Campanha Quebrando o Silêncio vira lei em cidade mineira
Município de Conselheiro Pena (MG) oficializa campanha e fortalece a mobilização da Igreja Adventista contra a violência

A campanha internacional Quebrando o Silêncio vira lei em Conselheiro Pena, cidade na região do Vale do Rio Doce em Minas Gerais. A proposta, feita pelo vereador Vinícius Moreira da Silva, foi aprovada por unanimidade na câmara e sancionada pela prefeita Nádia Filomena. A Lei nº 28/2025 estabelece que todo quarto sábado de agosto será dedicado à campanha, com participação das escolas do município.
Criada em 2002 pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Quebrando o Silêncio promove atividades de prevenção e enfrentamento contra diferentes tipos de violência, incluindo abuso sexual, violência doméstica e, mais recentemente, violência digital. Ao ser transformada em lei, a mobilização passa a ter continuidade garantida no município, fortalecendo a conscientização da comunidade e estimulando a formação de uma cultura de proteção e denúncia. "Essa lei veio agregar e a gente fica grata e feliz por isso", celebrou Joana D’arc, coordenadora da campanha no município.
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O dia D do Quebrando o Silêncio em Conselheiro Pena aconteceu no sábado (23), tendo a Escola Estadual Maria Guilhermina Pena como ambiente de uma das principais mobilizações. Desde 2010, a campanha interage com as escolas estaduais e municipais da cidade. "Os professores e profissionais da educação recebem antecipadamente os materiais do projeto, trabalham os conteúdos em sala de aula e, ao final, realizam um encontro coletivo", explica Joana D’arc.
A programação acontece na quadra da escola, que se enche de alunos, familiares e autoridades locais. Os estudantes apresentam peças teatrais, corais, poesias, jograis e encenações baseadas nos temas da revista do Quebrando o Silêncio. Após as apresentações, a mobilização segue pelas ruas em passeata, com o apoio da Polícia Militar.
Violência digital em pauta
Na edição deste ano, o Quebrando o Silêncio destaca os impactos da violência digital, que tem afetado especialmente crianças e adolescentes. Muitas vítimas sofrem em silêncio, marcadas por ataques anônimos e intimidações virtuais, sentindo-se sozinhas e sem apoio.

A psicóloga Varvilane Almeida explica que os impactos dessas agressões vão muito além da tela. Tristeza profunda, ansiedade, baixa autoestima, isolamento e até distúrbios físicos são sintomas comuns entre as vítimas. "Precisamos lembrar que por trás de um perfil existe uma pessoa de carne e osso, com sentimentos e limites. O silêncio precisa ser quebrado”, alertou.
Um exemplo que ilustra essa realidade é a história de João (nome fictício) e sua filha, que com apenas 9 anos, teve sua imagem roubada e usada em perfis falsos nas redes sociais. Frases como “eu sou feia” e “me sinto horrível” foram publicadas como se tivessem sido escritas por ela, gerando confusão e sofrimento. “Quem criou o Quebrando o Silêncio está de parabéns. Hoje até adultos se perdem nas redes. Se não vigiarmos, a internet consome a vida”, destacou João sobre a relevância da campanha.
Iniciativa reforça o papel social das igrejas
Além da conscientização, a campanha também orienta sobre como buscar ajuda. "A igreja faz um trabalho de prevenção e orientação. Mas se alguém está já com o problema instalado, nos materiais que distribuímos tem os contatos onde poderão receber ajuda. Como igreja também ajudamos com aconselhamentos e encaminhamentos", esclarece Andréia Luna, líder do movimento no leste de Minas Gerias.

O Quebrando o Silêncio é realizado em oito países da América do Sul. No Leste de Minas, várias cidades aderiram ao projeto com ações em escolas, igrejas e espaços públicos. O sábado, 23 de agosto, marcou esta edição com passeatas, apresentações e distribuição de materiais. Ações como essas seguirão durante o mês de agosto.