Estrangeiros ajudam a aumentar banco de sangue no Rio
Campanha de doações faz parte das atividades diárias do projeto Circuito de Campeões
Rio de Janeiro, RJ... [ASN] Décimo primeiro dia de Jogos Olímpicos no Rio. Semana de finais. Um grupo de 138 estrangeiros desembarca na Cidade Maravilhosa, a maioria deles, jovens de até 25 anos. Eles pararam todas as suas atividades para estar aqui durante uma semana, e um de seus destinos é o Hemorio, hemocentro da capital carioca.
Eles são de sete países diferentes, incluindo o Brasil, e formam um grupo de 800 voluntários. De 15 a 19 de agosto, cem por dia farão fila em frente ao Hemorio para doar sangue. E estampam no peito o que os une: Circuito de Campeões, programa de voluntariado desenvolvido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Todos se inscreveram para vir ao Rio de Janeiro nesse período e promover ações de solidariedade inusitadas. Mas quem espera que estrangeiros saiam para doar sangue?
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Os voluntários perceberam que durante esses período a necessidade de coleta é maior. "Têm muita gente aí precisando. Para eles faz muita diferença saber que não estão em risco porque não está faltando sangue", explica a angolana Jandira Zua, de 29 anos. Essa foi a primeira vez que ela entrou num hemocentro. "Eu tenho medo de agulha, mas vir em grupo me ajudou.”
A estudante de enfermagem Fernanda Sanabria lamenta não ter doado sangue dessa vez, já que fez isso há cerca de 30 dias, mas foi ao Hemorio com um objetivo: apoiar os amigos. Doadora há cerca de sete anos, ela garante que sua maior motivação é colaborar com a saúde de outras pessoas, por mais que não saiba exatamente quem será beneficiado.
"Queria estar envolvida diretamente e dar um 'empurrãozinho'", brinca a voluntária. "Tornei-me doadora regular para ser um pinguinho de sangue que faz a diferença. Isso é deixar um pouco de nossa marca e ver que isso também causa um impacto", assegura a moradora do Estado do Rio Grande do Sul, que já aguarda a data em que poderá doar outra vez.
Busca por doadores
O Hemorio estava apreensivo com a quantidade de sangue que havia em seus estoques para o período de Jogos Olímpicos e fizeram pedidos à população para doar. O que eles não esperavam é que esse pedido atingiria as fronteiras. "Não é comum os estrangeiros doarem. Eles quase nunca vem aqui. Estamos impressionados", pontua a médica Naura Faria.
O chileno Alex Antihuen já doou sangue no seu país, pelo projeto Vida por Vidas, e diz que o procedimento no Brasil é o mesmo. “Mas poder ajudar em outro país é extremamente gratificante. É outra emoção”, completa.
“Não há nenhuma dificuldade para doar em outro país. E o chileno tem sangue bom, sangue guerreiro”, brinca o pastor Juan Fernandez, diretor de Jovens da Igreja Adventista na localidade. “É uma experiência interessante de ser vivida. Fazer isso em um país estrangeiro é perceber que todos temos o mesmo sangue”, diagnostica Fernandez ao fim de sua doação.
O estrangeiro precisa morar em região metropolitana e levar um documento oficial válido no Brasil. O mais comum é o passaporte. “No momento da triagem perguntamos de doenças e locais que visitaram e encaminhamos os aptos à coleta, como com os brasileiros”, explica a médica.
“Queremos mostrar para a comunidade que nós temos uma juventude disposta a servir”, reforça o responsável pelo projeto, pastor José Venefrides, da sede administrativa adventista para a cidade do Rio de Janeiro. [Equipe ASN, Camille Dornelles, com informações de Jefferson Paradello]