Brasília, DF ... [ASN] Há 59 anos, uma organização internacional chamada Portas Abertas faz a diferença para cristãos que vivem em mais de 60 países do mundo onde o cristianismo é motivo de perseguição. A entidade atua em segredo para justamente garantir proteção às pessoas que vivem nessas regiões marcadas ainda pela intolerância religiosa. Nesse ano, a Igreja Adventista está enviando pelo menos 25 famílias missionárias para países com esse perfil, por isso a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com a área de comunicação do Portas Abertas que concordou em explicar alguns aspectos de seu estratégico trabalho.

ASN - Entendo que o Portas Abertas trabalhe em sigilo para justamente preservar os cristãos que vivem em países de forte perseguição, mas o que vocês podem dizer sobre os resultados obtidos até agora dentro da "visão de fortalecer a Igreja Perseguida e apoiar os cristãos locais que vivem em territórios hostis"?

Portas Abertas - A Portas Abertas é um ministério cristão internacional de serviço aos cristãos que são perseguidos por causa de sua fé e testemunho de vida. No Brasil, onde já completamos 35 anos de atuação, nossa missão é divulgar essa dura realidade vivida por cristãos ao redor do mundo, encorajando os cristãos brasileiros a orar, contribuir e se mobilizar no apoio à Igreja Perseguida.
O principal objetivo da Portas Abertas em países de perseguição extrema, como a Coreia do Norte e Somália (respectivamente 1ª e 2ª posição no ranking de perseguição religiosa no mundo) é ajudar os cristãos a sobreviver, provendo-lhes alimentos, medicamentos, roupas e outros bens de necessidade básica. Nós também os apoiamos com a distribuição de livros e outros materiais cristãos, além da divulgação desses conteúdos por meio do rádio. Também atuamos com cristãos norte-coreanos refugiados que ficam temporariamente na China, fornecendo-lhes treinamento bíblico e distribuindo materiais de estudo.

Na Somália, a Portas Abertas tem trabalhado ativamente desde a década de 1990. Até hoje, continuamos a usar todas as oportunidades possíveis para apoiar a Igreja, através da distribuição de literatura e discipulado, treinamento de líderes e jovens, além do desenvolvimento de comunidades.

ASN - Quem mantém esse trabalho financeiramente e vocês possuem algum tipo de parceria com igrejas, governos federal, estaduais ou municipais e mesmo outras ONGs?

Portas Abertas - Os mantenedores dos projetos da Portas Abertas são os parceiros (cristãos da igreja brasileira) que contribuem com orações, apoio aos projetos, divulgação e contribuição financeira e material. Não temos nenhum vínculo com governos, em nenhuma esfera, e trabalhamos em parceria com outras 300 organizações não governamentais espalhadas pelo mundo.

ASN - Poderiam citar uma ou duas histórias mais significativas que ilustram um pouco do que é o trabalho de vocês diariamente?

Portas Abertas - A Portas Abertas estima que cerca de 100 milhões de cristãos sofram perseguição nos dias de hoje. Nessa conta, estão calculadas todas as formas de opressão – de ameaça e preconceito até práticas de tortura e morte – contra cristãos de qualquer igreja ou denominação cristã no mundo. A boa notícia é que a perseguição tende a estar relacionada com o crescimento e o testemunho, e normalmente refina e fortalece a fé dos cristãos, não o oposto. Por isso, em geral, o aumento das pressões contra o cristianismo mostra que a Igreja está crescendo. “Naquela ocasião desencadeou-se grande perseguição contra a igreja. Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem.” Atos 8.1,4

Nossos projetos, tais como distribuição de Bíblias, treinamentos, apoio socioeconômico, entre outros (disponíveis no site www.portasabertas.org.br) só começam se existirem contatos consistentes com a igreja local. Em muitos casos, agimos em parcerias com outras 300 agências e ONGs, pois uma de nossas características no campo é agir de maneira invisível. Quando alguém se torna parceiro da Portas Abertas está contribuindo indiretamente com outras centenas de organizações que trabalham ao redor do mundo. A contribuição oferecida leva ajuda para a Igreja de Cristo que não tem a mesma liberdade para pregar, orar e se reunir para adorar ao Senhor.

ASN - Qual a avaliação de vocês de projetos como o da Igreja Adventista chamado Missionários para o Mundo que está enviando 25 famílias para países de iminente risco de morte para quem professa a fé cristã a partir do próximo ano?

Portas Abertas - A Portas Abertas acredita que todo o trabalho realizado para servir ao cristão perseguido e à igreja perseguida, não é em vão. O envio ao campo missionário é um dos primeiros mandamentos que Cristo deixou à sua igreja já nas últimas recomendações de seu ministério. O ‘ide e fazei discípulos’ deve ser abraçado por todas as igrejas, de todas as denominações, de todo o País. Quando vemos um projeto que abrange países fechados ao evangelho e onde servir a Cristo pode custar a vida, nos regozijamos no fato de a igreja brasileira estar despertando para essa realidade e que todos o nosso trabalho em servir a esses irmãos, encontra base, sustentação e apoio dentro das Igrejas. [Equipe ASN, Felipe Lemos]