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Um hospital que navega

Hospital Adventista de Belém lança projeto de assistência médica gratuita para populações ribeirinhas da Ilha de Marajó


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Hospital vai levar serviços médicos a populações ribeirinhas do Arquipélago de Marajó. (Foto: Franciomar Oliveira)

No final do século 19, um dos pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Edson White, teve a visão de equipar o barco Morning Star para missões educacionais e médicas, servindo as comunidades afro-americanas marginalizadas no sul dos Estados Unidos após a Guerra Civil. Essa história inspirou médicos brasileiros a replicar o mesmo esforço em uma das regiões mais vulneráveis do Brasil. Sob a coordenação do Hospital Adventista de Belém (HAB), o projeto Estrela da Manhã quer levar assistência médica e social às populações ribeirinhas do Marajó, onde vivem 590 mil pessoas. A ideia é atender mais de 55 mil pessoas por ano em municípios ribeirinhos.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, mantenedora do hospital, aprovou o projeto na noite de segunda-feira, 18 de agosto, durante a abertura do concílio administrativo da União Norte Brasileira, sede adventista para os Estados do Pará, Maranhão e Amapá.

Líderes da Igreja participaram da aprovação do projeto e reforçaram apoio. (Foto: Franciomar Oliveira)

Estrela da Manhã consiste em uma embarcação adaptada para prestar atendimento médico em diversas especialidades, inclusive com a realização de pequenas cirurgias. Com cinco salas de atendimento e uma sala de cirurgia, a embarcação navegará ao longo do ano, alcançando comunidades isoladas nos municípios de Marajó, como Breves, Bagre, Chaves, Melgaço, Portel e Afuá. Além disso, vai promover ações sociais e educacionais. O barco possui uma suíte, permitindo que uma família pastoral esteja integralmente envolvida com ações pastorais e missionárias. O projeto é uma parceria entre o HAB, o governo do estado do Pará e doadores privados, com um investimento de R$ 1,2 milhão.

O médico Edgar Sobrinho, vice-diretor clínico do HAB, destacou a importância da iniciativa: "Estamos levando cuidados de saúde de qualidade a uma região extremamente vulnerável, onde muitas crises assistenciais ocorrem diariamente. Além do atendimento médico, nosso foco está na prevenção de doenças e na promoção de uma vida mais saudável para essas populações."

Legado

O projeto reflete o legado das lanchas Luzeiro, que desde 1931 levam atendimento médico e missionário às comunidades ribeirinhas da Amazônia. Idealizadas pelo missionário Leo Halliwell e sua esposa Jessie, as embarcações foram essenciais para o desenvolvimento da obra adventista nessa região do Brasil, alcançando milhares de pessoas em áreas isoladas. “Nos últimos 93 anos, essas lanchas se tornaram um símbolo de dedicação ao serviço cristão, navegando pelos rios do Norte do Brasil e oferecendo assistência médica gratuita a quem mais precisa”, disse Jackson Freire, diretor administrativo do HAB.

Pastor André Dantas (centro) elogiou a iniciativa e ressaltou o legado da atividade médico-missionária na região. (Foto: Franciomar Oliveira)

Para o médico Markus Barcellos, diretor médico do hospital adventista, o projeto reforça o chamado missionário a médicos em um contexto importante da atividade médico-missionária. Barcellos lembrou desta vocação ao citar um trecho escrito por Ellen White, uma das fundadoras do adventismo. O trecho escolhido integra o livro “Medicina e Salvação”. Ela escreveu:

“A obra médico-missionária assemelha-se à mão e ao braço direito para a mensagem do terceiro anjo, que deve ser proclamada ao mundo caído; e os médicos, diretores e obreiros de qualquer ramo, ao desempenharem fielmente a sua parte, estão fazendo a obra da mensagem. Deles o som da verdade irá para toda nação, tribo, língua e povo. Nesse trabalho os anjos do Céu têm uma parte. Despertam eles alegria e melodia espiritual no coração dos que foram libertados do sofrimento, e alegria e gratidão para com Deus brotam de muitos corações que receberam as preciosas verdades”.

“Anjos gostariam de fazer o trabalho que fazemos, mas foi a cada um de nós que Deus delegou esta missão”, disse, em apelo ao envolvimento dos profissionais de saúde nas atividades missionárias.

Estrela da Manhã é o próximo capítulo dessa história de serviço e compaixão. Com o apoio do governo e da igreja, o projeto visa não apenas tratar doenças. Quer melhorar a educação, a cidadania e o desenvolvimento regional, proporcionando uma transformação real nas comunidades atendidas. E abrindo portas para serviços de evangelização. "Vamos impactar vidas, sempre levando, junto aos cuidados médicos, uma mensagem de esperança e solidariedade, dando continuidade ao lindo legado deixado pelos pioneiros”, disse o pastor André Dantas, presidente da Igreja Adventista para o Pará, Maranhão e Amapá.