Reforço escolar se transforma em evangelismo em comunidade no PR
A ideia surgiu diante da greve escolar no começo do ano, que deixou as crianças sem aulas por três meses.
Antonina, PR...[ASN] Em meio à natureza, a 33 quilômetros do centro da cidade de Antonina, no litoral paranaense, se encontra a pequena comunidade de Cachoeira. Ali, a Igreja Adventista tem trabalhado em favor das crianças da região. Isso porque no começo do ano, a única escola municipal de mais fácil acesso esteve em greve por três meses. Diante desta situação, professoras adventistas voluntárias criaram um projeto de reforço escolar, que inicialmente pretendia ajudar as crianças da igreja, mas que tomou proporções maiores, beneficiando as famílias da localidade.
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“Os pais da nossa igreja começaram a ficar preocupados com os filhos porque as crianças apresentavam muitas dificuldades. Nós percebíamos, como líderes de Aventureiros, que as crianças não sabiam nem ler e nem escrever. Então resolvemos nos reunir às segundas-feiras à tarde para ajudar essas crianças. Começamos com cinco. Mas depois as crianças das vizinhança souberam, pediram para participar e sempre traziam mais alguém”, explica Marcella Viel, uma das idealizadoras do projeto.
A pedagoga que trabalhava em um Colégio Adventista de Curitiba mudou-se para o vilarejo, mesmo sem entender ao certo os planos de Deus. Mas aos poucos os propósitos ficaram claros. “Ia ser muito frustrante morar aqui e não conseguir ajudar ninguém nesse lugar. Pensei: ‘Agora eu vou pra um lugar que não tem escola, o que eu vou fazer?` E olha só, Deus tinha uma escola me esperando aqui”, acredita a professora, que realiza o trabalho sem remuneração alguma.
O que era apenas uma tarde na segunda-feira se transformou em quatro dias de aulas para atender a demanda de crianças que procuram o reforço escolar. Horários mais flexíveis foram necessários depois do retorno das aulas na escola municipal. Os que estudam de manhã têm aulas de reforço à tarde e os que estudam à tarde vão ao reforço pela manhã. As três professoras se revezam para ensinar Língua Portuguesa – alfabetização e letramento - e Matemática, já que, segundo Marcella, são as matérias mais cobradas dos alunos e as quais eles têm mais dificuldades.
Trabalho transformado em ministério
Embaixo de um pequeno espaço aberto, coberto apenas com finas telhas, cerca de 20 crianças fixas, mais as rotativas, estudam com materiais frutos da doação de muitas pessoas e também do esforço das professoras para conseguir os recursos. “A gente doa papel e tinta para a impressão porque já trazemos as atividades pré-prontas. Pedimos doações de livros e até de papel que fica excedente nas escolas. Algumas escolas adventistas de Curitiba têm nos ajudado com material e as professoras também mandam atividades pra gente. Todo o material é extremamente bem utilizado. Então tudo a gente transforma, recicla e utiliza”, conta Marcella.
Mais do que um projeto social, a iniciativa se tornou um ministério, uma vez que as crianças aprendem a orar, ouvem histórias bíblicas antes de iniciarem as aulas do reforço e até frequentam a igreja aos sábados. Marcella revela que a maioria delas se dirige à igreja sozinha, chega pontualmente às 9 horas, e participa da Escola Sabatina, do culto, do almoço com os fiéis e também dos Clubes de Aventureiros ou Desbravadores.
O serviço prestado à comunidade tem quebrado preconceitos e aproximado os adventistas dos vizinhos. “Algumas crianças vão regularmente à igreja e já pediram a lição da Escola Sabatina e estão estudando. Nós visitamos as famílias, oramos por elas, para que se sintam acolhidas também. Amamos a comunidade com força porque assim eles verão a nossa doutrina em ação. Esse é o maior ministério. Foi a forma que Deus encontrou para alcançá-los, pois eles eram muito fechados. Quando começamos a oferecer algo que eles precisavam, eles começaram a ver o que é a Igreja Adventista de verdade”, diagnostica Marcella.
O reforço escolar se transformou num projeto de toda a igreja local. Embora nem todos possuam a habilidade de ensinar, os fiéis estão totalmente envolvidos na colaboração de outras formas, seja arrumando o espaço de estudos das crianças, dando alguma oferta especial para a compra de materiais ou até mesmo divulgando o projeto para outras pessoas da comunidade.
O projeto não tem prazo para acabar. Enquanto houver ajuda, esforço e vontade, Marcella garante que o trabalho será feito. “A gente está recebendo essas crianças porque Deus mandou porque foi Ele que colocou esse projeto no nosso coração, e vamos seguir com as condições que Ele der até quando Ele mandar”, conclui. [Equipe ASN, Jéssica Guidolin]
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