Voluntários constroem casa para família que vivia em situação de pobreza extrema
Além de receber uma casa nova, a família ainda ganhou mobília e assistência médica.
Duque de Caxias, RJ… [ASN] Banheiro devidamente equipado, geladeira branca ligada e paredes sem marcas do tempo. Uma descrição que permite o leitor notar que estamos falando de uma casa inteiramente nova. No entanto, tal relato sobre o ambiente não evidencia a felicidade e a mudança vivida por uma família de sete pessoas no subúrbio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, graças a solidariedade de um grupo de voluntários do bairro.
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Tudo começou em abril, com as atividades desempenhadas pela administradora Andrea de Souza Valente durante a Semana Santa. Ela foi responsável por fazer cultos com as crianças e falar de temas ligados ao verdadeiro significado da data. “Eu dava aulinhas de Bíblia para eles. Foi então que uma criança em especial me chamou atenção. Fábio* era um menino que tinha um olhar triste e um jeito tímido que captou minha atenção e me fez querer buscar mais informações sobre ele”, contextualiza Andrea. Com a ajuda de amigos que também estiveram presentes nos cultos, ela ficou sabendo da situação vivida pela criança.
Juntamente com os pais e mais quarto irmãos, ele viviam em uma pequena casa de dois cômodos onde a situação de pobreza extrema deixou Andrea sensibilizada. “O banheiro deles só tinha alguns baldes velhos, a cozinha não tinha nada e muito menos comida. Era uma situação que me marcou e me estimulou a tomar a decisão de fazer alguma coisa”, conta. Foi então que ela iniciou uma rápida campanha de doações. Chegando em casa, Andreia calculou quanto seria necessário para construir uma residência nova e mobiliada para a família. “Era necessário arrecadar seis mil reais. Com a ajuda de outras pessoas, em poucos dias conseguimos arrecadar três mil reais e doações de materiais de construção”, relata.
A ajuda não parou por aí. Amigos e fiéis da igreja adventista de Parque Paulista, bairro onde vivem, se mobiliaram. Além das doações, cerca de 30 a 40 pessoas participaram ativamente da construção da residência. Entre um saco de cimento e outro a nova casa foi totalmente construída em exatos 14 dias. Uma rapidez que mostra o tamanho do empenho de Andreia e dos outros voluntários. “Nós estávamos arrecadando os donativos e construindo a casa simultaneamente. Quando a obra já estava no término iniciei a campanha para doar eletrodomésticos e móveis para casa. No final, deu tudo certo”, comemora.
Questionada se sentiu alguma dificuldade ou se via a possibilidade do rápido projeto não dar certo, ela afima que não teve dúvidas ou receios pois sentiu que Deus queria que o trabalho fosse realizado. “Deus foi providenciando tudo, até doações de alimentos para os voluntários que estavam trabalhando na construção. Hoje tenho no meu coração o sentimento de dever cumprido e sou grata pela oportunidade de ajudar”, pontua. Ela também destaca o incômodo por ver a família naquela situação foi o que mais a motivou em se dedicar ao trabalho. “Foi a primeira vez que eu fiz algo assim. Isso me fez ter uma preocupação maior com a necessidade do próximo. Eu ficava pensando ‘na minha casa eu tenho geladeira fogão, cama enquanto essa família não tem absolutamente nada’. Eu preciso fazer algo”, testemunha emocionada.
A entrega da residência aconteceu na segunda semana de maio. Os voluntários realizaram um culto de gratidão dentro da casa e a apresentaram para a família. Mas o trabalho deles não se encerrou nesse ponto. Andreia tem dedicado tempo em buscar acompanhamento médico para eles. Além disso, eles também têm se preocupado com a assistência física e espiritual.“Estamos conseguindo atendimento médico e pediátrico para eles. As crianças também estão participando do clube de Aventureiros e nós estamos oferecendo estudos da Bíblia”, relata.
A ideia é oferecer uma ajuda completa para eles e suprir as necessidades por etapas, conforme os ensinos de Cristo há dois mil anos atrás. “Jesus fazia isso, não é mesmo? Primeiro ele cuidava das necessidades físicas e imediatas das pessoas. Depois disso ele apresentava a esperança espiritual. Agora que nós melhoramos a vida deles, queremos que eles também conheçam o amor de Deus como um todo”, afirma confiantemente.
Baixada Fluminense
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais de 100 mil pessoas vivem abaixo da linha da pobreza na Baixada Fluminense, uma das regiões mais densamente povoadas do estado do RJ. Aliado ao elevado custo de vida e ao déficit habitacional, boa parte dessas pessoas sobrevivem em subhabitações e casas sem saneamento básico, além de muitas estarem expostas à intempéries como deslizamentos de terra e temporais. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem desempenhado esses e outros projetos que visam diminuir as mazelas e oferecer qualidade de vida para essa população. [Equipe ASN, Douglas Pessoa]
*Nome fictício.