A solidariedade, tão comum nas celebrações de fim de ano, é o trabalho de uma vida para Janeide Farias, de 63 anos. Moradora da Zona Leste de Manaus, ela dedica sua rotina a ajudar centenas de famílias carentes por meio da Ação Solidária Adventista (ASA).

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Projetos de solidariedade

Ainda de madrugada, ela já está na Feira do Bairro São José, organizando o brechó que mantém há quatro anos. Todo o lucro das vendas é revertido para ações solidárias. "Foi uma ideia que nasceu para ajudar, e aqui cada peça vendida se transforma em alimento ou esperança para alguém", conta Janeide.

Durante a semana, Janeide divide o tempo entre suas atividades voluntárias e a arrecadação de alimentos. Às terças e quintas-feiras, passa o dia inteiro em frente a um supermercado em Manaus, ao lado de sua "Caixa do Bem". Com um sorriso acolhedor, sensibiliza os clientes para doarem alimentos e outros itens de necessidade básica.

"É gratificante ver como as pessoas se mobilizam. Cada sorriso e cada doação me motivam a continuar", diz ela, que lidera a ASA há nove anos.

Além disso, às segundas e quartas, ela separa os alimentos arrecadados para montar as cestas básicas que serão entregues no Mutirão de Natal. Mesmo com o estoque crescendo e o espaço de sua casa diminuindo, ela não para. "O trabalho é constante. Enquanto há quem precise, a gente continua", afirma.

Um trabalho com propósito

Em 2023, as ações de Janeide arrecadaram mais de R$ 30 mil, beneficiando mais de mil pessoas. E os números continuam impressionantes: mais de 600 famílias já estão cadastradas para receber as cestas deste ano.

Priscila Pessoa, voluntária e apoiadora do projeto, tenta definir o trabalho de quem ela chama carinhosamente de mãe. "A dedicação dela é inspiradora. É mais do que doar, é se conectar com o outro, ela me acolheu quando eu mais precisei e me ensinou a amar esse ministério", conta.

Para Janeide, o trabalho solidário vai além das cestas de alimentos. É também uma forma de superar a dor de ter perdido o marido e enfrentar a depressão. "Eu encontrei na solidariedade uma razão para continuar. Meu sonho é ver Jesus voltar e reencontrar meu esposo", desabafa emocionada.

A entrega das cestas foi marcada para o final de semana que antecedeu o Natal. Para muitas famílias, esse presente representa um alívio em meio às dificuldades. Para dona Janeide, é a celebração de uma vida dedicada ao próximo, transformando pequenos gestos em grandes impactos.

Solidariedade que contagia

Há 16 anos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia no bairro de Santa Clara, em Parintins, distante 369 km de Manaus, descobriu no Mutirão de Natal uma oportunidade para levar esperança às famílias carentes. E, à frente dessa missão, está Walda Valente, diretora da Ação Solidária Adventista (ASA).

No início, a arrecadação de alimentos era feita de porta em porta, com Walda e os voluntários visitando vários bairros da cidade. Apesar do esforço, o número de famílias atendidas era modesto: apenas 70 recebiam as cestas básicas. Mas uma experiência de fé mudaria o rumo dessa história.

Em um momento de oração ao lado do esposo, Márcio, Walda pediu a Deus que abrisse portas para alcançar mais famílias no Natal. Foi então que, de forma inesperada, ouviu uma resposta: "lança as caixas no supermercado". Surpresa com a mensagem, Walda levantou-se cheia de entusiasmo e disse ao marido: Supermercado!

A ideia deu início a uma nova fase do projeto. Entretanto, com o apoio de uma rede de supermercados da cidade e empresários locais, o evento deixou de ser apenas da igreja adventista e tornou-se da cidade, com a ajuda de tantas pessoas. Este ano mais de 500 cestas básicas foram doadas para a população carente do município.