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Coluna | Ana Paula Ramos

Redescobrindo o sábado em tempos de pandemia

A essência desse dia vai além de ir a um templo durante suas horas sagradas


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O sábado é um dia separado para adorar a Deus, testemunhar e intensificar as ações em favor de outros (Foto: Shutterstock)

Estamos completando seis meses em isolamento social enfrentando a covid-19. Passei os primeiros sábados tentando “encontrar” o dia santo e separado em algum canto do apartamento onde estávamos. Não via razão pra trocar de roupa e sentar-me em frente à TV pra assistir a um culto. Não me sentia cultuando a Deus daquela forma. O problema não estava na forma, no bom uso dos recursos e da tecnologia que temos feito pra isso: o problema estava em mim.

Que dificuldade eu enfrentei de sentir-me “guardando” e santificando o sétimo dia nesse cenário, de sentir-me adventista, principalmente durante os sábados, nesse período da história da humanidade em que estamos vivendo.

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Com o tempo, comecei a perceber como meu adventismo ainda estava demasiadamente preso a frequentar a igreja nesse dia. Já se pegou pensando “quando eu não vou à igreja, pra mim não é sábado?” Algo assim. Diante disso, foi crescendo um incomodo dentro de mim e com ele a vontade de reencontrar o Dia do Senhor em sua essência, ainda que em “lockdown”. Precisei voltar a cavar mais fundo dentro de mim em oração, olhando para o que o sábado representa na minha vida e em meu compromisso com Deus em nossa missão/propósito/jornada nesta terra.

O significado e a guarda do sábado é um dos principais assuntos que têm “incomodado” muitos e muitos cristãos sinceros que buscam em sua caminhada de fé seguir e obedecer a Deus de forma integra, construindo e mantendo sua base na Palavra. Situação ainda mais latente entre recém-conversos que, ao aceitarem Jesus como Salvador pessoal, seguem em sua jornada espiritual e têm se deparado com o sábado bíblico sem um referencial cristão a sua volta.

Esses buscam por respostas, confirmações e deveriam encontrar em nós, adventistas do sétimo dia, uma referência da existência, significado, literalidade e cumprimento do quarto mandamento de Deus; reafirmado e demonstrado por Cristo quando por aqui andou.

O sábado na Bíblia

É um assunto cada vez mais recorrente entre boa parte das pessoas que Deus tem colocado em minha vida; Diz respeito à nossa obediência a Deus e Seus preceitos eternos escritos nas tábuas de pedra. À luz da Bíblia, os quatro aspectos a seguir têm me ajudado a resignificar este dia e apresentar a boas novas do Evangelho através do que o sábado representa em nossa vida.

1) Preparação: conhecer, lembrar e planejar;
2) Adoração: exaltar, obedecer e reconhecer Deus como Criador e Redentor;
3) Fazer o bem ao próximo em nome de Deus, movido por Deus, de forma prática;
4) Descanso: parar tudo o que pode desviar a sua mente da adoração e do fazer o bem, e descansar nEle.

A cada oportunidade que Deus me tem dado de viver o sábado em sua essência e de testemunhar a respeito dEle a alguém, mais este dia sagrado tem feito sentido em minha vida, pois nós somos a Igreja de Deus e “onde dois ou três estiverem reunidos em nome [dEle] ali [Ele estará]” (Mateus 18:20).

Acredito que vivi o período mais tenso dessa pandemia no Brasil, de março ao final de julho, quando retornamos ao Egito. O sábado, parte essencial de nossa identidade no mundo cristão, continua sendo objeto de reflexão e ressignificação em minha vida. Como adventistas do sétimo dia, o sábado nos define, nos distingue, abre caminhos e oportunidades de cumprir a missão de forma prática e transformadora.

Viver a plenitude do sábado depende muito mais de nossa compreensão e aceitação do que representa esse dia criado e separado por Deus para Seu povo desde o princípio e por toda a eternidade.

O que você tem feito do sábado nesse período tão peculiar que estamos vivendo além de tentar reproduzir o “ir para a igreja” na sua casa ou de sua casa?


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Ana Paula Ramos

Ana Paula Ramos

Missão e Voluntariado

Até onde vão pessoas que se colocam nas mãos de Deus para servir na missão de pregar o evangelho.

Jornalista e escritora, foi voluntária no Egito entre 2014 e 2015, onde mora atualmente com seu esposo, Marcos Eduardo (Zulu), e suas filhas, Maria Eduarda e Anna Esther. É autora do livro Desafio nas Águas: Um resgate da história das lanchas médico-missionárias da Amazônia (CPB).