Um evento para celebrar as relações pessoais, a fé e a força missionária dos jovens
Em entrevista, líder da juventude adventista da Bahia e de Sergipe apresenta detalhes estruturais e logísticos do AcampJA, e comenta sobre as atrações da principal celebração jovem desse território na história da Igreja.
O sonho de ter uma celebração dos jovens adventistas da Bahia e de Sergipe começou há cerca de 2 anos e meio. Mas aí veio a pandemia. O que parecia uma realidade consistente foi adiado para um momento, àquela altura incerto, de controle do vírus. Agora, dia 10 de outubro de 2023, restam pouco mais de 24 horas para ser declarado aberto o AcampJA, como é conhecido o evento que vai reunir jovens para celebrar as ações missionárias e solidárias realizadas pelas novas gerações. E tudo com muita música, mensagens, ações solidárias, palestras e atividades urbanas no litoral norte da Bahia, próximo a cartões postais como a Costa do Sauípe e a Praia do Forte.
A espera valeu a pena, afirma o pastor Eduardo Batista, líder da juventude baiana e sergipana. Experiente na liderança jovem, Batista acredita que é o momento de reunir e celebrar a força de um grupo populacional que não aceita se conformar com o estado de coisas em que o mundo se encontra. Daí a inspiração para o tema da celebração, “Inconformados”. “Não se conformar com o mundo não é se tornar um rebelde sem causa, inconformado no sentido de ser revoltado. Mas é olhar e perceber quão drástica é a presença do pecado na humanidade, quão deteriorado está o ser humano em todos os sentidos, e perceber que essa onda de violência, de corrupção, de doenças, de morte, de dor, nada disso, incluindo a própria guerra, corresponde ao desejo de Deus”, afirma.
Nesta entrevista, Eduardo Batista explora detalhes dos desafios para a realização de um evento com essa dimensão, reunindo cerca de 7 mil jovens para celebrar a amizade, o discipulado e a missão. E na companhia de oradores como os pastores Rafael Santos, Odaílson Fonseca, Carlos Campitelli, líder de jovens para oito países da América do Sul, e Gilson Brito, orador do programa A Voz da Profecia. Além de cantores e grupos musicais como o quarteto Arautos do Rei, Jefferson Pillar, grupo Faces, Sergio Saas, Gabriel Prado e muitos outros.
Acompanhe a entrevista do pastor Eduardo Batista e fique por dentro de detalhes operacionais, logísticos, estruturais e saiba um pouco sobre a programação do evento que é a principal atividade dos jovens adventistas baianos e sergipanos no contexto de pós-pandemia.
1. Estamos perto de começar o AcampJA, o mais importante evento jovem do calendário da igreja este ano, para Bahia e Sergipe. Qual sua expectativa?
Eduardo Batista: Finalmente, depois de algumas tentativas que não foram concretizadas por conta da pandemia, com delay de aproximadamente dois anos e meio, estamos conseguindo realizar o nosso tão sonhado AcampJA, que é a celebração da juventude adventista, em função de todas as atividades que eles realizam nas suas comunidades, nos seus municípios, através do seu grupo de jovens.
E a nossa expectativa é receber aproximadamente 7 mil jovens que participarão desta celebração com ações sociais, com muita espiritualidade, cultos de consagração, cultos de entrega. Esperamos que saiam daqui renovados, revigorados e dispostos a fazer mais e melhor para ampliar a pregação do evangelho a fim de que Jesus volte ainda em nossa geração.
2. O que definiu a escolha do tema? Por que “Inconformados”?
Eduardo Batista: O tema “Inconformados” está baseado no texto de Romanos, capítulo 12, quando Paulo diz no verso 1: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Não se conformar com o mundo não é se tornar um rebelde sem causa, inconformado no sentido de ser revoltado. Mas é olhar e perceber quão drástica é a presença do pecado na humanidade, quão deteriorado está o ser humano em todos os sentidos, e perceber que essa onda de violência, de corrupção, de doenças, de morte, de dor, nada disso, incluindo a própria guerra, corresponde ao desejo de Deus.
Nós estamos vivendo uma realidade que não pertence ao plano divino. Dessa forma, nós estamos inconformados com esta realidade porque não é isso que Deus quer para nós. Deus quer algo maior e melhor, razão pela qual Ele está preparando novo céu e uma nova terra onde habita a justiça.
Planejamento e estrutura
3. Qual a dimensão do planejamento e organização de um evento desse porte? Qual a estrutura para palco, som, logística, segurança e infraestrutura? O que você tem a dizer sobre esses investimentos e que diferença farão no sucesso do acampJA?
Eduardo Batista: Infelizmente, às vezes, as pessoas que simplesmente se assentam e assistem a uma programação não possuem a dimensão correta do trabalho e do planejamento que precisam ser feitos para a execução de um projeto dessa magnitude.
Primeiro você tem que escolher um lugar que seja atrativo à perspectiva do jovem, que reúna natureza e a possibilidade de, em uma geografia, realizarmos uma boa atividade em todos os sentidos. Quando você escolhe esse lugar, você paga por ele. Após isso, tem que viabilizar a utilização do lugar. Então vem um processo de terraplanagem, de dedetização do solo, de limpeza para retirada de madeiras, para que o acampamento não possa possibilitar nenhum tipo de acidente.
E aí você tem toda a área para ser estudada e aproveitada no sentido de verificar onde que vai ser bom estabelecer as barracas e quantas pessoas a gente consegue colocar dentro desse espaço. Então note: alugar o espaço, preparar o terreno, demarcar a área e tudo isso precisa de máquina, de trator, às vezes uma retroescavadeira.
Aí você precisa criar uma estrutura de água para atender a necessidade de banho, banheiros e tudo mais. No nosso caso aqui do AcampJA, entendemos que a lagoa existente lá nos fornecia a água suficiente em demanda para possibilitar o banho de milhares de pessoas. Todavia, a água precisa ser examinada. Enviamos a água para o laboratório, que através de um exame que nós pagamos constatou que precisávamos fazer uma correção da água para que ela pudesse ser mais segura. Estabelecemos um centro de tratamento de água, onde, em três diferentes tanques, as substâncias necessárias para correção da água foram adicionadas. Só então enviamos a água para dez caixas de 10 mil litros, um total de 100 mil litros de água.
Água
E aí você imagina, construir três tanques de tratamento de água, puxar esta água de um lugar para esses tanques e depois enviar desses tanques para as caixas, até que chegue por sua vez aos banheiros, para atender a necessidade de utilização dos banheiros, chuveiros e sanitários, com eficiência e conforto.
Obviamente você cria uma estrutura. Todo banheiro foi construído em PVC e isso demanda uma firma de serviços: dezenas de homens, num processo de mais de um mês aproximadamente, montando esses banheiros, criando uma fossa para que os dejetos fossem depositados ali, e incluindo caminhões contratados para fazer a retirada dos dejetos dessa fossa, para levar até o local de tratamento indicado pela cidade, por meio da firma contratada.
Então, você imagina o tratamento da água, a infraestrutura de caixa d 'água, bomba, canos para transportar a água, para chegar até o banheiro, esses banheiros construídos no formato de PVC, para que tenha um mínimo de conforto com vasos sanitários, com chuveiro, com portas e tudo mais, para que a privacidade pudesse ser garantida.
A despeito de tudo isso, ninguém sabe da quantidade de licenças que precisam ser conquistadas, junto ao corpo de bombeiros, taxas que são pagas, você tem que acionar vigilância sanitária para observar a área de cozinha, tem que ser entregue uma estrutura de palco, som, iluminação, colocar arquibancadas, organizar tudo isso e tudo com ART (Anotação de Responsabilidade Técnica, documento legal que identifica o responsável técnico por um serviço prestado ou uma obra realizada), com laudo técnico avaliado pelo corpo de bombeiros, no sentido de produzir essas ART, com extintores espalhados em todos os lugares por exigência do próprio corpo de bombeiros.
Programação e convidados
Aí você tem que ter uma estrutura de centro de mídia, para que os profissionais de jornalismo, aproximadamente 40 profissionais de mídia, de jornalismo, fazerem a cobertura do evento, transmissão online. Você paga uma internet para produzir tudo isso para disponibilizar online, para que as pessoas possam assistir e o evento também ficar registrado. Então esses profissionais de comunicação estão à disposição em um espaço específico para trabalhar que é um container, que precisou ser alugado. Você precisa construir um camarim para recepcionar todos os cantores, todos os pregadores participantes, tem que fazer um menu de indivíduos que vão pregar. Temos aí o pastor Carlos Campitelli, líder da Divisão Sul-Americana, pastor Rafael Santos, pastor Odaílson Fonseca, temos o pastor Gilson Brito, orador da Voz da Profecia, enfim, 5 oradores, incluindo a mim que farei uma das mensagens também. Aí como jovem se identifica muito com a música, você convida todos os cantores em evidência neste momento, especialmente vinculados à Rede Novo Tempo, de modo que teremos Arautos do Rei Discípulos, Grupo Faces, Jefferson Pillaer, Sergio Saas, Gabriel Prado, enfim, o que de melhor existe da música adventista à disposição para que tenhamos qualidade musical, qualidade de mensagem, que atendam a necessidade do jovem.
Agora imagina o investimento para todas essas pessoas, passagens aéreas, a necessidade de recebê-las bem no nosso território afinal de contas nós queremos proporcionar para todos o melhor bem-estar possível.
Estrutura médica e de segurança
Temos toda uma estrutura médica e hospitalar, construída para atender, caso haja necessidade. Uma gama de material e infraestrutura hospitalar, bem como profissionais da área de saúde, incluindo uma equipe de médicos e de enfermeiros para poder fazer o processo de plantão e atendimento para aquele que tiver necessidade.
Para atender à necessidade do jovem que gosta de aproveitar essa oportunidade e adquirir alguma coisa que o identifique com a programação ou com a fé, montamos um verdadeiro Shopping Center, grande o suficiente para que dezenas de loja sejam estabelecidas.
Aí você imagina a logística de material humano necessário para segurança, transporte, o acionamento dos órgãos públicos, autorização da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal, a infraestrutura de trânsito, que precisa se construir porque afinal de contas nós vamos receber aproximadamente 150 ônibus. Uma infraestrutura que envolve até pavimentação das ruas adjacentes para que os ônibus consigam chegar numa qualidade melhor.
Quando se pensa ainda no setor de segurança, para guardar uma quantidade significativa de material de tecnologia que custa muito, nós contratamos uma firma de segurança profissional, vigilantes especializados em eventos, gente que tem porte de arma, que é treinada para isso e que mantém esse tipo de segurança. Os anjos do Senhor protegem, mas a gente faz a nossa parte no sentido para que possamos ter o evento com a máxima segurança possível.
O que diz respeito ao material humano a equipe gigante que se forma para atender na questão da secretaria para conferir e distribuir troféus para os grupos de jovens que estão vindo, as pulseiras de identificação, as orientações necessárias de tudo para que eles possam ter um conforto e isso simplesmente não basta, ainda é necessária uma bateria de eventos para que ao longo do dia eles tenham uma atividade qe ue não fiquem ociosos. Você vai ter atividade do turismo, impacto social com uma feira de saúde, com distribuição de brinquedos com um show da Turma do Nosso Amiguinho, celebrando o Dia das Crianças, e distribuição de cestas básicas.
Uma bateria de eventos para que ao longo do dia eles tenham uma atividade Não fiquem apenas ociosos você vai ter atividade do Turismo você vai ter o impacto social com uma feira de saúde com distribuição de brinquedos distribuição de cesta básica um show da turma do nosso amiguinho celebração ao Dia das Crianças.
Obviamente é custo altíssimo, geralmente percebido por aqueles que organizam, porque o indivíduo que senta e assiste às vezes não sabe da envergadura de todo este custo que é a realização de um evento dessa magnitude, mas a igreja faz tudo isso para edificação do jovem, porque nós investimos nas novas gerações, acreditamos que a igreja está bem direcionada quando investe na sua Juventude e desejamos fazer mais e melhor.
4. Fale um pouco sobre o público do acampJA. Serão cerca de 7 mil pessoas. Quem são essas pessoas? Quais suas impressões sobre esse público e como você acredita que o acampJA vai impactá-los durante e depois do encontro?
Eduardo Batista: O AcampJA vai contar com o público de aproximadamente 7 mil pessoas, envolvendo os inscritos, líderes e todo o pessoal que compõe a equipe de apoio para a produção do evento e oferecimento de serviços. Tendo isso em vista, a gente pode afirmar que nós temos jovens do Estado da Bahia e do Estado de Sergipe, que compõem o território da União Leste brasileira, mas estamos recebendo muitos convidados de outros Estados. Nós temos aproximadamente 400 pessoas vindas do Maranhão, aproximadamente 200 pessoas chegando do Pará, caravanas de Goiás, de São Paulo, do Espírito Santo, gente do Rio de Janeiro, do Acre do Amazonas, Pernambuco, Ceará e outros Estados do Nordeste. De modo que o AcampJA rompeu a fronteira da Bahia e de Sergipe para alcançar todas as regiões do nosso país. A impressão que eu tenho sobre esse público é que ele está sedento e vem com sede de ouvir a Palavra, ajudar no impacto social e evangelístico, de modo que quando nós estamos com essa disposição de ouvir de Deus de falar de Deus, sentimos a manifestação do Espírito Santo na vida dos jovens.
5. Como você observa a juventude no Brasil hoje? Quais desafios esta juventude apresenta para a igreja e sua missão nessa era pós-digital?
Eduardo Batista: Nós vivemos um momento muito desafiador da história, pela descredibilidade que tenta se construir em torno de instituições e suas intenções, mesmo a igreja sofre com isso porque neste mundo capitalista que a gente vive, aonde o foco é sobre o lucro, então o primeiro desafio é mostrar para o jovem que a igreja não tem fins lucrativos e que ela é uma instituição diferente quando utiliza os recursos recebidos para proporcionar para este jovem uma devolutiva no sentido de quem experimenta um bem-estar emocional, espiritual e um crescimento em programações deste nível.
Então a credibilidade Institucional é questionada nos mais diferentes ambientes. Todo o sistema hoje é questionado, a polícia, as escolas, as igrejas são questionadas. Há um lado bom nisto, que é o jovem à procura de respostas, e a igreja não tem medo de oferecer as respostas para os seus jovens, tanto é que estamos aí realizando este evento como uma resposta à necessidade, para que se tornem discípulos de Jesus.
Estamos no mundo da impessoalidade, onde as pessoas hoje se relacionam somente pelos veículos digitais e a pessoalidade, o “olho no olho”, o abraço amigo, aquela sensação pessoal de que você é querido e que você está no ambiente seguro, é quase inexistente. A igreja quer trazer isso para a realidade do jovem, para que ele possa ter uma experiência não simplesmente virtual mas real com Deus e com as pessoas.