros do qual é membro. Fazê-lo tomar parte das ações da igreja faz do templo uma rede de apoio para a família do menino, que tempos atrás também foi acolhida em um momento de luto.
O pastor Cladson Rodrigues é o responsável pela igreja de Alcântara e conta sobre o privilégio de realizar esses batismos. “É uma oportunidade que o Ministério Adventista das Possibilidades nos permite de batizar pessoas sinceras e especiais. Sejam elas surdas, autistas, com síndrome de Down, como já realizei anteriormente. Então é uma alegria muito grande”, conta. “A igreja de Alcântara sempre trabalhou de forma a acolher todas as pessoas e temos essa preocupação em atingir pessoas especiais que também precisam ouvir a mensagem de Deus. Inclusive eu estou aprendendo Libras para participar mais desse ministério”, completa.
Além dos obstáculos
No mesmo sábado, no município de Rio Bonito, outros batismos foram realizados. E nem mesmo a cadeira de rodas que Clovis França precisa usar foi um impedimento para a decisão dele.
Para o pastor Elison Abreu, batizá-lo foi mais uma experiência marcante. “Ser usado por Deus como instrumento é fantástico! Fico imaginando o Clovis, que não podia ficar em pé e, ainda assim, não mediu esforços para passar por essa experiência. Não tenho dúvidas de que ele voltou para casa com a certeza da salvação em Cristo Jesus”, afirma.
Ministério das Possibilidades
O Ministério Adventista das Possibilidades (MAP) tem sido ampliado pelo território administrado pela Associação Rio Fluminense. Ele visa a identificação e eliminação dos diversos tipos de barreiras que possam impedir alguém de realizar atividades e exercer funções em sua comunidade de fé, independente das limitações físicas, cognitivas ou emocionais, oferecendo a quem precisa condições similares aos demais indivíduos.
Incluídos no MAP estão sete categorias amplas de ministério: Surdos, cegos, deficientes físicos, deficientes emocionais e mentais, órfãos e crianças vulneráveis, viúvos e cuidadores. A intenção é que os rótulos que depreciam o senso de autoestima e exaustão de uma pessoa sejam substituídos por confiança, esperança e encorajamento.