Relacionamento é fator decisivo para jovem escolher religião, diz ex-promotor de rolezinhos
Vinicius Andrade foi um dos protagonistas do rolezinho paulistano, em 2014. Hoje, influencia pessoas para Cristo
Por Lucas Rocha
Aos 17 anos, Vinicius Andrade ganhava em média 5 mil reais por semana. Tinha uma legião de 200 mil seguidores nas redes sociais. Atraiu o interesse da imprensa e de políticos. No entanto, seu estilo de vida em meados de 2014 não condizia com a educação cristã que a mãe, Dolores Andrade, lhe dera.
Desde cedo, Andrade aprendeu a ler a Bíblia, frequentar os cultos na Igreja Adventista e estudar a lição da Escola Sabatina. No entanto, no período da adolescência, praticamente nenhum de seus amigos era cristão. Assim, aos poucos ele foi perdendo o interesse em ir a programações religiosas. “Eu percebi que as programações para os jovens foram acabando, então eu só ia para a Igreja aos sábados, e ainda assim me sentia invisível”, relembra.
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Diante disso, começou a frequentar festas. Carismático e de papo fácil, logo chamou a atenção de donos desses eventos. Passou a promover encontros por meio das redes sociais. Em um deles, marcado para acontecer na zona leste de São Paulo, esperava encontrar mil jovens. Viu que o shopping estava lotado. Foi só ao chegar em casa que descobriu o que havia acontecido: 10 mil deles se reuniram em um shopping. O que era para ser apenas diversão, se transformou em confusão, com o registro de brigas e pequenos furtos.
A partir de então, a imprensa fez uma intensa cobertura sobre o fenômeno dos rolezinhos, como foram chamados os encontros de jovens da periferia paulistana. O potencial da influência de Vinicius chamou a atenção de políticos. Chegou a se filiar a um partido político e a trabalhar no gabinete de um deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo, mas logo decidiu abandonar as pretensões políticas.
Porta fechada
Depois de algumas desilusões, foi um fato inusitado que o fez voltar ao caminho que a mãe o ensinara quando criança. Em uma noite, a caminho de casa, ele decidiu entrar no templo adventista localizado no bairro do Capão Redondo, na região sul da capital paulista, para orar. Como já se aproximava da meia-noite, os diáconos da igreja fecharam as portas do templo minutos depois que ele entrou. Constrangido em sair e todos notarem, decidiu ver a programação até o fim. Ao final da Vigília, quando as portas foram abertas, deixou de se sentir invisível na igreja. Voltou mais vezes. Fez novos amigos e se envolveu em diversas iniciativas. “Eu orei a Deus e Ele ouviu minhas orações. Deus trocou cada falso amigo do meu filho por um amigo que o influenciasse para a Igreja, que o fortalecesse na fé”, relata Dolores, em tom de alívio.
Hoje o rapaz também exerce influência com amigos. Nada comparado ao que foi o rolezinho. “Eu me sinto muito mais feliz em dar atenção a uma só pessoa para ela se tornar discípulo de Cristo do que falar para milhares de pessoas que eu não conheço por meio das redes sociais”, assegura Andrade, que já influenciou cerca de 44 jovens ao batismo em pouco mais de dois anos.
Tanto ele quanto a mãe e os amigos apontam que o relacionamento é fator decisivo para o jovem desenvolver a fé.
Concílio Anual
Andrade emocionou os principais líderes da Igreja Adventista no Estado de São Paulo na manhã desta terça, 28 de novembro, ao contar um pouco da sua história. O relato aconteceu na abertura do segundo dia do Concílio Anual da sede administrativa adventista no território paulista (União Central Brasileira - UCB). O encontro começou na segunda, 27, e vai até esta quarta. Durante esses dias, os líderes avaliam o trabalho realizado pelas oito sedes administrativas da Igreja Adventista no Estado, além do desempenho das instituições ligadas à denominação. Decisões eclesiásticas e de planejamento para 2018 também são tomadas por essa comissão.
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