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Saúde

Perigos reais do uso da maconha

Especialista fala das ameaças do uso de maconha para a saúde e adverte quanto a efeito a curto e longo prazo.


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A legalização do uso de maconha tem sido fortemente discutida em muitos países atualmente. Riscos reais ao organismo humano, no entanto, ainda são confirmados pela ciência. (Foto: Shutterstock)

A maconha (Cannabis sativa) atualmente é a droga ilícita mais consumida no mundo. E, se considerarmos as drogas ao todo, ela só perde para o cigarro e o álcool. Ela é, normalmente, administrada via inalação (fumada) ou ingestão (comida); o uso inalado é mais utilizado porque tem uma absorção e, consequentemente, efeito mais rápido.

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O consumo da maconha, portanto, traz consigo riscos concretos que podem ter impactos na saúde e na vida de um indivíduo. O uso de maconha está aumentando em todos os grupos etários adultos, abrangendo ambos os sexos e até mulheres grávidas. Paralelamente, a percepção sobre o quão prejudicial o consumo de maconha pode ser está em declínio. Cada vez mais os jovens, hoje em dia, não consideram o uso de maconha como um comportamento arriscado.

O que é a cannabis?

Os principais componentes da cannabis são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC é o principal responsável pelos efeitos psicoativos da maconha. Já o CBD, por outro lado, não possui propriedades psicoativas e nem causa os efeitos de "barato" associados ao THC. Em outras palavras, o CBD não faz com que as pessoas fiquem “chapadas”, como se diz de forma popular. O canabidiol, aliás, tem sido estudado por seus potenciais benefícios terapêuticos, e já foi comprovado, inclusive, seu efeito no tratamento de epilepsia.

Há, no entanto, riscos reais para as pessoas que fazem uso de cannabis, especialmente no caso de jovens e adultos, assim como para as mulheres grávidas ou amamentando. A cannabis disponível atualmente é mais potente do que nunca. É possível, e de fato ocorre, que as pessoas desenvolvam dependência da cannabis.

Aproximadamente 1 em cada 10 pessoas que consomem cannabis acabarão se tornando dependentes. Quando o consumo começa antes dos 18 anos, a taxa de dependência sobe para 1 em cada 6.

Efeitos diretos

Quando falamos de uma substância como essa, precisamos pensar a respeito dos efeitos do consumo disso. Utilizar substâncias como cannabis pode acarretar efeitos negativos e duradouros. E em diferentes áreas:

Saúde cerebral - Um dos pontos diz respeito à saúde cerebral. A cannabis pode resultar em uma perda permanente de até oito pontos no QI (quociente de inteligência), especialmente quando o uso se inicia em idades mais jovens. Esses pontos de QI não são recuperados, mesmo após a interrupção do consumo de cannabis.

Saúde mental - Estudos relacionam o uso de cannabis à depressão, ansiedade, planejamento de suicídio e episódios psicóticos. Contudo, ainda não se sabe ao certo se o uso de cannabis é a causa dessas condições.

Desempenho atlético - Pesquisas indicam que a cannabis afeta o timing, o movimento e a coordenação, prejudicando o desempenho atlético.

Direção de veículos - Indivíduos que dirigem sob a influência de cannabis podem experimentar efeitos perigosos, incluindo reações mais lentas, desvio de faixa, coordenação reduzida e dificuldade em reagir a sinais e sons na estrada.

Saúde e desenvolvimento do bebê - O uso de cannabis durante a gravidez pode resultar em restrição no crescimento fetal, parto prematuro, natimorto e problemas no desenvolvimento cerebral, resultando em hiperatividade e função cognitiva deficiente. O tetrahidrocanabinol (THC) e outros compostos químicos da cannabis também podem ser transmitidos da mãe para o bebê por meio do leite materno, afetando ainda mais o desenvolvimento saudável da criança.

Vida cotidiana - O consumo de cannabis pode impactar o desempenho e o êxito das pessoas na vida. Evidências demonstram que os consumidores de cannabis são mais propensos a ter problemas nos relacionamentos, resultados educacionais mais fracos, menor conquista profissional e menor satisfação com a vida.

O cristão segue a palavra de Deus e acredita que o seu corpo é  o “templo do Espírito Santo”. Deve, portanto, preservar seu discernimento para ser canal de bênçãos para o mundo; por essa razão, o uso de substâncias que afeta a mente em sua capacidade de análise e controle é completamente incoerente com a missão que se tem a cumprir.

No Brasil, existem algumas associações que conseguiram, via judicial, permissão para cultivar a cannabis. A alegação é que o fazem para produzir medicamentos, no entanto devemos tomar cuidado. Como dissemos antes, o canabidiol tem comprovado efeito terapêutico, mas para isso, ele precisa ser isolado e dosado. Isso exige um nível de tecnologia e expertise muito específico, só feito por laboratórios aparelhados para tal.

O uso de extratos sem essa especificidade incorre no risco de utilizar uma substância sem se saber dosagem e concentração, algo essencial para uma prescrição médica. O CBD pode ser encontrado em farmácias, em formulação adequada, e é vendido somente com receita médica.

Conclusão

O tema sobre o uso de maconha não é algo tão simples como pode parecer. De acordo com o ponto de vista médico, há muitas preocupações quanto ao uso de tal substância, uma vez que, em sua composição, existem elementos altamente nocivos e prejudiciais à saúde. Certamente a discussão sobre o tema, em todo o planeta, tem suscitado debates nas áreas judicial, política e de saúde pública.

O alerta médico precisa ser feito. E, na minha concepção, acrescentei reflexões que dizem respeito à interferência de substâncias com implicações, também, no tipo de relação das pessoas com Deus.

O tema é sério e merece, portanto, uma reflexão mais profunda.

Christian Ximenes é neurologista, professor e pesquisador na área de neurociência. Ele faz parte do Grupo de Cientistas Adventistas.


Referência:

National Institute on Drug Abuse - https://nida.nih.gov/publications/drugfacts/cannabis-marijuana