Piloto aproveita competições para distribuir livros missionários
História do piloto Sandro Bruno, campeão nacional de arrancadas, mostra que é possível testemunhar em diferentes ambientes e circunstâncias
Por Felipe Lemos
Sandro José Bruno, 46 anos, é um adventista do sétimo dia que utiliza seus dons para testemunhar em um ambiente inusitado. Nas pistas de arrancadas, em meio ao barulho dos motores, o piloto e preparador mecânico, que mora em Boituva, interior de São Paulo, tem uma meta bem clara. Ele corre nas competições, mas acelera, também, na distribuição de livros missionários e no contato com pessoas para falar acerca do evangelho de Deus. Em um dos seus carros, não falta um adesivo da TV Novo Tempo. Por conta do aprendizado sobre qualidade de vida e saúde, Sandro Bruno mudou sua alimentação e perdeu 14 quilos com um estilo diferente. A Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com ele sobre essa realidade.
Como funcionam essas arrancadas? Como se caracteriza esse tipo de modalidade esportiva?
As arrancadas começaram nos Estados Unidos nos anos 50 e eram como rachas nas ruas (disputas de velocidade). Lá, eles “tiravam” rachas nos quarteirões. Como lá, em Estados como a Califórnia, por exemplo, os quarteirões são grandes, costumava-se falar das provas em um trajeto de 1 quarto de milha. Começaram a fazer provas em vários lugares dos Estados Unidos e construir pistas de arrancada. Há cerca de dez anos, a modalidade cresceu muito no Brasil. Há várias pistas, principalmente no sul do Brasil. A arrancada começou a ficar profissional. As arrancadas são sempre com dois carros e existem várias categorias. Há os carros com tração dianteira e a categoria de carros com tração traseira. Tem categorias, por exemplo, dos carros com 2, 4 e 6 cilindros. Você percorre 402 metros (1/4 de milha) ou 201 metros o mais rápido possível e com maior velocidade. Conta muito na arrancada a sua reação na hora em que você larga, quando dá a luz verde e acende o último sinal amarelo. Faz diferença o tempo que você demora para sair e isso se soma ao tempo final do carro. Além disso, tem a queima. Se você sair no último sinal amarelo, aí você queima e acende uma luz vermelha e você perde aquela “puxada”. Tem até a categoria dos dragsters (tipo de veículos leves e com motores extremamente potentes projetados para esse tipo de provas).
Veja outras fotos do piloto:
Há quanto tempo você faz parte desse mundo e quais títulos conquistou?
Eu comecei a participar de arrancada em 1991 e 1992, e quem me incentivou foi o meu pai. Ele sempre gostou de carro de corrida e me levava em Interlagos, São Paulo, para ver os carros de circuito e aí, uma vez, ele me levou à noite, pois tinha um tipo de racha. Esses eram os carros de arrancada hoje. Quando eu vi aquilo, eu fiquei louco. Tinha até umas gaiolas (carros adaptados para arrancadas). Comecei a me dedicar, montei a primeira oficina e o primeiro carro que eu tive foi um de arrancada. Todos os meses eu corria. Comecei a gostar e a levar a sério, arrumei patrocínio e há alguns anos eu vivo da arrancada. Cheguei a ser campeão paulista umas três vezes, aí depois eu comecei a participar de campeonato fora de São Paulo. Fui campeão paranaense duas vezes e comecei no campeonato brasileiro. Na primeira prova nacional eu fui vice-campeão e, em outra oportunidade, eu fui campeão. Aí comecei a correr em vários lugares do Brasil. Em Manaus, Fortaleza, campeonato gaúcho (fui campeão uma vez). Começou a falar em arrancada e eu estava no meio. Eu creio que Deus me colocou nessa arrancada, me tornei conhecido e hoje ele está me usando.
Como você tem testemunhado nesses eventos e para esse tipo de público? Fale em detalhes como tem sido isso.
Eu comecei a testemunhar da seguinte forma. Fiquei dois anos sem correr, longe das arrancadas. Depois, quando eu voltei, voltei já adventista e eu fui assistir a uma prova e eu estava em casa. Algo me pedia para ir nesse treino que estava tendo e que ficava a 60 quilômetros de casa. Acabei indo para lá e encontrei vários amigos e um deles me disse que eu havia sumido. Expliquei que estava sem patrocínio e a arrancada ficou muito cara. Mas afirmei que eu iria voltar a andar, só que na sexta e no domingo eu iria correr, mas no sábado não. O meu amigo olhou e disse assim: “Você é adventista?”. O homem começou a chorar e disse que estava afastado há 20 anos da igreja. O meu amigo afirmou que, naquela semana, sua mãe tinha ido a sua casa e levou a Bíblia que ele utilizava. E pediu ao rapaz para que voltasse à igreja. A mãe insistiu com ele e meu amigo afirmou que só voltaria se houvesse um sinal de Deus. Eu creio que eu fui o sinal para ele. Depois de três meses, ele foi batizado, a esposa e o filho e depois o outro irmão dele. Quando eu comecei a conversar sobre a Bíblia, ele sabia muito mais do que eu. Veja como Deus usa as pessoas sem saber. Foi muito emocionante.
Veja o testemunho completo de Sandro no programa 180 Graus, da TV Novo Tempo:
E você distribui muitos livros, certo?
Hoje eu faço isso. Voltei a correr, não como antigamente. A cada dois meses, vou a uma prova. Ando na sexta, mas, no sábado à tarde, eu vou até a pista para distribuir livros missionários, conversando sobre Deus com alguns amigos e explico o sentido do sábado. Digo a eles que, se eu for correr, eu dependo dos meus funcionários, vou dar trabalho para algumas pessoas, para fazer o serviço, no dia de sábado. Eu explico. Muitos entendem, outros olham de forma estranha, mas é muito bom, porque aí eu falo de Deus. Não é fácil, mas lá naquele meio sempre tem alguém que está com o coração aberto.
Há uma outra coisa que eu e a minha esposa fazemos na empresa. Compro caixas de livros e em toda mercadoria que eu vendo (peças, motores) para os clientes, eu coloco um exemplar dentro. Há alguns clientes que agradecem pelo presente enviado. Eu costumo distribuir cerca de 50 exemplares de livros missionários por mês.