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Datas Especiais

Uma vida dedicada a construção de mobilizações para a inclusão social de pessoas com deficiência

Considerado o lar de 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o Brasil comemora desde o ano de 1982 o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.


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Josewilson Souza acumula duas formações e duas especializações. (Foto: Tiago Conceição)

Uma data para acompanhar de perto a história, vivência e perspectiva de quem está profundamente envolvido na luta pela viabilização dos direitos das pessoas com deficiência. Josewilson Souza, é natural de Juazeiro na Bahia, uma pessoa com deficiência que, aos dois anos de idade, foi acometido pela poliomielite. Souza atuou como conselheiro nacional dos direitos das pessoas com deficiência e hoje desempenha a mesma função nos âmbitos estadual e municipal. Além disso, é conselheiro no Ministério Adventista das Possibilidades (MAP), uma área para trabalhar a educação e conscientização desta acessibilidade nas igrejas. 

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De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2022, o Brasil é o lar de 18,6 milhões de pessoas com deficiência, considerando a população com dois anos de idade ou mais. No entanto, apesar desse número expressivo, é frequente que esse grupo enfrente segregação e, em alguns casos, seja até mesmo negligenciado em muitos locais e contextos.

Neste contexto, a data de 21 de setembro, estabelecida pela Lei nº 11.133/2005 como Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência se destaca como uma oportunidade essencial para a conscientização e a ação, e com a missão de promover uma reflexão coletiva sobre a inclusão das pessoas com deficiência em nossa sociedade. É um dia dedicado a vencer estereótipos, derrubar barreiras e estimular ações concretas em prol da igualdade. 

Convidamos o Josewilson para falar sobre sua trajetória na busca por transformações sociais em benefício das pessoas com deficiência. Acompanhe abaixo a entrevista:

1. Como você vê a importância do Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência em nossa sociedade?

A importância do Dia Nacional de Luta reside em lembrar-nos da existência de um público invisibilizado em nossa sociedade. No entanto, gostaríamos de ter muito mais motivos para comemorar. As pessoas devem amar umas às outras independentemente de uma data específica. Este dia foi instituído não porque o governo ou a sociedade entenderam ser importante, mas sim porque o movimento reivindicou um espaço e reconhecimento perante a sociedade, reconhecimento enquanto cidadãos de direito.

2. Como você acha que essa data pode contribuir para aumentar a conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência?

Pode contribuir para o aumento da conscientização se os poderes, os entes federados, os órgãos e a sociedade civil estiverem verdadeiramente engajados e mobilizados para trabalhar a inclusão como ela deve ser entendida.

3. Como as organizações e instituições podem melhorar seu suporte e comprometimento com os direitos das pessoas com deficiência?

As organizações e instituições podem aprimorar esse suporte ao se engajarem em garantir os direitos das pessoas com deficiência, cumprindo a lei de cotas no mercado de trabalho e promovendo a inclusão tanto no âmbito interno quanto externo das organizações. Isso inclui colaborar com o público interno e externo, bem como os parceiros, para garantir espaços acessíveis, permitindo que todas as pessoas possam entrar nessas instituições, quer sejam funcionários ou não. É crucial evitar o oferecimento de subempregos para pessoas com deficiência, pois elas possuem capacidade para assumir cargos de confiança, comissionados e de liderança. Antes de tudo, são pessoas e profissionais, muitas vezes altamente qualificados, independentemente de suas deficiências.

4. Como as pessoas sem deficiência podem ser aliadas eficazes na promoção da inclusão e igualdade para todos?

Pessoas sem deficiência podem se tornar aliadas a partir do momento em que reconhecem a importância da inclusão, guiadas pela empatia, não apenas pelo altruísmo. Elas podem atuar como agentes fiscalizadores de violações de direitos, inclusive denunciando pelo Disque 100 sempre que perceberem qualquer tipo de abuso, exploração, discriminação ou negligência contra pessoas com deficiência. Além disso, podem contribuir conversando com colegas de trabalho e familiares, estudando sobre essas leis para conscientizar outras pessoas sobre a necessidade de respeitar esses direitos.

5. Para você qual a importância da atuação do Ministério Adventista das Possibilidades (MAP) nas igrejas?

O MAP veio para conscientizar a comunidade cristã de que existe um público infelizmente invisibilizado. É um projeto, um movimento nascido do coração de Deus, que nos instiga a trabalhar para garantir direitos, a promover a humanização e a viver o cristianismo conforme Cristo nos ensinou. Através do MAP, podemos garantir a inclusão devidamente pregada no âmbito desse movimento, incentivando a empatia, pois a inclusão começa com cada um de nós.

Inclusão e Empatia: O Papel da Igreja

Um ministério de histórias, inclusão e possibilidades, o MAP surgiu no coração de Deus e atrai cada vez mais pessoas dispostas a conscientizar outros sobre a importância de incluir e acolher pessoas, independentemente de suas limitações. (Foto: Tiago Conceição)

Promover a inclusão das particularidades individuais é uma missão crucial e viável para o progresso da igreja. Daí nasceu a iniciativa do Ministério Adventista de Possibilidades, com o propósito de incentivar a igreja a se preparar para acolher e assistir aqueles que são surdos, cegos, possuem limitações físicas, mentais, psicológicas ou intelectuais, órfãos, vulneráveis, enlutados pela perda de um ente querido e os cuidadores, que abnegadamente atendem às necessidades dos outros, deixando de lado seus próprios interesses.

Segundo Heron Santana, jornalista e responsável pelo MAP no território baiano e sergipano a igreja tem um papel muito relevante para a conscientização dos membros, de sua liderança e dos pastores, acerca da acessibilidade dos templos, dos espaços da igreja, dos espaços organizacionais. "Na rotina da igreja temos o desafio de oferecer acessibilidade às pessoas com deficiência nos serviços da liturgia da igreja, no acesso à própria igreja, na recepção, no envolvimento dessas pessoas nas atividades de adoração, na missão e nos pequenos grupos. Precisamos conhecer como fazer isso e permitir que essa atividade seja uma realidade nas igrejas e que seja algo a ser pensado pela liderança. Esse é o grande desafio e o trabalho do Ministério Adventista das Possibilidades”.

Ainda de acordo com Santana, o sonho é ver uma igreja pronta para adaptar planos e ações que facilitem a inclusão de pessoas com deficiência. "A melhor maneira de enfrentar esse desafio pela igreja e sua liderança é ouvir e mobilizar pessoas que vivem essa realidade. É por isso que o Ministério Adventista das Possibilidades trabalha com a ideia dos conselhos do MAP. O que são os conselhos do MAP? São pessoas como o Josewilson, por exemplo, que vivenciam essa realidade e enfrentam os desafios de acessibilidade, características inerentes a uma pessoa com deficiência. Por viverem isso, refletirem sobre o assunto e compreenderem essa realidade, eles se tornam grandes orientadores, líderes e mentores para o desenvolvimento de ações, programas e estratégias, visando educar primeiramente a igreja”.

Para o pastor Diego dos Santos, líder do MAP para a região norte da Bahia, a Bíblia apresenta diversas histórias de pessoas com deficiência que foram acolhidas, abraçadas e amadas por Jesus. "Como representantes de Cristo nesta terra, precisamos seguir esse exemplo e trilhar o caminho que Jesus nos ensinou". Diego também defende a ideia de que todos são valiosos para o avanço da igreja. "Somente quando permitimos que todos participem ativamente das atividades desenvolvidas é que essas pessoas se sentem como parte atuante e valiosa do corpo de Cristo. Hoje encontramos muitas pessoas na igreja com deficiência e sabemos que ainda há muito preconceito. Como comunidade religiosa, precisamos superar essas barreiras e preconceitos, tornar o direito de ir e vir dentro das nossas instalações acessíveis e proporcionar a eles a real oportunidade de serem parte integrante dessa comunidade", concluiu.