Encontro no Unasp debate importância da produção literária
2º Academia Unasp de Pesquisadores trouxe para o centro dos debates o autor da Lei Castilho, professor José Castilho Marques Neto.
Por Luisa Nakayama e Mairon Hothon
Em um país com 208 milhões de habitantes, três em cada 10 pessoas com idades entre 15 a 64 anos são consideradas analfabetas funcionais, ou seja, aquelas que até leem mas não conseguem compreender o que foi lido. Já quando os índices são de analfabetismo, 12 milhões de brasileiros acima de 15 anos não sabem ler nem escrever, deixando o país na 59º colocação do teste de leitura do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
Tendo como pano de fundo o quadro da leitura brasileira e a importância de estudantes e professores se engajarem na produção de livros, o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) promoveu o 2º encontro da Academia Unasp de Pesquisadores. O evento, que já teve sua primeira edição em junho deste ano, trouxe para o palco dos debates o doutor em Filosofia José Castilho Marques Neto, criador da Lei 13.696 ou mais conhecida Lei Castilho.
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“A democratização da leitura é de extrema importância para o desenvolvimento do país. Um país em que as pessoas não sabem ler, ou que tenham dificuldades de interpretação, não pode ser um país desenvolvido. A lei Castilho vem para unir o Estado à sociedade, e também o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação, mostrando que o acesso a leitura é um dever de todas essas esferas juntas”, comenta o educador.
O encontro aconteceu na última segunda-feira, 10 de setembro, e reuniu cerca de 200 docentes e discentes no auditório da Reitoria do Unasp, em Engenheiro Coelho (SP), e mais de 100 internautas pela transmissão ao vivo do programa. Organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (Proppex) em parceria com a Editora Unaspress, as palestras foram divididas em dois momentos: o primeiro que abordou “Como escrever textos populares e acadêmicos” e o segundo em “Como melhorar a qualificação dos seus livros”.
“Realizamos a primeira edição em junho e a repercussão foi tão positiva que já trouxemos um segundo encontro já esse ano, tudo com o intuito de incentivar a produção científica. Agora além do público de professores, temos os alunos que, em sua maioria, são os que já estão engajados em grupos de pesquisa para desde agora fomentar neles o interesse pela produção acadêmica”, explica o editor-chefe da Unaspress, professor Rodrigo Follis.
Durante sua exposição, o professor José Castilho abordou a produção de conteúdo fora das abas da instituição e a importância de se publicar livros das pesquisas científicas realizadas. “Uma editora universitária, no meu entendimento, é uma instituição fundamental, pois dá voz as produções literárias e científicas da instituição de ensino. Concebida por projetos, com uma ideia de longo prazo, fazendo parte das finalidades da universidade, isso se torna importante e imprescindível para o crescimento de alunos, professores e universidade”, ressalta.
Para o pró-reitor de Graduação do Unasp, professor Afonso Cardoso, esse momento de incentivo à produção literária traz resultados não apenas estatísticos para uma universidade, mas contribui de maneira geral para a cidadania brasileira.
“Temos cerca de 100 grupos de pesquisa com materiais sendo produzido mensalmente por alunos e professores, material de qualidade e que pode se tornar livro, por exemplo. Eles, que buscam a informação direto da fonte e produzem artigos, são o nosso público como futuros escritores, e o Unasp quer incentivar exatamente essa demanda”, afirma.
Lei Castilho
Sancionada no dia 13 de julho de 2018 pelo presidente Michel Temer, a Lei Castilho estabelece estratégias que devem contribuir para a universalização do direito ao acesso ao livro, à leitura, à escrita, à literatura e às bibliotecas. Pela nova Lei, o Estado se compromete, a cada dez anos, a criar um novo plano traçando e estabelecendo metas e ações para a leitura dos brasileiros.
José Castilho Marques Neto é doutor em Filosofia e professor aposentado da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), tendo dirigido a Editora Unesp por 27 anos. Foi diretor geral da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) entre 2006 e 2011, e 2013 e 2016.