Mulheres no Sul do Brasil se unem em solidariedade para confeccionar máscaras
Paranaenses, catarinenses e gaúchas se envolvem com dedicação e também criatividade ao confeccionar e entregar as máscaras.
É no contraturno de seu plantão como enfermeira que Mariza Pedroso Fonseca encontra um tempinho para ajudar ainda mais o próximo. Além de estar na linha de frente no combate ao novo coronavírus, a enfermeira, que trabalha em dois hospitais na cidade paranaense de Guaraniaçu, confecciona máscaras de proteção com a ajuda de sua irmã Tereza Andrade. Devido à escassez do material, a dupla costura máscaras a quem necessita e também gorros para os profissionais de saúde, tudo bancado por elas mesmas.
“As primeiras máscaras doamos para os pacientes do hospital e para os nossos vizinhos. Começamos a produzir, e um amigo de outra denominação entrou em contato comigo, ficou sabendo do nosso trabalho e confeccionou mais 200 máscaras, 100 para cada hospital que trabalho”, conta Mariza.
Além de confeccionar as peças, a profissional de saúde também se colocou à disposição para ir à casa de idosos aplicar a vacina da gripe e a fazer compras se necessitarem. E o sentimento de ser útil a cada dia mais, motiva Mariza a continuar, apesar das incertezas. “Estou muito feliz, pensando positivo, pregando o evangelho, aproveitando a oportunidade. Já deixei claro para a minha família que se algo acontecer comigo, nos encontramos na eternidade. Faço todos os cuidados necessários, mas nada é 100% garantido. Estou nas mãos de Deus”, afirma a enfermeira que comenta que as máscaras confeccionadas por ela estão sendo usadas no dia a dia do hospital, em paralelo com uma outra mais reforçada, exclusiva para casos de isolamento.
Em toda a região Sul do Brasil, mulheres adventistas, e também suas amigas, estão unidas em uma corrente de solidariedade na luta contra a Covid-19, usando seus talentos para o que for preciso, e também a criatividade para que a doação seja ainda mais eficaz.
Em Santa Catarina, por exemplo, as voluntárias uniram duas situações: a falta de máscaras nos estabelecimentos e a necessidade de alimentos para famílias carentes. Na cidade de São José, a dona de casa Mirian Arrieche confeccionou máscaras que foram trocadas por alimentos. Tudo que foi arrecadado já tinha destino: a Ação Solidária Adventista (ASA) de sua igreja que repassou os alimentos às famílias necessitadas.
Ainda em solo catarinense, a aposentada Anezia Alves de Garopaba também fez essa permuta. Ela é diretora da ASA em sua igreja. Verificando o estoque, analisou que não havia variedade de alimentos suficiente para montar cestas básicas. Utilizando do seu hobby que é artesanato, Anezia costurou máscaras para diferentes estabelecimentos que estão trabalhando de maneira interna. As encomendas são “pagas” com alimentos não-perecíveis. “Eu estou sempre à disposição da igreja. Como moro sozinha, nesta quarentena estou isolada, porque faço parte do grupo de risco. Então, isso ajuda a passar o tempo”, conta Anezia.
Em Marialva, no norte do Paraná, duas amigas costuraram máscaras de proteção para pacientes de quimioterapia do Hospital do Câncer. E na cidade de Doutor Camargo, região metropolitana de Maringá, uma equipe trabalha para confeccionar mil máscaras que serão distribuídas à população e estarão disponíveis na entrada dos supermercados.
Toda essa movimentação em uma época que não é permitido testemunhar de Jesus nos métodos convencionais, traz à tona mais uma vez a importância de reforçar o uso dos talentos como ministério. “Deus dá dons espirituais para todos. Eles podem e devem ser usados, não só em momentos como esse. Deus se apropria de momentos assim para despertar as pessoas e para que elas percebam o real valor do cristianismo e do amor ao próximo. É aí que o Meu talento, meu ministério aflora – usar os dons com intencionalidade de salvar outras pessoas para Jesus”, conclui a líder das mulheres adventistas no Sul do Brasil, Denise Lopes.