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Coluna | Rafael Rossi

Jesus sim, mas igreja não

O que a igreja pode fazer para aproximar mais as novas gerações de Jesus? Boa reflexão.


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jesus-sim-mas-igreja-naoHá uma ironia quando se percebe que as novas gerações estão abertas a conversar e saber sobre Jesus, mas não estão interessadas na Igreja. Aparentemente, igreja e Jesus estão intimamente ligadas, mas o que se percebe hoje é uma separação entre os dois.

Uma coisa é seguir Jesus e os Seus ensinos e outra coisa é estar filiado a uma igreja como organização. As histórias de missionários sempre me inspiraram. Gosto de ouvir as histórias, mas tenho percebido que os missionários não são apenas aqueles que foram enviados para algum país distante, mas somos missionários agora dentro de uma cultura emergente. A revolução digital produziu uma nova geração completamente diferente da anterior.

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Vivemos numa cultura pós-cristã. Pastores não são vistos como mocinhos. Como um deles, algumas vezes percebo um olhar diferente quando tenho que dizer a minha profissão. Pastores que exploram os extremos da teologia da prosperidade contribuem para a percepção equivocada do que é ser pastor e também sobre o que é ser igreja.

Diante de todas essas alterações, muitos acreditam que a igreja deve continuar fazendo o que sempre fez e que as novas gerações vão retroceder em sua cultura e voltar a circundar a igreja. A igreja não precisa se adaptar a nada.

Olhando dessa perspectiva, ficaremos cada vez mais isolados em nossa cultura própria e irrelevantes a essa nova geração. As igrejas precisam voltar a enfatizar a sua ênfase missional, existimos para pregar o evangelho de Cristo e a restauração do ser humano com o Senhor.

Penso que as igrejas não devem se limitar a um programa de evangelismo, mas enxergar toda a programação como uma fonte constante de missão. Por serem missionais, as igrejas não conseguem voltar à posição de descanso, estão incomodadas.  A pergunta constante é: o que podemos fazer para alcançar as pessoas da minha comunidade?

Algumas igrejas estão muito ocupadas falando, mas gastando pouco tempo ouvindo as novas gerações, e isso pode ser corrigido a partir do momento que se abre espaço para que jovens ocupem funções de liderança na congregação local. Ele se torna um ponto de contato com as novas gerações.

Uma das questões que confronta as novas gerações é a divergência entre o que os cristãos falam e o que vivem. E daí que surgem pensamentos como: “eu posso ter um relacionamento com Deus sem toda a estrutura artificial que a igreja organizada impõe a mim.”

Há uma parábola contada por Jesus que é um remédio aos que se magoaram por essa contradição, a parábola do joio e do trigo. O inimigo de Deus tentou de tudo para destruir Jesus e não conseguiu. Por isso, a estratégia dele é destruir a Igreja de Deus. Na igreja estão pessoas imperfeitas, entre os líderes inclusive. Infelizmente há pessoas que não pagam, que mentem, enganam, adulteram e trapaceiam. Quando as pessoas são batizadas, existe joio e também trigo. Não sabemos o que é um e o que é outro.

E por que a igreja não expulsamos o joio e ficamos só com o trigo? Porque não podemos nos atrever a dizer quem é trigo e quem é joio. Somente Deus no dia da volta de Jesus fará a separação. Igreja não é museu onde as pessoas estão para serem admiradas, mas igreja é como uma fábrica. Estamos em produção, crescimento e melhora. Há produtos prontos, quase prontos e com defeito. Se os olhos ficarem nas pessoas, haverá desânimo. Mas isso também serve para que os cristãos busquem no Senhor e façam a sua parte para ter uma vida compatível com o evangelho.

Fico triste em saber que os cristãos, muitas vezes, acabam sendo conhecidos pelas coisas contra as quais lutam e não pelas coisas que defendem. Deveríamos ser conhecidos como igrejas que amam mais do que qualquer coisa, isso é a essência da lei. Deveríamos ser conhecidos por ser seguidores de Jesus, servindo a Ele, uns aos outros e a comunidade. Deveríamos ser conhecidos por ajudar aos necessitados, ajudar aos marginalizados e por ser e fazer a diferença onde estamos.

Cristianismo sem igreja, com o tempo, morre. Jesus fundou a igreja e é importante conservar doutrinas e modernizar as abordagens. Abandonar o eu e permitir que a luz de Jesus seja o diferencial é o começo desse caminho.

O conselho bíblico se aplica também: Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros... 2 Crônicas 20:20.

Veja esse vídeo sobre a posição dos adventistas e a pós-modernidade:

Rafael Rossi

Rafael Rossi

Em dia com o nosso tempo

Os fatos diários lidos a partir de um olhar teológico.

Formado em Teologia, é pós-graduado em Aconselhamento e mestre em Teologia Pastoral. Atualmente é o diretor de Evangelismo da Igreja Adventista do Sétimo Dia para oito países sul-americanos. @rafaelrossi7