Pastores da AC pintam escola em Tijucas
Ação social fez parte do retiro espiritual realizado com os líderes espirituais
Uma tarde diferente para os pastores da Associação Catarinense (Igreja Adventista do Sétimo Dia no centro sul de Santa Catarina – AC). Longe das gravatas, estudos teológicos ou visitas pastorais, os ministros estiveram pintando uma escola municipal em Tijucas. A ação fez parte de um Retiro Espiritual entre os dias 15 e 17 de maio, onde os pastores, em jejum direcionado (frutas e castanhas), estudaram o livro “Obreiros Evangélicos”, de Ellen White, buscando compreender melhor os ideais divinos. Com alegria, todos participaram ativamente e alguns ainda lembraram com saudosismo da época antes do teológico, quando exerciam a profissão de pintor.
Pintando o muro de branco e as vigas em vermelho, os pastores aproveitaram para trocarem experiências e diversificarem suas atividades no distrito. “Alguns pensam que pastor tem uma vida tranquila. Muito pelo contrário, nossa responsabilidade é grande durante todos os dias. O telefone não para e os planos devem ser traçados com exatidão. Mas ter uma tarde como essa, todos juntos fazendo algo relativamente simples, proporciona uma sensação de solidariedade ainda mais genuína”, comenta o pastor Francisco Fonseca, líder Ministerial.
Nossa equipe esteve acompanhando os pastores nesta atividade e pode ouvir conversas prazerosas. Foram testemunhos, troca de ideias e até algumas risadas, mas tudo com o espírito cristão. Ao ser perguntado qual a importância desta ação, o pastor Gabriel Pasquale comentou: “Ellen White comenta no O Desejado de Todas as Nações algo que vem de encontro a esse local, ‘Quando trabalhava ao banco de carpinteiro, Jesus fazia tanto a obra de Deus, como quando operava milagres em favor da multidão’. A obra de Deus pode ser feita em todos os lugares e por todos”.
Não pense que essa atividade braçal é algo isolado no ministério desses homens. “Eu sempre participo das construções das igrejas que ergo no distrito. Aliás, pintei muita casa na minha juventude. Meu pai trabalhava na construção civil em Corumbá [MS] e até meus 20 anos isso daqui era meu dia a dia, no solzão de rachar”, lembra o pastor Jonas Padro, enquanto aproveitava o tempo nublado. Ele acrescenta, enquanto pintava uma viga de vermelho e procurando ter precisão de desbravador: “Não basta pregar o amor no púlpito, temos que atuar”, acrescenta.
Logo percebemos que o pastor Apolo Abrascio, presidente da AC, não estava na pintura e perguntamos, “Onde está o pastor Apolo?” e logo uma meia dúzia responde: “Tá lá no fundo capinando com vontade!”. Saímos correndo para o local e vemos outros pastores com ele. “Oi pastor Apolo, está suado heim”, comentamos, e logo ouvimos com a mansidão característica dele a resposta: “Eu trabalhei na roça dos 7 aos 17 anos com meu pai no interior de Minas. Fiz muito isso. A diferença que era mais novo”. E ele logo volta a capinar com força, apesar de deixar escapar de relance a mão com bolhas.
Os pastores ainda conversaram com as crianças da escola sobre violência, família e outros princípios bíblicos. A cada sala que entrávamos era um estilo diferente de abordagem. Na classe onde estiveram o pastor Heber Souza e Cristiano Silva através de risadas, as crianças aprenderem a lutarem por seus sonhos. Em outra sala, o pastor Paulo Lopes contava uma história [testemunho adaptado] para os pequenos e TODOS estavam atentos em um silêncio invejável para a professora.
Percebemos que as crianças eram bem humildes e então fomos procurar a direção da escola, para saber a realidade daqueles estudantes. Logo encontramos a professora Geni Regina da Silva, coordenadora pedagógica, que explica quem são aquelas crianças: “Obrigado por terem vindo [neste momento ela achava que éramos pastores]. Essas crianças tem uma visão distorcida da sociedade. Para ter uma ideia, quando morre um bandido na comunidade onde moram, elas vêm com uma camiseta homenageando o transgressor. Eles precisam de conselhos bíblicos”.
Por isso, nossa reportagem nota que ali, os pastores, que antes de tudo são membros adventistas como eu e você, estavam não apenas pintando paredes, mas reerguendo muitos muros despedaçados no coração daquelas crianças. “Elas ouviam com atenção sobre Jesus. É tão bom fazer a obra de Deus, eu gosto disso. É prazeroso servir ao Rei do Universo, seja em nosso distrito ou pessoalmente para cada criança aqui. Que possamos passar esse sentimento a nossos membros e todos sejam ativos na missão”, finaliza um dos pastores ali presentes, sendo um resumo do sentimento geral dos demais participantes.