Parceria entre Instituto Federal e voluntários adventistas ensina português para haitianos
Aprendizado do idioma facilita adaptação mais imediata no País
Por Paulo Ribeiro
O terremoto de magnitude 7 que atingiu o Haiti em 2010, causou a morte de mais de 200 mil pessoas, e deixou 1,2 milhão de desalojados. Em meio ao caos, restou aos desabrigados escolher um outro país para reconstruir os sonhos. O Brasil foi um dos locais que mais atraiu os imigrantes.
Até o fim de 2016, foram concedidas 67 mil autorizações de residência no país, incluindo temporárias e permanentes, de acordo com um levantamento realizado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH). Na região Sul do Brasil, Santa Catarina figura entre os estados que mais empregam haitianos. Porém, não basta conseguir um trabalho, existem outros desafios enfrentados. Há diferenças na legislação, na cultura, atos de preconceito e, principalmente, o idioma. Os haitianos falam francês, espanhol e o crioulo, o que dificulta a socialização no País.
E para facilitar a aprendizagem do idioma, voluntários da Ação Solidária Adventista (ASA) de Rio do Sul, no interior de Santa Catarina, oferecem apoio ao Instituto Federal Catarinense (IFC) para ensinar língua portuguesa aos imigrantes. O curso A Interação Social e o Ensino da Língua Portuguesa iniciou em 2016, sendo que na última quinta-feira (25) houve a cerimônia de formatura de 70 alunos da segunda turma.
Um dos alunos explica as dificuldades ao se deparar com a língua local: "Quando eu cheguei aqui no Brasil era muito difícil, eu não conseguia falar nem bom dia. Agora melhorou pra mim, eu consigo conversar com qualquer pessoa que fala o português", agradece Jean Chateau durante entrevista concedida a uma emissora de tv local.
Além do ensino
Para o aprendizado da língua, a ASA oferece professores, kits de material escolar e camisetas para as aulas. De acordo com o coordenador do curso, Rodrigo Curvello, a entidade adventista auxilia com outros serviços que vão além do ensino do idioma. "Tem orientações sobre orçamento familiar, legislação brasileira, cuidados odontológicos e doação de alimentos e roupas", conta Curvello.
Segundo a coordenara da ASA local, Ana Luiza Borges, os alunos agradecem muito aos voluntários. "A Ação Solidaria Adventista se propõe em ajudar nesses projetos maravilhosos que fazem o ser humano se sentir mais amado", enfatiza Ana.
Ainda de acordo com os voluntários, a parceria do departamento social adventista com o Instituto Federal Catarinense faz com que alguns imigrantes sintam curiosidade de conhecer mais a respeito da instituição religiosa. Alguns visitam os cultos e se sentem familiarizados ao verem seus professores.
Veja fotos das aulas e da cerimômia de formatura: