Artur Nogueira, SP... [ASN] Neste Natal, a previsão é que R$ 50 bilhões de reais sejam injetados na economia do Brasil, segundo uma pesquisa feita com 1,6 mil consumidores nos 27 Estados do Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Isso significa que muitas pessoas vão presentear seus familiares nos próximos dias. Essa ação está diretamente ligada à cultura natalina em que os familiares costumam trocar presentes no Natal. O momento divide opinões, no sentido de que muitas pessoas preferem dar presentes a dar atenção para a família. Isso revela algumas dificuldade relacionais, além de que no futuro  pode trazer consequências emocionais para as crianças.  Sobre o assunto, a Agência Sul-americana de Notícias conversou com a terapeuta familiar, Marli Portugal. Leia:

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Agência Sul-americana de Notícias: Por que no natal as pessoas tendem a ficar mais emotivas e desejosas da presença familiar?

Marli Portugal: As pessoas ficam mais emotivas pelo fato do Natal ser um período de reflexão, quando se pensa mais sobre a vida, os relacionamentos familiares, as perdas, os objetivos da vida, nessa fase o desejo da maioria das pessoas é de ficar entre família e confraternizar. No contexto cristão, isso é ainda mais forte por causa do significado especial voltado a Jesus.

ASN: Qual o significado do presente no âmbito relacional?

Marli: O presentear é parte da própria humanidade. Gera uma expectativa, presentear é uma maneira de estreitar os laços afetivos. Tem seu valor sentimental, é claro. Muitas pessoas dependem do presente para se sentirem amadas, e nesse sentido é preciso respeitar essa necessidade. O presente materializa os sentimentos e as emoções. Para as mulheres, por exemplo, tem um significado muito especial quando recebido do marido. As crianças entendem o presente como uma recompensa pelo comportamento, ou seja, uma aprovação direta dos pais.

ASN: Por que muitos pais ou filhos optam por dar presentes ao invés de passar tempo se relacionando?

Marli: Porque, geralmente, não foi criado um vínculo afetivo nessa relação o que dificulta estar junto, fazer coisas juntos. Então, fica mais fácil presentear, até para não ser cobrado. Muitos pais acostumam seus filhos com presentes, apenas com presentes. Isso é um fator que pode prejudicar as crianças no futuro, pois elas confundem o verdadeiro valor das emoções e das relações. Existe uma culpa por trás disso também, pois essa é uma forma de compensação muito óbvia. É claro que esse é o caso de algumas famílias. O ideal é que o presente venha seguido de um grande abraço e afinidade pessoal. Uma coisa complementa a outra.

ASN: Quais as consequências da ausência familiar para o desenvolvimento da criança?

Marli: Quando os pais estão presentes na vida dos filhos na infância, molda-os como pessoas íntegras, com valores. Quando se envolvem na educação, constroem confiança e autoestima. Com tudo isso, a ausência da presença dos pais na vida dos filhos causa lacunas que certamente gerará grandes conflitos no futuro destas pessoas. Além disso, esse costume é passado de geração em geração, o que é muito ruim.

ASN: Como as pessoas poderiam dar mais atenção para seus familiares tanto no Natal quanto em outras datas especiais?

Marli: A atenção e a dedicação de tempo são grandes provas de amor. Não é algo pode ser exigido a partir do nada. É algo natural, que se faz com prazer. O relacionamento é a base para isso, ou seja, se há sentimento verdadeiro as coisas vão acontecendo. Infelizmente, por causa do trabalho, da correria do dia-a-dia, algumas coisas deixam de ser prioridade. A realidade é que as pessoas precisam priorizar as coisas realmente importantes da vida. As pessoas nascem, crescem e morrem. Isso tudo pode acontecer num piscar de olhos. Agora, eu é que pergunto: o que importa mais é o presente ou quem está o recebendo?  [Equipe ASN, Jhenifer Costa]